segunda-feira, 25 de maio de 2009

Do estilo bolorento ao fraco compromisso com a verdade

Receio bem que, muito por "mérito" do cabeça de lista do PSD às eleições europeias, a campanha ora iniciada (a continuar o tom até agora ouvido na pre-campanha) se transforme num simples exercício de retórica balofa que, pelo caminho que as coisas levam, vai certamente redundar numa abstenção recorde, dado que, em vez de esclarecimento, os candidatos, com honrosas excepções, entretêm-se num "diz tu direi eu" que só serve para os descredibilizar.
Digo que, em boa medida, tal situação se deve a Paulo Rangel, porque foi ele a desencadear as hostilidades, através de um discurso que prima tanto pelo estilo de chicana, como pela ausência de propostas, como ainda pelo fraco compromisso com a verdade.
A sua actuação ao nível da chicana nem carece de demonstração, tantas são as afirmações que o candidato tem feito, onde não passa desse nível. Reconhece-se que a sua "performance" tem êxito junto da plateia de convertidos, pois o candidato, a esse nível, tem "lábia" mais que suficiente, se bem que todo o seu estilo seja um tanto antiquado, mais tipo anos 50, meados de 60.
Já quanto à falta de propostas, é o próprio a confirmá-lo quando afirma que as suas "propostas não estão escondidas, estão, aliás, expostas aí nos cartazes”. Bom, se as suas propostas são essas, então temos de convir que elas se reduzem à proclamação de que a sua candidatura é" porta-voz do interesse nacional", expressão que prova que o seu longo estágio no CDS-PP, não foi em vão, arriscando-se mesmo a ultrapassar o partido de origem pela direita. (Paulo Portas que se cuide!)
O fraco compromisso do candidato com a verdade resulta claro para quem o ouve a toda a hora dizer que o primeiro-ministro foge dos debates parlamentares quando é sabido que foi por obra e graça do PS que tais debates foram instituídos regimentalmente e levados à prática e que a temporária suspensão dos debates durante a campanha eleitoral resultou de um consenso em que o seu próprio partido participou, como já, a contragosto, teve que admitir. Não obstante, não passa dia em que em que não regresse ao tema, sinal da pouca vergonha que tem em faltar à verdade. Contenta-se, pelos vistos, com a verdade de papel que por aí anda nos cartazes do seu partido. Conclusão a que sou forçado a chegar, pois, embora se saiba já que Rangel anda a tal ponto desmemoriado que já não sabe se se inscreveu ou não como militante do CDS, não acredito que a sua falta de memória tenha chegado ao ponto de esquecer hoje o que afirmou ontem. Seria falta de memória a mais e que até o desqualificaria como candidato.
Se os outros candidatos quiserem fazer uma campanha esclarecedora e motivadora da participação dos eleitores e se Rangel persistir nesta via, como vem anunciando, àqueles não resta outro caminho: deixar o cabeça-de-lista do PSD a falar para as paredes. Pode ser que estas o ouçam e através do eco lhe respondam. Como o cavalheiro gosta tanto de se ouvir, talvez isso lhe baste!

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