quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

"Desinformação, calúnia e difamação"

Para fazer estas afirmações ( "Que não se caia no maior pecado da comunicação: a desinformação, dizendo apenas uma parte, a calúnia, que é sensacionalista, ou a difamação, procurando coisas já ultrapassadas, antigas, e trazendo-as à atualidade. Estes são pecados gravíssimos, que destroem o coração do jornalista e das pessoas") o Papa Francisco anda a ler, a ver e a ouvir a comunicação social portuguesa, concluo eu.
E daí talvez não, pois o Papa Francisco não chegou a referir-se a notícias mentirosas que é coisa muito em voga por cá.
(Imagem e notícia daqui)
(reeditado)

Uma história de sucesso!

Por muito que doa à direita ressabiada (de Passos Coelho e da Cristas) é de Portugal e do seu ministro das Finanças, Mário Centeno, que estão a falar:  "Centeno nomeado para a presidência do Conselho de Governadores do MEE".
(Imagem e notícia daqui)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Quando "o silêncio é de oiro"

O dito segundo o qual "o silêncio é de oiro" nem sempre se mostra acertado, porquanto não faltam ocasiões em que se torna imperativo o falar. Certo, porém, é que a referida máxima faz todo o sentido sempre que alguém ensaia o abrir da boca para dizer disparates.
Quem ultimamente tem dado provas de que não conhece o provérbio é a presidente do CDS/PP, Assunção Cristas, que, com demasiada frequência, vem usando da palavra, quando, a meu ver, o aconselhável seria guardar um discreto silêncio.
Vêm estas considerações a propósito da afirmação da líder do CDS acerca da recente decisão da agência de notação financeira Fitch de retirar a dívida soberana de Portugal da categoria "lixo", elevando-a à categoria de investimento. Diz a sobredita Assunção Cristas, tentando, com a afirmação, desvalorizar o mérito do actual Governo que "o resultado poderia ter sido alcançado mais cedo, se o Governo fosse outro".
Como a afirmação é, pela natureza das coisas, de demonstração impossível, forçoso é concluir que rigor e seriedade não fazem parte da idiossincrasia da citada dirigente. Acresce que a imponderação de que a líder do CDS dá provas com a afirmação proferida, suscita de imediato uma réplica que não a favorece. Muito pelo contrário. De facto, se é sempre possível dizer que um outro hipotético Governo poderia ter conseguido o mesmo resultado mais cedo, do que não há dúvidas é que tal Governo nunca poderia ser igual ao (des)governo PSD/CDS de que a própria Assunção Cristas fez parte, visto que, tendo-se perpetuado no poder durante mais de quatro longuíssimos anos, não conseguiu o objectivo que o actual obteve em menos de metade do tempo.
Não é, seguramente, com afirmações deste tipo que a dirigente do CDS/PP chegará tão cedo ao (por ela) ambicionado cargo de primeira-ministra, para o qual, manifestamente, não está preparada, dada a imaturidade de que vem dando provas. Provavelmente, apesar da impetuosidade imprimida à corrida, tal só acontecerá quando as galinhas tiverem dentes.
É no que acredito.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Farelo do mesmo saco

Lendo e ouvindo o que os que os candidatos à liderança do PSD têm vindo a dizer, até parece que não têm mais nada para discutir a não ser o número de debates a realizar entre eles e qual a estação televisiva onde terão lugar, questão que, imagine-se, tem vindo a merecer a atenção dos candidatos desde a primeira hora e que, pelos vistos, continua por resolver. 
Dada a forma como a campanha tem vindo a decorrer, (o que tem relevado são tricas e não temas relevantes) não admira que a mesma não tenha suscitado até agora grande entusiasmo mesmo junto dos militantes do partido a quem caberá a escolher o próximo líder, afirmação que pode sustentar-se no facto, já conhecido, de os militantes em condições de poderem votar serem em número inferior ao das anteriores eleições para o mesmo cargo.
É verdade que os candidatos em presença são personalidades diferentes e nesse aspecto distinguem-se bem. No entanto, na falta ideias de que têm dado mostras durante a campanha, assemelham-se o bastante para que se possa dizer, que "são farinha farelo do mesmo saco".
(Na imagem: Rui Rio / Santana Lopes; Creditos:. D.R. / Reuters)
(Título reeditado)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

"Pedaços de asno"

« (...)Um bom ministro das Finanças, como sabemos, nota-se pelo falar lennntooo, nunca pelo sorriso de parvo. Mas, sendo nós gente educada, nunca ninguém fez saber a Mário Centeno que ele tinha sorriso de parvo. Passos Coelho, da primeira vez que o ouviu no Parlamento, ficou com os ombros numa tremideira de riso contido pelo sorriso parvo do outro, mas lá se aguentou. E foi então que uma notícia absurda, mais que fake news, surgiu: Centeno era candidato a presidente do Eurogrupo!!! José Gomes Ferreira topou o desconchavo: "Sendo que este assunto só é notícia em Portugal porque é que só o governo fala disto?" Não liguem à falta de lógica, mas reparem no legítimo desprezo pelo sorriso parvo. Mas foi o candeia nacional Marques Mendes que nos iluminou. Centeno no Eurogrupo? "Mentira de 1.º de Abril... Campanha de autopromoção... É o seu ego... A sua vaidade... Está deslumbrado... Inchado... Muito inchado... Não há uma única alma lá fora que fale de Centeno... É um bocadinho ridículo uma pessoa assim a oferecer-se..." Ontem, Centeno foi eleito presidente do Eurogrupo. O que vai fazer amanhã? Não sei. Mas ontem soube o significado do sorriso parvo: esteve sempre a rir-se dos pedaços de asno
(Ferreira Fernandes: "O sorriso de parvo de Centeno". Na íntegra: aqui.)

