Com o encerramento das assembleias de voto em Luanda terminou o processo eleitoral em Angola e, embora não seja ainda conhecidos os resultados eleitorais, parece lícito desde já tirar algumas conclusões, face à abundante informação disponibilizada pelos diversos órgãos de comunicação social: (i) Não sofre dúvidas o facto de terem existido algumas falhas no plano da organização e logística, circunstâncias que levaram a Comissão Nacional Eleitoral a prolongar a votação por mais um dia em assembleias de voto onde não foi possível concluir a votação no dia de ontem; (ii) Isto dito, e pese embora o precipitado alarmismo inicial da chefe da missão de observação eleitoral da União Europeia, Luisa Morgantini, a verdade é que não houve denúncias da existência de qualquer fraude; (iii) Mesmo a UNITA, que pede a repetição da votação em Luanda, alegando as falhas verificadas, não põe em causa a a genuinidade da votação, genuinidade que que é confirmada pela missão de observadores da SADC que já se pronunciou sobre o processo eleitoral considerando as eleições legislativas de Angola "livres, credíveis e pacíficas". (iv) Assim sendo e não obstante não ser ainda conhecido o relatório da missão de observação da UE, que será divulgado apenas segunda-feira , tudo indica ter havido da parte das autoridades angolanas o desejo sincero de levar a cabo um processo eleitoral que permitisse a expressão livre da vontade popular. (v) As falhas de organização, sempre lamentáveis (decerto) mas muitas vezes inevitáveis, sobretudo em países sem uma estrutura eleitoral consolidada, como é o caso de Angola, não parecem ser de molde a ensombrar as eleições angolanas, que, ao que tudo indica, poderão ser um primeiro passo no sentido da implantação de um regime democrático.
É possível que o caminho para alcançar tal objectivo não venha a ser fácil, mas, para já, estas eleições são um bom sinal.
ADENDA: O Presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, embora não negando as dificuldades verificadas, considera em declarações conhecidas já depois da elaboração desta nota, que "o processo eleitoral apresenta um saldo positivo na sua generalidade". Parece-me que tais declarações são ajustadas ao que se passou.
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