"(...)
2. Ninguém pode queixar-se: de cada vez que o presidente da República fala, temos assunto para dias. Mais uma vez, assim aconteceu. O discurso do Ano Novo agradou ao PSD e ao PP, porque ali encontraram conforto para a sua política de austeridade e a recusa de uma "crise política"; agradou ao PS, porque o presidente enviou o Orçamento para o Tribunal Constitucional e porque, dizendo que sim ao "forte" aumento de impostos, afirmou que esta política é insustentável a prazo e utilizou a expressão mágica "espiral recessiva"; e pelas mesmíssimas razões desagradou a todos, aqui se incluindo o BE e o PCP. Daqui vem uma enorme vantagem para o presidente. No futuro, e como vem sendo hábito, sempre afirmará: eu bem disse. Porque o seu "bem disse" será, consoante as circunstâncias, o que muito bem lhe aprouver. O discurso do presidente é, politicamente, como o catálogo do IKEA: nele, cada um (incluindo o presidente) sempre encontrará a travesseira que lhe faz falta ou o candeeiro que fica bem na sala.
(...)"
(Azeredo Lopes; "Os invisíveis, o presidente IKEA e lamechices várias"; Na íntegra: aqui)
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