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Uma boa/má/péssima notícia

A eleição do ministro das Finanças de Portugal, Mário Centeno, como presidente do Eurogrupo só pode ser considerada, do meu ponto de vista, como uma boa/excelente notícia. E nem sequer haverá necessidade de recorrer a grandes considerandos para tal se concluir. Bastará a certeza de que esta eleição vai reforçar a credibilidade externa de Portugal, com reflexos benéficos, quer no plano das finanças públicas, quer no plano da economia. É expectável, com efeito, que, em consequência e salvo alguma outra alteração de circuntâncias de sinal contrário, se  mantenha e até se acentue a tendência que nos últimos tempos se tem vindo a verificar no sentido da descida da taxas de juro incidentes sobre a dívida pública, sendo por outro lado legítimo esperar que se assista a um aumento significativo do investimento estrangeiro. 
Sabe-se o quanto é importante a diminuição das taxas de juro atendendo à dimensão da dívida pública portuguesa e também é sabido que, sem investimento, incluindo o estrangeiro, a economia portuguesa não poderá crescer ao ritmo que é possível e desejável. Dir-se-ia, pois, que não faltam razões para festejar a eleição de Centeno, ainda que sem injustificados optimismos.
Estranhamente, porém, alguma esquerda, com destaque para o PCP e para o BE,  não mostram nenhum entusiasmo com tal eleição. Muito pelo contrário, se atentarmos nas declarações vindas dum lado e doutro sobre o assunto, o que, de facto, não é muito compreensível. É que, se é verdade que a eleição de Mário Centeno, só por si, não significa uma reviravolta completa na política de austeridade defendida e seguida, até agora, pela maioria dos países do Eurogrupo, não é menos certo que alguma mudança em sentido contrário está fazer o seu caminho. A eleição de Centeno é, seguramente, um passo nessa direcção. Com efeito, sem uma mudança de orientação, Mário Centeno a presidir ao Eurogrupo não seria hipótese, nem possível, nem concebível. 
Essa era, precisamente, a ideia dos políticos e comentadores conotados com a direita que, ao longo de meses, se entretiveram a fazer troça com o caso, logo que a hipótese de candidatura do ministro das Finanças surgiu na imprensa. 
Não admira, por isso, que a direita veja no êxito da candidatura de Centeno uma péssima notícia. Com toda a razão, diga-se. É que a eleição em causa tem, de facto, o valor de uma certidão de óbito. Da TINA, precisamente. 
A direita tem plena consciência desse significado. Essa é, aliás, a razão pela qual políticos e comentadores de direita se têm desdobrado, nos últimos dias, em exercícios vários de contorcionismo. É um facto que se tem visto de tudo um pouco: desde políticos tão "clarividentes" como Santana Lopes e Rui Rio que na eleição de Centeno até conseguem ver a mão do governo Passos/Portas, até comentadores, como o Gomes Ferreira da SIC, que aqui tomo como expoente, que antes juravam que a política do actual Governo era a via mais rápida para um novo resgate, e que agora afiançam que o actual Governo mais não faz do que prosseguir a política de austeridade do governo da direita (de execrável memória)  da responsabilidade da dupla Passos/Portas.
Esta gentinha sabe perfeitamente que não é assim, pois não ignora que onde o governo Passos/Portas cortava salários, pensões, subsídios de férias e de Natal, o Governo actual repõe. E também sabe que, ao invés do  governo austeritário da direita, que brindou o país com um "colossal aumento de impostos", no dizer do próprio Vítor Gaspar, o ministro das Finanças na altura, o actual tem vindo, ainda que paulatinamente, a diminuí-los. 
Não vale a pena continuar a enumerar diferenças, tantas elas são e nem tal gente precisa que lhas recordem, pois, por alguma razão,  tanto se tem esforçado em denegrir a acção do Governo, ao longo dos dois anos que este leva de exercício. E, em boa verdade, também não vale a pena gastar "cera com tão reles defuntos", visto que tal gente não emite tão disparatadas opiniões devido a um qualquer equívoco. Tais opiniões são apenas fruto de mentes intelectualmente desonestas. Isso sim. 
(Foto: ANDRÉ KOSTERS/LUSA)

sábado, 25 de novembro de 2017

INFARMED: Quem é que anda à procura de lenha para se queimar?


A decisão de transferir a sede do INFARMED para o Porto é, nas actuais circunstâncias e a todas as luzes, um completo disparate. Outro galo cantaria, adiante-se desde já, se a candidatura do Porto à instalação da sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA) tivesse sido coroada de êxito. Não foi o caso, como se sabe, pelo que a mudança da sede do dito Instituto para o Porto não só deixou de fazer sentido, como se revela completamente absurda. Com efeito, se é certo que a mudança não traz qualquer benefício para o país, como parece  evidente, também não há a mínima dúvida de que a transferência tem custos de não pequena monta. Desde logo, os inerentes à transferência, que não serão tão poucos como isso, pois fala-se em dezenas de milhões de euros, mas também e sobretudo os associados ao refazer das suas vidas por parte de centenas de funcionários que, do pé para a mão, se verão obrigados a mudar de casa. Eles e as famílias.
Com algum sentido de humor, até se poderia pensar que o Governo, na falta de problemas para resolver, achou por bem ser ele próprio inventar um para se entreter. Ora, é sabido que problemas para (e por) resolver é algo que não falta a este Governo, pelo que a decisão em causa, para quem a encare com objectividade e sem bairrismos só pode ser vista como incompreensível.
Tão incompreensível que, ao que noticia o "Expresso", até o "Governo já começou a recuar". A ser verdade o noticiado, com a mudança da sede, no Porto passarão a funcionar "sobretudo os serviços administrativos e de suporte". Em Lisboa manter-se-ão "os laboratórios e os serviços mais especializados". A ser assim, diria eu para abreviar, que a emenda é pior do que o soneto. Pior que errar é não admitir o erro e tentar disfarçá-lo. 
Um duplo erro que faz pensar que alguém no Governo (António Costa?) anda à procura de sarna para se coçar. Ou será de lenha para se queimar?
(Foto:PEDRO ROCHA / LUSA)

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Tecnoforma. Já ouviu falar?


"“Fraude”, concluiu o OLAF"
Já ouviu falar disto?
Pergunto, porque uma alegada fraude com fundos provenientes do Fundo Social Europeu que monta a  6.747.462 euros não merece, ao que tudo indica, o menor interesse por parte da generalidade da comunicação social. Com ressalva, obviamente, do Público que foi quem levantou a lebre. 
Tal dever-se-à ao facto de a fraude ser imputada à Tecnoforma, empresa de que Pedro Passos Coelho foi consultor e administrador ?
Pergunto. E perguntar não ofende, pois não?
(Foto de Rui Gaudêncio retirada do texto linkado supra)

"Parque Escolar - Os truques da acusação"


José Sócrates exercitando o seu direito ao contraditório.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Arte pública em Vila Nova de Milfontes

 

Estátua em metal reutilizado
Título: Arcanjo
Autor: Aureliano Aguiar
Data: 2007
Significado:  " Um grito, um alerta ao planeta que se desfaz, derrete. A dor ou a raiva e o desejo de salvar (ou arremessar?) o planeta que se degradou pela mão de humanos. Um apelo ecológico"(Fonte)

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Ir por lã e sair chamuscada

É o que antecipo que irá acontecer à líder do CDS/PP, Assunção Cristas (na imagem), com a iniciativa de apresentar na Assembleia da República uma moção de censura ao Governo, na sequência dos incêndios que têm devastado o país. Antecipo e desejo.
Como ela e o seu partido não estão isentos de responsabilidade no que respeita ao objecto da moção de censura (muito pelo contrário) lenha (*) para se chamuscar, enquanto ex-ministra da Agricultura do governo Passos/Portas, é coisa que não vai faltar. Espero bem.

