terça-feira, 18 de outubro de 2011

A escolha é dele; o voto é nosso


A escolha é dele, António José Seguro. Será ele a decidir se o PS vota a favor da proposta de Orçamento do Estado, ou se opta por votar contra, ou pela abstenção. 
Não vejo, no entanto, como é que, depois do anúncio da iniquidade e de todas as brutalidades contidas neste Orçamento, pode o PS votar a favor, ou abster-se. Na verdade, mesmo que se entenda que o PS está vinculado ao disposto no memorando da "troika" (e, por acaso, não é o que eu penso, pois suponho que o PS, enquanto tal, nunca assinou o memorando) certo é que o conteúdo da proposta de Orçamento pouco ou  nada tem a ver com as medidas acordadas pelo Governo de gestão com "troika" e  aplaudidas, na altura, pelos partidos hoje no poder. Quero eu com isto dizer que o PS não tem nenhum motivo para, com base no memorando, sujeitar-se a servir de capacho aos dois partidos da direita. Se optar, por qualquer destas soluções (voto favorável, ou abstenção) tal terá o inequívoco significado de que o PS dirigido por Seguro não é diferente do PSD ou do CDS.
Tenho esperança, até porque já o ouvi reconhecer que "As medidas que [Passos] anunciou não são as medidas constantes no memorando da troika, nem representam o caminho que o PS escolheria para Portugal" e acrescentar que “Quando se soma austeridade à austeridade é o caminho errado, é o caminho que a Grécia escolheu" que Seguro tome a decisão certa que é a de votar contra o Orçamento que nos condena à pobreza, por muitos anos. E sem a mais pequena hesitação, a menos que o Governo volte com muitas palavras atrás e remova a iniquidade e  a brutalidade das medidas. 
Qualquer outra atitude significará que Seguro está disposto a seguir o caminho que, por palavras, condena, ou seja, o caminho da Grécia.
A escolha, de facto, é dele, mas o voto, em futuras eleições, é nosso.
(Imagem daqui)