quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Quem tem telhados de vidro ...


O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na sua última última intervenção perante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, fartou-se de fazer acusações: à Rússia a quem acusa de ter invadido a Geórgia, violando a Carta das Nações Unidas; ao Irão e à Síria por apoiarem o terrorismo; à Coreia do Norte e ao Irão por terem programas nucleares.

Faltou-lhe acusar-se a si próprio e tinha boas razões para isso. Com efeito, a invasão do Iraque pelos Estados Unidos foi levada a cabo à margem e com violação da mesmíssima Carta das Nações Unidas, usando, para mais, informações falsas, invasão que teve e continua a ter consequências bem mais funestas que a invasão da Geórgia pela Rússia, a quem o presidente do país invadido até fez o favor de oferecer um excelente pretexto.
Quanto a programas nucleares, os Estados Unidos levam a palma, como é sabido, e as armas nucleares são uma ameaça nas mãos de quem quer seja, julgo eu, pois, nesta matéria, há razões para desconfiar.
Bush perdeu, assim, uma excelente oportunidade para ficar calado.
Quem tem telhados de vidro, como é o caso dele, é o melhor que tem a fazer. Evita cair no ridículo de o próprio telhado apanhar com as pedras que lhe saem das mãos.
ADENDA: Lendo o desenvolvimento da notícia, constato que o presidente Bush defendeu, na circunstância, que as Nações Unidas e os outros órgãos multilaterais são mais necessários que nunca e que devem ser fortalecidos. Para quem ao longo de dois mandatos seguiu uma doutrina de sinal contrário é quase um pedido de perdão. Pena é que chegue tão tarde.
(A imagem é daqui)

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