(*) Uma pequena acha: «Julho de 2012, Catraia, Tavira... Era então Ministra da Agricultura Assunção Cristas... Aquele que foi considerado até este ano o maior incêndio ocorrido em Portugal, devastou 24 000 hectares da Serra do Caldeirão, atingindo os concelhos de São Brás de Alportel e de Tavira, percorrendo mais de 30 km, só parando quase às portas daquela cidade. felizmente não houve vítimas. O relatório elaborado então por Prof. Domingos Xavier Viegas apontou falhas graves na coordenação e combate, erros na percepção e análise do incêndio e falhas estruturais da estrutura de defesa da floresta e falhas nas comunicações (menos no SIRESP)..» (Luís Brás)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Bem prega "frei" Marcelo !

Depois de estabilizados dos fogos deflagrados nos últimos dias e feito "o balanço da tragédia", Marcelo Rebelo de Sousa,  falou hoje ao país, conforme tinha sido anunciado em  nota previamente publicada no "site" da Presidência da República.
Para ser franco, acho que Marcelo, num discurso que não me pareceu particularmente bem construído, não foi além do expectável do "Presidente dos afectos" e se alguma crítica lhe pode ser feita, do meu ponto de vista, é essa precisamente.
É que na nota citada renova-se o apelo "a uma mudança de ponto de vista, traduzida em atos e não em palavras", apelo que é naturalmente dirigido ao Governo, eventualmente também à Assembleia da República, mas que vincula igualmente quem o faz, sob pena de incoerência.
Ora, com o discurso que acaba de fazer, não parece que Marcelo tenha passado da palavra aos actos. Demonstrações de afecto, pedidos de desculpa caem sempre bem, e melhor ainda quando partem de alguém que exerce as funções de Presidente da República, mas a este, enquanto tal, tem que se exigir mais. Se está correcta a interpretação de quem afirma que nas palavras de Marcelo está implícita uma clara censura ao Governo, então Marcelo deveria, seguindo o seu próprio apelo, passar da palavra aos actos e usar dos poderes que a Constituição lhe confere, dissolvendo a Assembleia da República, ou porventura, demitindo o Governo, observando naturalmente o que a Constituição estatui, num caso e noutro, arcando também, obviamente, com os (elevados) custos inerentes a qualquer das hipóteses.
Limitar-se a esperar que a "Assembleia da República clarifique se quer ou não manter em funções o Governo" é, quanto a mim, fazer de frei Tomás.
Não estou com isto a dizer que Marcelo deveria ter agido desta ou daquela forma. O que pretendo significar é que nem sempre o que se nos afigura como o mais adequado ou o mais conveniente está ao alcance da mão. De quem quer que seja. Marcelo incluído. 
(Imagem daqui)

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Quem gosta de ser enganado?

"Há uma coisa impossível de explicar a um jornalista. Na realidade, ela pode ser explicada a um jornalista e qualquer jornalista a consegue entender. Mas não a consegue usar no seu trabalho, que exige respostas e soluções simples e tão rápidas como as suas notícias. Essa coisa foi a que António Costa disse ontem: não só não pode garantir que o dia de ontem não se vai repetir como é seguro que, de alguma forma, vai acontecer de novo. O que o jornalista não pode compreender é que a resposta a um problema realmente importante é muitíssimo mais lenta do que o seu trabalho. É como pedir a um pugilista que jogue xadrez. Com luvas. Mas isso não pode determinar as decisões tomadas pelos políticos.(...)
(Daniel Oliveira: "Incêndios: claro que se vai repetir. Durante anos". Fonte)

Quem diz jornalista, diz outra pessoa qualquer. Quantos não ouvi já hoje lamentar que António Costa não tenha garantido que não voltará a haver incêndios com a gravidade e a dimensão dos que, este ano, têm ceifado vidas, devorado casas e florestas?
Não será, no entanto,  bem evidente que só com enorme demagogia é que uma tal afirmação poderia ser feita? Pois não é também claro que, como salienta Daniel Oliveira na peça citada, os problemas que  estão na base da dimensão das tragédias não se resolvem dum dia para o outro?
Quem é que gosta de ser enganado? Eu não. 

Não prescindo, no entanto, da exigência de serem tomadas, com a maior urgência, medidas, designadamente no âmbito do ordenamento do território, que evitem, no futuro, tragédias com a gravidade e a dimensão das que temos vivido.

Depois deste ano, nada poderá ficar como antes”, disse António Costa, já hoje. Espero que sim. De facto, repito, não gosto mesmo nada de ser enganado.

Finalmente a chover.

E bem.
Demorou a chegar, mas chegou.
Que belo tempo! E que alívio!

sábado, 14 de outubro de 2017

Acusação feita, sentença lida

«Escrevem os jornais, todos, e dizem as televisões, todas, que o Ministério Público quer que o Sócras seja impedido de exercer cargos públicos durante 5 anos "depois" de condenado. Não é "se", é "depois".» (Fonte)
Comunicação social: julgamento para quê ? Para esta espécie de gente um processo-crime é tal qual um chouriço: basta atar e pôr ao fumeiro.
Tenham vergonha!
(Reeditado)

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

O diabo é isto...


Para a direita, claro!
Que raiva!

(Estudo de opinião efetuado pela Eurosondagem para o Expresso e SIC)

João Miguel Tavares, humorista?

"Não se enganem: aquilo que ficámos a conhecer não foi a acusação de José Sócrates, mas a acusação de um regime inteiro. " 
(...)
"Contudo, o julgamento que se aproxima não pode esgotar-se nele. É sobre Sócrates, sobre Salgado, sobre Vara, sobre Bava, sobre Bataglia, e sobre um regime construído por inúmeros ex-socratistas, que agora saem de cena na esperança de que esqueçamos o papel que desempenharem [sic] ao longo dos anos. Eu não esqueço. Aqui estarei para lembrar que Sócrates não ascendeu sozinho, não governou sozinho e, acima de tudo, não merece cair sozinho."
Que o caso se presta a tratamento humorístico não sofre dúvida, visto que o "Imprensa Falsa " também elaborou uma piada sobre o tema: "Operação Marquês: Jovens que receberam computadores Magalhães também vão ser acusados". Não garanto. porém, que a intenção de João Miguel Tavares tenha sido a de fazer humor. Porém, se excluirmos a hipótese de  estarmos perante  uma tirada humorística, então  a crónica donde respiguei os extractos supra, ao ir tão longe ao ponto de englobar na acusação "um regime inteiro", só pode ser vista como resultado de súbita alucinação. Temporária, espero.
(imagem e citações daqui

