
Lido o texto do discurso na íntegra no sítio oficial da Presidência confirmo a minha primeira impressão. Devo, no entanto, acrescentar que tenho as minhas dúvidas sobre se o Presidente da República pode ir mais longe do que foi, pela razão simples de que se pretender ir além da constatação das dificuldades que o país atravessa (seja por culpa do governo, seja devido à crise internacional) terá que apresentar soluções e isso significaria invadir território da competência do Governo. Ora, cioso como é das suas competências (veja-se o recente episódio sobre o Estatuto dos Açores) não se espere que o PR tenha comportamento diverso em relação aos restantes órgãos de soberania. O PR está, por isso, condenado aos discursos "redondos" a menos que queira usar a "bomba atómica" da dissolução da Assembleia da República.
Mesmo que se entenda que não é necessário que vá tão longe, a verdade é que o PR não pode dar-se ao luxo de criticar directamente o Governo, como pretendem os partidos da esquerda (e os da direita também, certamente) porque, a fazê-lo, teria de tirar daí as devidas consequências constitucionais e iríamos parar ao mesmo ponto.
O título deste comentário "Será que o 5 de Outubro existiu mesmo ?" não tem, no entanto, a ver com o discurso do PR, mas sim com as transcrições que dele foram feitas. Não encontrei nas referências ao discurso uma palavra sobre o que o PR disse a propósito da comemoração do 5 de Outubro, pelo que, num primeiro momento, até julguei que o PR não tinha dito uma palavra sobre o assunto. Verifico, lido o discurso, que o PR não só se referiu à comemoração da data, ainda que brevemente, como, inclusive, não se saiu mal a tal respeito.
Para os órgãos de comunicação social a que acedi é que parece que a comemoração da implantação da República é assunto inexistente. Critérios !
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