Ao contrário do que se poderia supor, por ser assunto na ordem do dia, não estou a falar do badalado "regresso aos mercados", um sucesso, no dizer de governantes, de banqueiros e de outros beneficiários da árvore das patacas, como Catroga, embora, pessoalmente, não tenha ainda conseguido descortinar em que se traduz tal sucesso a não ser que se considere que o sucesso reside num maior endividamento a uma taxa de juro que é superior à média que o país já está a pagar.
Deixemos, entretanto, esse assunto de parte para tratar do tema que aqui me traz e que tem também a ver com um regresso que mostra até que ponto vai a falácia do apregoado sucesso.
Precisando: refiro-me ao regresso às suas casas ou às casas dos seus familiares por parte das pessoas mais idosas entretanto recolhidas em lares e noutras instituições de acolhimento, regresso que é motivado pela necessidade de as famílias se socorrerem das pensões dos seus membros mais idosos, normalmente magras, mas ainda assim necessárias para minorar as dificuldades enfrentadas por um cada vez maior número de agregados familiares.
Não estou a inventar uma história. A descrição desta situação ouvi-a, num canal de televisão, da boca de duas personalidades ligadas à Igreja Católica, sendo uma delas o presidente da Cáritas Portuguesa, entidade que julgo ser insuspeita de parcialidade em relação às forças políticas no poder.
Será que quem fala de "sucesso" a propósito do dito "regresso aos mercados" consegue pôr os olhos nestas realidades e noutras semelhantes que são tantas que seria fastidioso referi-las aqui? Por certo que não, pois que se o fizessem, numa altura em que a multidão dos que estão desempregados e dos que auferem salários de miséria não pára de aumentar, dar-se-iam conta de que falar em sucesso, soa quase a insulto dirigido a quem passa por enormes dificuldades.
Compreende-se, no entanto, que assim seja, pois tal gente vive num mundo bem diferente. Um mundo em que palavras como pobreza, desemprego e miséria não fazem sequer sentido. No "mundo" deles, a economia não decresce. Pelo contrário, a economia medida pelos seus rendimentos que, por sinal, têm vindo a aumentar, até se pode dizer que é pujante e, claro, no "mundo" deles, o empobrecimento forçado a que a generalidade da população tem vindo a ser sujeita é, naturalmente, um sucesso. Mas deles e só deles.
(Título reeditado)
(Título reeditado)
2 comentários:
Excelente Meu Caro.
Abraços
Já agora algumas perguntas que considero relevantes:
- Houve alguma necessidade extraordinária de financiamento do Estado, neste inicico do ano orçamental? se sim, porquê?.Se não, qual a aplicação prevista para os fundos captados, sendo certo que do empréstimo resulta a subida da dívida e do défice, por via dos encargos financeiros?
-Quem foram os investidores? bancos? faz sentido. refinanciam-se no BCE a 0,75%, logo têm uma margem financeira de quase 4,25%, com baixíssimo risco. Se foram outros, como os hedge funds, então é interessante conhecer se fizeram a cobertura do risco com CDS, isto é se estão a especular contra a dívida.
vamos ver as taxas dos CDS.
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