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma

Ontem escrevi, nestas páginas, um comentário sobre a anunciada candidatura de Pedro Santana Lopes à liderança do PSD, com o título "Insondáveis são os desígnios de Santana". 
Hoje, tendo acabado de ouvir o discurso de apresentação de candidatura à mesma liderança por parte Rui Rio e tendo, muito sinceramente, ficado sem saber ao que vem, tenho de dizer, para não discriminar Santana Lopes (que não me merece menos consideração que o seu rival nesta corrida),  que se os desígnios deste são insondáveis, os de Rui Rio não são menos imperscrutáveis.
Para dizer toda a verdade, acho que nem um, nem outro, são portadores de projectos com capacidade para entusiasmar os militantes e menos ainda capazes de motivar o eleitorado. 
Veremos, como diz, esperançadamente, o cego.
Entretanto, para minha ilustração e comentário adicional, respigo do "entusiasmante" discurso de Rui Rio o que segue: 
"O PSD não é nem será um partido de direita" (A esta hora, deduzo, o militante do partido e  candidato à Câmara de Loures, André Ventura, já não deverá constar dos ficheiros do partido. Ou será que um indivíduo que defende a pena de morte e a prisão perpétua, não sendo de esquerda,  como é sabido, pode perfeitamente ser do centro?)
"Na política, como na vida, palavra dada deve ser palavra honrada".(O dito é feliz, mas infelizmente,  não é original. Aliás, ainda estará para aparecer um político, ou candidato a tal, que se permita anunciar o contrário.)
"Para o PSD, este será o primeiro dia da sua caminhada para a reconciliação com os portugueses. Mas, para Portugal, este terá de ser, acima de tudo, o princípio do fim desta coligação parlamentar que hoje, periclitantemente, nos governa".(Que assim não seja, rogo eu a todos os sant@s e santinh@s da vossa devoção.)
(Foto Paulo Novais/lusa. Foto e citações: daqui

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Insondáveis são os desígnios de Santana

Não consigo imaginar o que pode motivar Santana Lopes a concorrer à liderança do seu partido (o PPD/PSD, como ele gosta de o designar), sobretudo sabendo que já desempenhou essas funções, não se podendo dizer que esse período da sua vida, durante o qual exerceu também as funções de primeiro-ministro, depois da debandada de Durão Barroso rumo a Bruxelas, tenha sido particularmente feliz.  Quem não se lembra da metáfora da incubadora?
Sem dúvida que a presença de Santana Lopes dá outro colorido a qualquer disputa e neste caso é expectável que tal aconteça pois não há dúvida que Pedro Santana Lopes é um político pouco ou mesmo nada convencional. Passa por ser um sedutor que, alegadamente, peca por ser demasiado instável. Dele, nesse sentido, se poderá dizer, com alguma verdade, que só estará bem onde não está. Tal não lhe dá, obviamente, nenhuma vantagem competitiva na corrida em questão. Eu diria até que muito pelo contrário.
Não se conhecendo, nem bem, nem mal, qual o programa que Santana Lopes vai submeter à apreciação dos seus companheiros, também  não é possível saber quais as linhas com que se coze, nem quais as mais-valias que poderá trazer ao partido.
Tratando-se de quem se trata, uma personalidade tão imprevisível, não sei se a sua candidatura à liderança não será apenas uma forma de fazer prova de vida, ou seja, uma prova de que, como anunciou em tempos que já lá vão, continua a andar por aí. Se for o caso, a primeira promessa, já bem antiga, já Pedro Santana Lopes a cumpriu.
(imagem daqui)

O complexo da rã no CDS

Durante o último debate quinzenal, no Parlamento, Jerónimo de Sousa dirigindo-se à líder do CDS-PP, que, de tão emproada com o resultado obtido na eleição para a Câmara Municipal de Lisboa, ainda se arrisca a rebentar pelas costuras, lembrou-lhe, com toda a propriedade, a fábula da rã que que queria ser boi.
Ao que parece, no CDS, a mania das grandezas não está a afectar apenas Assunção Cristas. De facto, João de Almeida, porta-voz do partido (que, não contando com as coligações, não obteve mais que 2,60% dos votos nas recentes eleições autárquicas) também já se sente com força para afirmar que o seu partido se deve assumir como alternativa ao PS.
"Com o sentimento de responsabilidade que temos, com a elevada fasquia que resulta desse resultado eleitoral, entendemos que o CDS se deve assumir como alternativa a esta governação, deve querer, e quer, representar todos aqueles que não se reveem nesta governação do PS, apoiada pelo BE e pelo PCP"- assim falou o porta-voz (na imagem).
Convém lembrar a um João de Almeida a pôr-se em bicos de pés que o complexo da rã que queria ser boi afecta igualmente outros batráquios e que idênticos são riscos: de tanto incharem, a rã e demais batráquios acabam por estoirar.
(Foto: ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA. Daqui)

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Passos Coelho tem lepra ? (Uma caixinha de surpresas com cenas pouco edificantes)

