O vírus da desconfiança no mercado monetário interbancário, que explica as sucessivas subidas da Euribor, não parece ter nesta altura qualquer base de racionalidade, se considerarmos as garantias dadas pelos bancos centrais (de que não vai haver falta de liquidez) e pelos governos europeus (ao assegurar os depósitos e ao limitar a hipótese de falência dos bancos).
E, no entanto, o vírus propaga-se, afectando, como não podia deixar de ser, outros sectores da economia, com as bolsas de valores a registar sucessivos "afundanços", incluindo hoje, para não fugir à regra. A explicação para o fenómeno da desconfiança inter bancos reside certamente no facto de cada um deles julgar o vizinho pelo que tem dentro de portas: activos tóxicos em que todos alinharam, em maior ou maior grau, na época da euforia.
Seja como for, uma conclusão parece impor-se: ou se verifica uma inversão na atitude dos bancos, ou a desconfiança assumirá proporções de bola de neve. Desconfiança gera desconfiança, como, de resto, já é evidente com as bolsas de valores a cair a pique. A manter-se esta situação, mesmo os "papéis" com valor real passarão a ser contabilizados pelo valor de quinquilharia, com os consequentes reflexos negativos nos balanços.
Por uma questão de simples bom senso, para não verem os seus activos a depreciarem-se dia sim, dia sim, os bancos terão de apostar a curto prazo nos seus pares. É que a crise pode atingir limites tais que, uma vez ultrapassados, não haverá nem bancos centrais, nem governos que valham, nem aos bancos nem a nós.
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