São múltiplos os sinais (incluindo o anúncio da ida do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, à Assembleia da República, na próxima terça-feira para falar sobre o Kosovo) de que o governo português se prepara para tomar uma decisão sobre o reconhecimento da independência daquele território, decisão que só pode ser no sentido do reconhecimento, pois para manter o estado de indefinição sobre a matéria que já dura há meses, não era necessário tomar qualquer iniciativa.
Só fortes pressões podem explicar que o governo português vá abandonar a posição cómoda que até agora tem mantido. Entalado entre a Espanha e os Estados Unidos (aquela não favorável ao reconhecimento por questões internas e os Estados Unidos, como principais promotores da independência) o governo português dispõe-se agora, tudo o indica, a fazer a vontade aos Estados Unidos. Espera-se, naturalmente, que as explicações venham mais tarde. Em todo o caso, a confirmar-se o sentido da decisão aqui enunciado, não me parece que seja caso para aplaudir. É que, para além de se tratar de uma independência declarada com violação do direito internacional (que é frágil e conforme as conveniências, eu sei) tal reconhecimento significará, sobretudo, que o governo português não sabe, não quer, ou não pode resistir a pressões.
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