Miguel Carvalho, jornalista do Público não faz a coisa por menos: a demissão do ministro Miguel Relvas constitui, só por si, razão para proclamar que hoje é "Um bom dia para Portugal". Porque Miguel Relvas encarnava, escreve ele, "os principais vícios do Portugal videirinho, matreiro e disposto a todas as cumplicidades, a todas as negociatas e a todas as manobras de poder para fazer carreira."
Estou muito longe de alimentar tanto entusiasmo até porque as perguntas que ele faz ("porquê tanto tempo? Será que só agora Relvas deu conta da falta de “condições anímicas” para continuar? Será que Passos Coelho o manteve em funções apenas para mostrar que é ele quem manda e que não cede à vox populi? Será que a amizade urdida nos congressos laranja e cimentada nos negócios falou mais alto?" continuam por responder.
Daí que me pareça um perfeito contra-senso afirmar que "A decência regressou a São Bento". Como assim, se continuam por explicar as razões por que Passos Coelho permitiu que a novela da demissão de Miguel Relvas se prolongasse por tão largo tempo e se, entre os polémicos negócios em que Relvas esteve envolvido, se contam os da Tecnoforma, onde o seu "parceiro de dança" era, nem mais nem menos, que o ainda primeiro-ministro. Como assim, repito, se os dois (Relvas e Passos) até eram considerados como "irmãos gémeos"? Sendo assim, os vícios de um não serão, mutatis mutandis, os do outro?
A demissão de Miguel Relvas é uma boa notícia, mas "Um bom dia para Portugal? Não exageremos. Com alguma boa vontade poderá dizer-se que foi um dia assim assim. Nos tempos que correm, já não é mau.
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