(Foto Miguel Manso / Público)
Surpresas é algo que não tem faltado no processo desencadeado na sequência da renúncia à recandidatura à liderança do PSD anunciada por Passos Coelho, no dia posterior às eleições autárquicas, numa atitude que se louva, embora, manifestamente, tal anúncio não fosse minimamente expectável face a declarações feitas anteriormente pelo mesmo Passos Coelho. A renúncia à recandidatura constitui, pois, ela própria, uma surpresa. A primeira, por sinal, mas, passe o pleonasmo, não tão surpreendente assim, visto que o vezo de Passos Coelho em dar o dito pelo não dito já vem de longe. Diria mesmo que tal comportamento faz, desde sempre, parte da sua idiossincrasia como político.
Mas surpresas, e de tomo, continuam a surgir em catadupa. Desde logo as desistências de personalidades apontadas como favoritas a substituir Passos Coelho, como Luís Montenegro, primeiro e Paulo Rangel, depois. Sobre as razões invocadas por um e por outro, já me pronunciei noutro post e não tenho razões que me levem a rever a opinião então manifestada. Muito pelo contrário. A leitura de alguma imprensa de fim de semana só contribuiu para cimentar a ideia de que a decisão de qualquer deles baseou-se tão só em calculismo e numa grande dose de  cinismo.
A meu ver, o PSD não perdeu nada com tais desistências e o país muito menos. Não percamos, pois mais tempo com tão fracas figuras, porque, ou eu me engano muito, ou qualquer deles passou à história com letra pequena. Isto, claro, se no PSD ainda restar alguma capacidade de memória e noção de dignidade, como suponho.
Para variar, há que reconhecer que surpresa não será a candidatura de Rui Rio, candidatura há muito falada e que, ao que dizem as crónicas, vai ser anunciada formalmente em Aveiro na próxima quarta-feira. Que assim seja!
De surpresa poderá voltar a falar-se, se a candidatura de Pedro Santana Lopes avançar, hipótese que, ao que garante o comentador televiso agora frequentemente apelidado de "bruxo de Fafe", continua em cima da mesa e que, a concretizar-se, trará algum colorido à disputa. As hipóteses de êxito de Santana Lopes, face a Rui Rio, parecem francamente diminutas. Ou, porventura, nenhumas, se estiver certo o dito segundo o qual "a mesma água nunca passa duas vezes por baixo da mesma ponte". Considerações desta natureza não serão, porém,  suficientes, nem de molde a esmorecer a vontade de Santana Lopes em se candidatar, se sentir que continua a ter algum apoio nas bases, como parece ser o caso,  porque Pedro Santana Lopes é um D. Quixote com sotaque português, para quem não há impossíveis.
Outra eventual surpresa seria a confirmação como candidato de um ilustre desconhecido  que ultimamente tem vindo a ser falado por diversas personalidades do partido,  que responde pelo nome de Miguel Pinto Luz. Que seja!
A grande surpresa, porém, a que assume a natureza de autêntico escândalo reside no facto de nenhuma figura das mais gradas pertencentes ao círculo dos colaboradores próximos de Passos Coelho se ter mostrado disposta a defender o legado político de Pedro Passos Coelho, que, estando de partida é, no entanto, um líder que só deixará de o ser por sua única e exclusiva vontade, ainda que pressionado pelas circunstâncias, como é evidente.
Não tenho por Passos Coelho (e nunca o escondi) nenhuma consideração, nem como político, nem sequer (ai de mim!) como pessoa. Também não considero que o seu legado, se algum deixa, mereça ser preservado. Isto, porém, é o que eu penso. Bem diferente teria de ser, como é óbvio, o entendimento dos que ao longo de mais de seis anos, no governo ou na oposição, passaram o tempo a exaltar a política de austeridade "custe o que custar" e medidas como a da redução do peso do Estado na economia, com a venda a pataco de tudo quanto era empresa pública; ou as que se traduziram em cortes de subsídios de férias, de salários da função pública e de pensões; ou na desvalorização do salários dos trabalhadores do sector privado e na precarização do trabalho assalariado. Etc. etc. etc. Esta política e estas medidas eram aplaudidas entusiasticamente por todos quantos volteavam em  redor de Passos Coelho.
Como se compreende, pois, que entre tanta gente, não apareça, agora, ninguém disposto a defender, desde logo na arena partidária, a excelência de tal política? 
Será que, como Saulo de Tarso, caíram subitamente do cavalo e viram finalmente a luz? Como não acredito em milagres, as explicações continuam por aparecer e não há dúvida de que os esclarecimentos em falta deveriam de partir de pessoas com especiais responsabilidades durante o passismo, como Maria Luís Albuquerque (na imagem supra), apontada, durante muito tempo, como sucessora natural de Passos Coelho, ou Marco António Costa (na imagem infra) o "dono" da máquina do partido, durante todo o longo período da governação passista.
De Maria Luís Albuquerque não se ouviu, até agora, nem um sussurro, o que é estranho tratando-se de pessoa sempre pronta a dar a sua opinião sobre tudo e sobre nada. 
Marco António Costa, sim, falou em entrevista dada ao "Expresso". Falou e disse coisas de espantar. Por exemplo, fica-se a saber que Luís Montenegro terá desistido de se candidatar, porque, lê-se no "Expresso", "estava demasiado colado a Passos". Tal como ele próprio, Marco António: "Ambos carregamos o facto (sic) de termos dado muito a cara no período difícil da governação".

Marco António Costa é, pois, claro.  A explicação para o comportamento dos colaboradores e, até há poucos dias, admiradores entusiásticos de Pedro Passos Coelho, de repente apenas empenhados em marcar distâncias em relação ao seu ainda líder, é, afinal, simples:
Passos Coelho, sem poder, tem lepra.
Como foi possível que a governação do país tivesse estado, durante toda uma longuíssima legislatura, entregue a gente desta ?  

(FotoNuno Ferreira Santos / Publico)
(Reeditado)

domingo, 8 de outubro de 2017

Demónios enraivecidos?

Enquanto decorreu a campanha para as eleições autárquicas, instalou-se, como por encanto, em todo o território do Continente. uma verdadeira acalmia no respeitante a  novos incêndios. Digo "como por encanto", porque, na verdade, não ocorreram durante esse período alterações significativas nas condições atmosféricas que prevaleciam no período anterior.
Contados os votos, apurados os resultados, e mantendo-se as condições meteorológicas que vinham do antecedente, eis que os incêndios voltaram a assolar as nossas gentes, as nossas terras, os nossos campos e as nossas florestas, com uma violência de todo inesperada e incompreensível para esta altura do ano.
Haverá, presumo, explicação racional para este comportamento do fogo, explicação que, todavia, não alcanço.
Daí que, parafraseando um gracejo bem conhecido, me sinta inclinado a dizer que, não acreditando em bruxas, e muito menos em demónios do fogo, às tantas, sou levado a admitir, embora contrariado, que sim, que "los hay, los hay!"
(Foto Paulo Novais/lusa. Daqui)

sábado, 7 de outubro de 2017

"Entrou pela saída de emergência, saiu pela porta dos fundos"

