Segundo Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo (BES) a banca teve "um comportamento espectacular nesta crise".
Olhando só para o BES e para os resultados do exercício referente ao ano findo, resultados que representam uma subida dos lucros da ordem dos 29,8 por cento, até se poderia concordar com Ricardo Salgado. Só que, para se avaliar o comportamento da banca durante a crise, temos que encarar tais lucros noutra perpectiva que é o do seu reflexo na economia em geral.
De facto, se os lucros da banca engordaram, tal só foi possível à custa do emagrecimento dos restantes sectores, pois aumentos de tal magnitude só podem ser fruto do aumento dos custos do financiamento concedido às empresas e aos particulares.
Vendo as coisas pelo lado da economia em geral, tais lucros podem ser, de facto e de per si, espectaculares. Quanto ao comportamento da banca, diria que muito pelo contrário.
1 comentário:
Teremos de desconfiar dos actuais lucrs da Banca.
Num ciclo normal, se 10% das empresas a quem o Banco emprestou dinheiro não pagarem nem os juros nem o capital, este facto vai reflectir-se nos lucros do Banco que serão afectados e reflectirão essas perdas.
Num ciclo de crise como o actual o comportamento da Banca perante o incumprimento de mais de metade das empresas vai ser este: A Empresa devia reembolsar o Banco no fim do empréstimo pagando o capital e os juros, mas não o consegue fazer.
É claro que o Banco vai fazer uma espécie de roullement da dívida ou seja no vencimento o capital soma aos juros e capitaliza ficando a anterior dívida de 100 em 120.
Em termos de balanço, o Banco apresenta um lucro de 20.Tudo muito sólido...
Atenção: os lucros destas épocas têm de ser muito bem lidos porque pode ocorrer que ao cabo de 2/3 anos o Banco tenha de apresentar um prejuízo muito grande se o país não arrancar.
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