terça-feira, 26 de março de 2013

A viver de equívocos

Ocupado em recolher imagens de espécies da flora portuguesa, nem tempo tenho tido para comentar as últimas novidades.
De facto, nem uma nota sobre os últimos desenvolvimentos da desastrada intervenção da troika em Chipre intervenção que, para além da imediata implosão da economia cipriota, traz no bojo uma crescente desconfiança no sistema financeiro europeu, em particular, nos países sujeitos a resgate.
Nem tão pouco uma palavra sobre o reaparecimento público do ex-primeiro-ministro José Sócrates que, mesmo antes de se concretizar, já pôs em pânico muito boa gente (ou nem por isso) que lá terá as suas razões que estão, seguramente, longe de ser as melhores. 
E nem sequer um breve comentário sobre  o lento esboroar (demasiado lento, quanto a mim) da Comissão Liquidatária que alguns, por manifesto equívoco, continuam a designar por governo do país, com Passos Coelho cada vez mais pressionado pelo parceiro da coligação a proceder a uma profunda remodelação no governo, o qual, não por acaso, acaba de sofrer mais uma baixa. A de Almeida Henriques, secretário de Estado adjunto da Economia, saída que vai ter como imediata consequência deixar o ministro Álvaro cada vez mais só a falar para as paredes.

Para compensar tão longa ausência, deixo aqui uma das últimas "descobertas" efectuadas durante os meus trabalhos de campo: uma espécie designada por Scilla peruviana, designação científica que é ela também fruto de um equivoco que explico noutro local.
Atendendo ao epíteto específico, somos levados a crer que a planta seria originária do Peru, quando, afinal, se trata de uma planta nativa do Sudoeste europeu (Portugal incluído) e do Noroeste africano. Mas a prova de que somos mesmo um povo de equivocados ou que apreciamos viver de equívocos é que, na linguagem vernacular, a espécie é designada em Portugal por "Albarrã-do-Peru" e "Cila-do Peru", quando, por exemplo, em língua inglesa, a planta é designada por Portuguese Squill e em Espanha é também conhecida pela designação de jacinto portugués. Curioso não é?
Mas fiquem-se com a dita, que é uma beleza. Acho eu.


2 comentários:

nascimento ribeiro disse...

Obrigado meu caro Francisco. valeu a pena esperar para ver o resultado do seu trabalho sobre a flora portuguesa.
bem Haja.
Abraços
ANR

Anónimo disse...

Vale bem mais a pena ver estas fotos do que as desgraçadas decisões da UE, Francisco.
Gostei!