«(...) 
De facto, ele [Passos Coelho] recebeu o país de rastos, com um défice de 10,5% do PIB. Mas recebeu porque quis: ele queria ser primeiro-ministro e Paulo Portas queria ser ministro dos Estrangeiros. E, por isso, aliaram-se à extrema-esquerda parlamentar para chumbar o PEC IV - que já havia sido aprovado em Bruxelas e Berlim, e que talvez tivesse evitado o resgate, como o evitou em Espanha. Ao fazê-lo, Passos e Portas sabiam várias coisas que iriam fatalmente acontecer: o Governo do PS demitir-se-ia; mas até novas eleições teria de chamar a troika e negociar em condições de brutal dureza, que inevitavelmente lhe custariam a seguir a derrrota nas eleições. Tudo aconteceu como previsto, sendo de notar que não é verdade que o PSD tenha tido que executar um programa ajustado unicamente entre o Governo do PS e a troika: certamente se lembram do dr. Catroga a representar Passos Coelho nas negociações e a gabar-se que, no essencial, o programa da troika era o do PSD. E, depois, todos nos lembramos de Passos a dizer que iria ainda além do programa. Se tudo fez para governar naquelas circunstâncias, que legitimidade tem para se queixar da herança recebida?
(...)
Talvez a governação de Passos tenha sido corajosa e certamente que foi impopular. O problema é que estava errada, como o próprio FMI viria a reconhecer posteriormente.
(...)
[Pois] se o défice desceu de facto, a dívida continuou sempre a subir e, no final dos quatro anos, tinhamos vendido as telecomunicações, os correios, a TAP, a navegação aérea, os portos, e o único banco que restava português e vivo, embora arruinado, era a Caixa Geral de Depósitos (...)"
(...)
(...) a verdade é que Passos Coelho propunha-se continuar por mais quatro anos a mesma política de cortes cegos, horizontais e dirigidos às pessoas e não aos organismos a mais. O mérito de Mário Centeno foi o de ter apostado que aliviando o cinto, devolvendo o dinheiro às pessoas ao ritmo possível, elas iriam gastá-lo de imediato e isso poria a economia a crescer e as receitas fiscais a subir num círculo virtuoso que era o oposto do que fora a crença e a obra funesta de Vítor Gaspar, Maria Luís Albuquerque, António Borges e Pedro Passos Coelho.
"Não há que negar que a recuperação económica tem sido muito ajudada por factores externos, como o turismo que o Daesh desviou para aqui, as compras de dívida pública pelo BCE e a própria retoma, ainda que moderada, no espaço europeu [*]. Porém, duvido que se Passos estivesse a chefiar agora o Governo iria ter capacidade para perceber que era hora de apostar e ir a jogo. A prova disso é a sua célebre promessa, feita quase em jeito de desejo, de que iríamos ter o diabo de volta ... em Setembro do ano passado. Até ao fim (...) foi teimoso, obstinado até no erro, e incapaz de ver diferente do que algumas pretensas verdades imutáveis que lhe enfiaram à pressa na cabeça para que ele governasse Portugal com isso. Como se veria finalmente nas autárquicas, Pedro Passos Coelho tinha ficado irremediavelmente para trás (...)Entrou pela saída de emergência, saiu pela porta dos fundos (...)»
(Miguel Sousa Tavares: "Um homem e o seu destino". In "Expresso" de hoje, edição impressa)

A transcrição é algo longa, mas justifica-se tendo em conta a falta de memória que afecta por aí muito boa gente e outra não assim tão boa.
[*] Uma pequena nota apenas para recordar que qualquer dos factores externos enunciados por Miguel Sousa Tavares e cuja relevância se não nega,  surgiram muito antes de o actual Governo ter entrado em funções. Todos eles já existiam ao tempo da governação Passos/Portas.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Haja quem "tire as castanhas do lume", que mais tarde se verá "quem tem unhas para tocar viola"

Esvaiu-se, em menos de um fósforo, a perspectiva de termos uma acesa disputa à liderança do PSD. Se, num primeiro momento, os candidatos brotavam como cogumelos, mais depressa ainda se sumiram da face da terra.
Estranhamente, ou talvez não, a debandada foi iniciada por Luís Montenegro, precisamente o presuntivo candidato que reunia, segundo a comunicação social, as melhores condições para prosseguir a política seguida por Passos Coelho e para o substituir. Aliás, ao que se afirmava, Montenegro já desde há muito andava a preparar-se para o desafio. Vê-se agora que, afinal,  muito mal preparado devia estar, uma vez que, para justificar a desistência, Montenegro não foi além da alegação de "razões pessoais e políticas", expressão que significa tudo e mais  ainda um par de botas.
Gorada a hipótese Montenegro, as apostas num candidato com alguma visibilidade entre os apoiantes de Passos Coelho, centraram-se no estridente Paulo Rangel, apostas entretanto e de imediato goradas, pois Rangel não perdeu tempo a descartar a possibilidade, invocando "razões familiares".
Dêem-lhe o nome que lhe derem (familiares, pessoais ou políticas) certo, porém, é que as razões invocadas resumem-se tão só a uma: as perspectivas de êxito político do PSD no curto  e médio prazo não se afiguram particularmente brilhantes e, assim sendo, as expectativas de permanência duradoura no cargo para quem agora venha a tomar conta da liderança do partido também não serão as mais entusiasmantes ou lisonjeiras. O raciocínio dos desistentes Montenegro e Rangel  é, a meu ver, tão simples, quanto cínico: venha agora quem "tire as castanhas do lume", que mais tarde se verá "quem tem unhas para tocar viola". 
Por alguma razão, nem Montenegro, nem Rangel, se dispõem a apoiar qualquer outro eventual candidato. O que, na linha do exposto, se compreende facilmente: o importante para qualquer deles é permanecer de mãos livres para poderem avançar para a liderança, sem quaisquer compromissos e  no momento que mais lhes convier. Não garanto que um e outro sejam políticos manhosos e cínicos, mas sobre serem "espertos" no pior sentido do termo, não tenho dúvidas.
Quem resta? 
Pedro Santana Lopes? Simpático e mesmo "boa pessoa", mas, a meu ver, mau político, Santana Lopes não tem nada a ganhar em entrar nesta "corrida". Espero que os seus verdadeiros amigos lhe façam ver que o seu tempo já lá vai.
Rui Rio? Possivelmente sim, porque depois de a sua intenção de avançar ter sido tantas vezes anunciada,  Rio não tem margem para recuar e, em boa verdade, também não tem nada a perder. O simples facto de se manter na corrida, depois tão estrondosas desistências, é trunfo mais que suficiente para, em futura disputa, triunfar sobre todo e qualquer calculista, chame-se ele Montenegro ou Rangel. 

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Brotam que nem cogumelos....

