A proposta apresentada por Serguei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, durante o seu discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, com vista à realização de uma cimeira europeia para debater uma proposta para a criação de um novo sistema de segurança colectivo na Europa, tenderá a ser vista pelos países ocidentais, como uma forma de desviar as atenções da recente invasão da Geórgia e da ocupação das regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abkásia, por parte da Rússia.
É possível que a ideia tenha sido essa, mas também pode muito bem representar um desejo genuíno de estabelecer um relacionamento descomplexado entre todos os países europeus, por forma a pôr termo a dezenas de anos de desconfiança. Seja como for, a meu ver, a ideia é boa a todos os títulos, já que só traria vantagens para todos os países europeus, Rússia incluída e, em boa verdade, a criação de um sistema de segurança colectivo na Europa tem lógica e faz sentido, pois a Rússia, volens nolens, é um país europeu e, ultrapassada que foi a fase da construção do "socialismo", os seus valores não diferem grandemente dos vigentes nos restantes países europeus.
A proposta, no entanto, dificilmente fará caminho nos tempos mais próximos, pois contará, à partida, com a oposição frontal dos Estados Unidos, cuja influência na Europa viria a diminuir drasticamente, se o sugerido sistema de segurança viesse a ser concretizado. Provavelmente, a maioria dos políticos dos países europeus (demasiado enfeudados aos interesses norte-americanos, apesar do unilateralismo defendido e praticado pela actual administração Bush) também não revelará grande entusiasmo. E, finalmente, contará certamente com a desconfiança dos países outrora integrados na órbita da União Soviética, ou como seus membros, ou como países signatários do Pacto de Varsóvia.
Quem sabe, no entanto, se a ideia não poderá germinar e um dia florir? O mundo tem dado tanta volta!
Sem comentários:
Enviar um comentário