A confirmar-se a notícia de que Manuel Alegre não integrará as listas do PS para as próximas eleições legislativas, permanecendo, no entanto, no partido, revela, a meu ver, que o objectivo de Alegre é a corrida à Presidência da República e, a confirmar-se, como também adianta a notícia, que as listas do PS incluirão representantes do "seu" Movimento de Intervenção Cívica, Alegre consegue o dois em um: fica com mãos livres para tratar da sua candidatura presidencial (que seria impensável sem o apoio do PS e, por isso, nele se manterá) e, por interpostas pessoas, continuará a poder condicionar (no parlamento e fora dele) as políticas do PS.
A solução encontrada (resultante certamente de um acordo entre as partes) para dirimir os diferendos entre Alegre e o PS poderá não ser a melhor para este partido, mas a verdade é que não seria fácil encontrar outra alternativa, a menos que o PS já tivesse desistido de alcançar a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas. Se tal objectivo já tivesse sido abandonado, não me parece que o PS tivesse ido tão longe na satisfação das pretensões de Manuel Alegre, porque, em tal hipótese, a deriva dos votos para os partidos à sua esquerda e, em particular para o BE, não teria, seguramente, a mesma relevância e não a tendo, estaria o PS muito menos inclinado a fazer concessões.
Resumindo; bom "negócio" para Alegre, sem dúvida; para o PS, nem por isso, mas como diria o outro: é a vida!
ADENDA
Manuel Alegre veio, entretanto, desmentir que tenha havido qualquer negociação com Sócrates para as listas de deputados. Aqui fica o registo do desmentido.
1 comentário:
O que pensa e faz M. Alegre, OU está dentro dos parâmetros do partido, OU extravasa, isto é, anda a ser feito por fora.
Se está dentro, não há nenhuma crise quando as sensibilidades internas se entendem e estabelecem estratégias para o bem comum (demos de barato que é o bem/interesse nacional).
Se extravasa, não fica bem ao PS dizer ou insinuar que ele se comporta como um traidor e, depois meter conversa destinada a vencer as eleições a qq. preço, sem discutir e acertar a razoabilidade das diferenças ou exigências.
Desconfio que anda por ali a campear um défit de coerência e de ética.
Não estou apreciando, nem de um lado, nem de outro!
Eu gosto de coisas bonitas!
(Amaro da Silva)
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