Ontem mesmo, Passos Coelho anunciou, na sequência da estrondosa derrota sofrida pelo seu partido nas eleições autárquicas disputadas no passado dia 1 deste mês, que não se recandidataria à liderança do PSD.
Um tanto surpreendentemente, pelo menos para mim que supunha que não houvesse tantos candidatos à sucessão, eis que acontece precisamente o contrário. Candidatos, ainda putativos ou já assumidos  é coisa que não falta a ponto de se poder dizer que brotam que nem cogumelos após as primeiras chuvas outonais. Alguns deles estão a aparecer mesmo donde menos se esperaria.  De facto, se o aparecimento de Rui Rio estava mais que anunciado e se o surgimento de um ou mais candidatos conotados com a linha política de Passos Coelho (Montenegro, Rangel e mais uns tantos) era perfeitamente expectável, quem é que se teria atrevido a imaginar que Pedro Santana Lopes poderia estar a ponderar candidatar-se, ou (surpresa das surpresas!) que um André Ventura estaria na firme disposição de substituir no cargo de líder do seu partido o seu patrocinador como candidato â Câmara de Loures, o sobredito Pedro Passos Coelho. Sim, quem se lembraria? Eu não, seguramente.
Como, porém,  a procissão ainda nem ao adro chegou, não custa admitir que possam vir a surgir outros candidatos, porventura com capacidade de liderança e qualidades suficientes para restituir ao PSD o prestígio e a credibilidade de que o partido já beneficiou, capacidade e qualidades que sinceramente não vejo em nenhum dos candidatos já anunciados ou que como tal são presumidos, embora haja, naturalmente, distinções a fazer, porque nem toda a gente é farinha do mesmo saco. 
Isto dito, devo acrescentar que a escolha da figura do André Ventura para ilustrar este apontamento não é inocente. O facto de um indivíduo como André Ventura, defensor da pena de morte, da prisão perpétua, da castração de pedófilos e assumido racista e xenófobo, se sentir com suficiente à vontade para se candidatar à liderança de um partido que professa programaticamente um ideário humanista e personalista, em tudo contrário às ideias que o candidato defende, é a melhor prova de que o PSD é hoje um partido completamente à deriva. 
Com candidatos como este Ventura, é óbvio que o PSD não vai a parte nenhuma ou então, o que será muito pior, pode ir encalhar na extrema direita. 
Com os restantes anunciados também não irá longe. Presumo.
Num ponto, o Ventura leva vantagem a todos. Como bombo da festa. Isso é certo e seguro.
(Imagem daqui)

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Coragem de mudar, ou insensatez ?

Mudar para votar numa candidatura que apresenta, como 1 dos cabeças de cartaz, um activo tóxico como Maria Luís Albuquerque, a apoiante incondicional do senhor Schäuble, ministro das Finanças alemão,  não seria coragem, mas pura insensatez. Admira-me, aliás, que o candidato à câmara municipal tenha alinhado numa tal parceria. Tal não abona muito a favor da sua clarividência política e, de algum modo, por razões que não são para aqui chamadas, até tenho pena.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

«"Bum!" ou "pfff..."?»

«O "relatório-explosivo", como lhe chamou o Expresso: "Bum!" ou "pfff..."? Sobre o assunto vou fazer um relatório mais seco, não acusarei ninguém, como o relatório original, de "ligeireza, quase imprudente", nem de "declarações arriscadas e de intenções duvidosas", nem de "arrogância cínica". Quando eu faço um relatório, relato, não relaxo. Guardo aquelas palavras para quando fizer um romance manhoso, ou talvez as substitua por palavras como "pernóstico, pancrácio e deliquescência", como sempre sonhei usar num romance manhoso. O que é um romance manhoso? É uma coisa com frases espevitadas, daí o pernóstico, que se colocam num editor simplório, daí o pancrácio, de ficção científica, daí a deliquescência. Esta sendo, como se sabe, a propriedade de alguns corpos de absorver a humidade do ar e nela se dissolverem - como foi o caso do relatório que agora relato. Derreteu-se. Num sábado, nas parangonas; horas depois, escafedeu-se. Ninguém para quem ele relatava o viu! Não deve haver drama maior para um relator - mais do que relatar em vão, relatar para ninguém. Claro, foi em julho, na estação em que tudo se evapora. Regressou a uma semana de eleições, na estação em que tudo surge. Teoria da conspiração? Não, conspiração mesmo.  (...)»
 (Ferreira Fernandes: "Tudo sobre o relatório de Tancos" Na íntegra: aqui)

Sem dúvida: pfff...!

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

sábado, 23 de setembro de 2017

Quem quer tramar pedro rabbit ?

Não é a primeira vez que Passos Coelho aparece a pretender tirar dividendos políticos anunciando ou aludindo a factos sem deles ter segura confirmação. Nos últimos tempos, assim aconteceu quando veio acusar o Governo de ocultar a existência de uns quantos suicídios supostamente ocorridos na sequência dos incêndios que devastaram boa parte do concelho de Pedrógão Grande e dos concelhos limítrofes, suicídios que, veio a provar-se, só existiram na cabeça do informador.
Hoje mesmo, aproveitou uma notícia veiculada pelo "Expresso" sobre a existência de um suposto "relatório das secretas sobre Tancos" para desancar uma vez mais no Governo, acusando-o, desta feita, de ocultar informação. O alegado relatório, porém, não é conhecido, nem pelo Presidente da República, nem pelo primeiro-ministro, nem pelas chefias militares, tudo apontando, pois, para um documento "fabricado" por alguém com intuitos não desvendados, mas não muito difíceis de adivinhar.
Certo, certo é que as notícias falsas que têm servido a Passos Coelho para se lançar em sucessivos ataques ao Governo partem de gente ligada ao partido que ele lidera, o PSD.

Na origem do primeiro passo em falso esteve João Marques, ao tempo, provedor da Santa Casa da Misericórdia e actualmente candidato do PSD à câmara municipal de Pedrógão Grande.
Hoje, a escorregadela surge na sequência duma notícia fabricada pelo semanário de que é proprietário o grupo económico de Francisco Balsemão, o militante número 1 do PSD.
Não será caso para Passos Coelho se interrogar sobre quem é que, dentro do seu partido, o quer tramar? Isto, claro, partindo do pressuposto de que não é ele próprio quem está na origem das fake news . Hipótese que não é de afastar. De forma nenhuma.

domingo, 17 de setembro de 2017

O azar do senhor Faria

É fatal como o destino: mal surgem notícias dando conta do bom andamento da economia portuguesa, logo aparece um senhor garantindo que ele faria melhor. 
De facto, de cada vez que o INE publica dados revelando que o PIB está a crescer acima de todas a previsões, o tal senhor faz questão de vir afirmar que, com um governo liderado por ele (que, não por acaso, foi o primeiro e, até agora, único ex-governante a deixar o país mais pobre do que quando assumiu funções) a economia do país estaria a crescer a um ritmo muito mais acelerado. 
A mesma atitude tomou agora ao ser anunciada a decisão da Standard and Poor"s de rever em alta a classificação da dívida pública portuguesa, retirando-a da notação equivalente a "lixo". Com ele a governar, diz o senhor Pedro Passos Coelho Faria, a saída  de "lixo" teria ocorrido há muito mais tempo.
Sabe-se que o sujeito é muito dado a "visões". É um facto reconhecido desde que passou, contra a evidência de todos os indicadores, a fazer sucessivos anúncios sobre a iminente chegada do diabo (que, pelos vistos, tem feito questão de lhe trocar as voltas). Perante o falhanço das suas "visões" a credibilidade do sujeito caiu a pique, como é natural. Porém, o problema que o aflige agora e o afligirá no futuro não é apenas esse, nem o mais grave. O maior azar do senhor Pedro Passos Coelho  Faria é que as pessoas "lembram-se que esse melhor [que ele faria] era a continuação de uma austeridade bem mais forte".
(imagem daqui)

sábado, 16 de setembro de 2017

Um pândego!

