Recebi as rosas, e retribuo,partilhando contigo e com "todas as criaturas", este retrato de mulher na poesia de CARLOS DRUMOND de ANDRADE:
Que pode uma criatura senão amar, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar,desamar,amar? sempre e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração espectante, e amar o inóspito e o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
A sua presença, irregular, aqui, constitui, ela mesma, pelas escolhas poéticas que faz,uma homenagem à sensibilidade, à sabedoria, quiçá inerente à mulher....Parabens.
8 comentários:
Bem bonita!
:))
Venho recebê-la...
Linda.
Abraço
:))
Fica à disposição. Abraço para as duas amigas.
Recebi as rosas, e retribuo,partilhando contigo e com "todas as criaturas", este retrato de mulher na poesia de CARLOS DRUMOND de ANDRADE:
Que pode uma criatura senão amar,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar,amar?
sempre e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração espectante,
e amar o inóspito e o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Beijos-Lídia
És a maior, Ginginha! Que poema! ah se eu fosse poeta, assim!
Um amigo
Magnífico, é a palavra..
Ana
Todos os que por aqui vão passando, ficam a dever-te alguns momentos de puro prazer. E viva a mulher!....
Manuela
A sua presença, irregular, aqui, constitui, ela mesma, pelas escolhas poéticas que faz,uma homenagem à sensibilidade, à sabedoria, quiçá inerente à mulher....Parabens.
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