Passos Coelho assumiu, de vez, o papel de pândego de serviço. A forma como reagiu ao anúncio da subida da notação financeira atribuída pela Standard and Poor's à dívida pública portuguesa é a prova definitiva de que o líder do PSD faz questão de nos divertir com as suas pilhérias. Senão, vejamos:
Espremendo as declarações que proferiu a tal propósito, chega-se à conclusão de que para Passos Coelho todo o mérito cabe ao governo que ele liderou, o que é, evidentemente, um disparate. De facto só seria possível explicar o facto insólito de a subida do "rating" da República só ter ocorrido passados cerca de dois anos após da queda do seu governo, se se partisse da consideração de que as agências de "rating" são dominadas por  autênticas "lesmas" que, para darem um passo em frente, levassem séculos anos, consideração que, além de absurda, sabemo-lo todos, não colhe, porque as agências de notação financeira já deram abundantes provas de que são lépidas a alterar as notações que atribuem. O próprio Passos Coelho pode dar explicações sobre a matéria, pois foi durante o seu governo que a dívida pública portuguesa "ganhou" a classificação de "lixo". Com o que, na altura, por certo, não contava.
Assim sendo, e com isto remato, as declarações do líder do PSD só fazem sentido se se aceitar que Passos Coelho já não tem outra intenção, nem outra ambição, que não seja a de servir de bobo, papel que ultimamente tem vindo a desempenhar com indesmentível êxito. 
Por mim, pode continuar.
(imagem daqui)

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Uma partida dos diabos!

Quando ninguém estava à espera eis que a «Standard & Poor's tira 'rating' de Portugal do nível 'lixo'».
Para Passos Coelho e para a generalidade dos docentes da universidade  de Verão do PSD, Cavaco inclusive, a decisão da agência de notação financeira é mesmo uma partida dos diabos. Ou um pesadelo?
(notícia e imagem daqui)

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Com Coelho já íamos a caminho de Marte!

Não tenho a mínima dúvida de que o "mago" que conseguiu, enquanto primeiro-ministro, cometer a dupla proeza de ver crescer a dívida pública ininterruptamente durante todo o seu mandato e de ser o único governante a deixar o país mais pobre do que quando tomou conta da governação, é capaz desses feitos (por fazer) e de muito mais. Só a proverbial "modéstia" do mitómano que dá pelo nome de Pedro Passos Coelho explica que não tenha garantido que, com ele, já teríamos chegado à Lua.
Só à Lua, minha gente?  Com Coelho já estávamos a andar, sim, mas a caminho de Marte!
E, pasme-se:  ainda há quem acredite neste vendedor de banha da cobra!
(imagem daqui)

domingo, 3 de setembro de 2017

Competição renhida

Este ano, a universidade de Verão do PSD foi concebida como uma competição tendente a apurar  o vencedor do prémio da insensatez.
Hoje, depois das "brilhantes" provas de Cavaco e de Paulo Rangel, foi a vez de Poiares Maduro fazer exibição da sua insensatez, para não dizer da sua loucura. Sim, porque só alguém acabado de sair do manicómio se atreveria a fazer uma tal alocução. Ora ouça:
(Imagem daqui)

sábado, 2 de setembro de 2017

Epidemia de raiva

Não sei se, tecnicamente, se pode falar de epidemia, mas lá que a raiva grassa no PSD é fora de dúvida.  Passos Coelho, o presidente do partido, desde há muito que apresenta sinais de estar afectado pela doença, mas não é, infelizmente, um caso isolado, nem sequer raro, pois são já vários os dirigentes e militantes que revelam sintomas de estarem a sofrer do mesmo mal.  O último a apresentar tais sintomas é um tal eurodeputado que dá pelo nome de Paulo Rangel (o dito cujo que figura na imagem). De facto, só alguém a rebentar de raiva é que, sendo apoiante entusiasta do anterior governo (PSD/CDS) que tudo fez para reduzir o Estado ao mínimo dos mínimos e que cortou na despesa do Estado como nunca se tinha visto, é que poderia fazer as acusações que proferiu, acusações que ele, não sendo louco, sabe perfeitamente que são pura aldrabice.
Fico-me por aqui, mas não sem que antes deixe um alerta: cuidado, gente, que a raiva, além de contagiosa,  é,  com frequência alarmante, mortal.  As sondagens mostram, aliás, que o PSD está num processo de definhamento que pode ser fatal.
Todo o cuidado é pouco! Insisto eu.
(imagem obtida aqui)

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Luva branca

Luva branca é objecto que Cavaco não tem e não usa, mas de uma bofetada dada com ela já ele se não livra.
Uma bofetada dada, bem dada e muito a propósito, pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa:

Não faço comentários sobre os meus antecessores. E quando deixar de ser Presidente não farei comentários sobre os meus sucessores”;
"Se os sucessivos Presidentes da República não têm o respeito com o que dizem uns dos outros acabam por não se fazerem respeitar pelo povo” .

Até no mais insignificante do dia a dia se vê claramente a diferença entre um Cavaco e Marcelo.
Do que nos livrámos, Zeus meu! 
(Citações e imagem, daqui)

Brilhante, Costa!

"É natural que alguém que durante tantos anos foi político profissional tenha agora algumas saudades do palco, e é também natural que haja pessoas que tenham saudades do estilo presidencial que o professor Cavaco representou" (Fonte).
Não sei se a fala de António Costa foi espontânea ou se foi o resultado de coisa pensada. Seja como for, não seria fácil encontrar forma mais elegante de reduzir Cavaco à sua actual insignificância, ao relembrar-lhe que o tempo dele já lá vai.
Brilhante, Costa! 

Uma notícia de molde a fazer perder o pio...


... a Sua Excelentíssima Irrelevância. E não só: "O crescimento económico entre Abril e Junho foi afinal mais elevado do que tinha sido inicialmente reportado. Segundo os dados publicados esta manhã pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB aumentou em termos homólogos 2,9%, em vez dos 2,8% anunciados na estimativa rápida." (Fonte)

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Para que servem os amigos ?

Além do mais, servem, julgo eu,  para evitar que os amigos façam figuras tristes.
Isto dito, concluo, perante o chorrilho de idiotices proferidas durante "uma intervenção de fundo na universidade de Verão do PSD"(*) que Cavaco  não tem amigos. 
Nem memória, pelos vistos.
(*) Realmente, muito funda, ou seja, muito baixa.