A criação de um novo sistema de recursos baseado num imposto já cobrado nos Estados-membros sem aumento da carga fiscal, defendida por Vital Moreira não constitui, afinal, nenhuma novidade, pois tal possibilidade foi objecto de um relatório do Parlamento Europeu (relatório Lamassoure) aprovado em 2007 com os votos favoráveis dos eurodeputados do PSD e do PS.
Todo o alarido levantado a propósito do lançamento do debate sobre este tema, em particular, pelo estridente candidato do PSD às eleições europeias, revela-nos a pouca elevação com que esta campanha está a ser realizada por parte de alguns intervenientes, designadamente pelo PSD que opta pelo foguetório em vez privilegiar o debate das ideias e das propostas, como seria legítimo esperar. Mas revela também, do mesmo passo, a pouca seriedade (política) do candidato Paulo Rangel, pois faço-lhe o favor de supor que ele não ignorava a existência do citado relatório, nem o sentido do voto dos seus companheiros de partido. Tendo ouvido falar em "imposto" ainda que sem aumento da carga fiscal (pormenor que passa em claro), toca de aproveitar a aversão do eleitorado a tudo o que cheire a imposto e vá de cavalgar o tema para se lançar num novo ataque destemperado e gratuito contra Vital Moreira e contra o PS.
Não sendo Paulo Rangel virgem neste tipo de procedimento, pois continua a lançar sobre o primeiro-ministro a acusação de querer fugir aos debates parlamentares, sabendo ele que tal acusação não tem qualquer fundamento, pois já reconheceu que a suspensão dos debates durante a campanha eleitoral foi objecto de um consenso entre os partidos (incluindo o liderado por ele) a sua reincidência neste tipo de comportamento leva-me a concluir que Paulo Rangel é um político pouco sério e não merece credibilidade.
No entanto, segundo parece, o seu discurso tem recebido fartos aplausos por parte da direita, o que, em boa verdade, não admira: é aí o seu lugar e essa até é (veja-se a foto) a sua pose! Que fique, pois, em tão "excelente companhia". Mais não merece!
(reeditada)
7 comentários:
A crítica pode ser feita sublinhando certos primas ou vertentes, umas mais que outras.
No caso sob o título "No mínimo: um pouco mais de seriedade", a vertente sublinhada é a do carácter.
Ora, em matéria de carácter, tenho a sublinhar o seguinte:
O candidato Vital Moreira (VM) quando falou para o eleitorado NÃO DISSE que o imposto de que falava era aquele a que se referia o relatório Lamassoure aprovado em 2007 com os votos favoráveis dos eurodeputados do PSD e dos seus antecessores do PS no Parlamento Europeu.
Até fez segredo dos contornos desse imposto dizendo que, depois de eleito, explicaria...
Portanto a primeira conclusão na perspectiva de carácter, pela negativa, terá de ser imputada a Vital Moreira.
Se ele sabia tanto, deveria ter logo dito que iria defender uma coisa que já em Bruxelas o PS e PSD estavam de acordo.
Mas não ! e isto não é bonito, porque afinal não trazia nenhuma novidade, afinal era coisa "dejá vu".
Paulo Rangel (PR) mordeu-o e bem.
Como poderia ele PR saber de que imposto se tratava se VM disso tanto segredo fez e até disse que, mais tarde, depois de eleito, explicaria!!!?
Claro, cometida a argolada, agora, VM desfaz-se em explicações, mas é tarde demais...
Com este tipo de campanha, falando de impostos misteriosos, pergunto onde está a tal "elevação" que tanto agitam e agigantam?
Acresce que essa coisa, agora adiantada, de que até é já um imposto cobrado pelo Estado português, pergunto?
Quem o paga são só os ricos, ricos mesmo?
Esqueceram-se do capitalismo popular e dos inúmeros portugueses da classe média que investiram na EDP, GALP e outras empresas privatizadas a quem se concederam até benfícios em sede de IRS aos investidores (afinal pessoas muitas vezes ludibriadas com o beneplácito dos famosos e independentes "reguladores" e com a indiferença do Estado)?
Depois, se se trata de um imposto que já está a ser cobrado, esses dinheiros, que em técnica fiscal se designam por "RECEITAS", estão afectos a que despesas do Estado?
às Misericórdias? às despesas da educação ou cultura? às despesas da saúde? a algum fundo de garantia?
Então quem o paga e se não vai ser agravado, (pois que tão somente as respectivas receitas, ora cobradas serão transferidas para Bruxelas), o buraquito que deixam de onde saiem, é tapado com que verbas?
Ah! virão mais dinheiros de Bruxelas e ainda mais iremos receber do que aquilo que damos?
Não acham que isto está mal explicado?
É atirando-se uns aos outros, sobre o que cada um disse em razão do carácter que me querem esclarecer, em que nada debatem de substancial?
E assim, senhor da Terra dos Espantos, divergindo, caminhamos lado a lado, (quero dizer atrás de si), mas na mesma direcção e de alma lavada.
Disso não tenho dúvidas.
A bem da Terra dos Espantos.
Gostei...
:.))
Meu caro anónimo:
Salvo o devido respeito e para não me alongar, apenas duas breves observações:
1. Diz V.Exª que Rangel mordeu-o e bem. Eu penso que o que o mordeu e mal, na exacta medida em que omite o que Vital disse sobre a não existência de aumento da carga fiscal. E isto, por muito que V. Ex.Exª diga em contrário, não é sério. Eu compreendo a razão de tal procedimento: o efeito pretendido ia por água abaixo, como é óbvio, mas isso não lhe serve a ele, nem a ninguém, de desculpa. Digo eu que, pelos vistos, em matéria de seriedade sou muito exigente.
2. Não sei se Vital sabia da existência ou não do tal relatório, mas tudo me leva a crer que sim. Ele faz parte de uma lista em que não faltam eurodeputados que participaram na sua aprovação e, por certo, não tem a pretensão de descobrir a pólvora de um momento para o outro.
Diz o meu amigo que ele, depois de falar o assunto, meteu os pés pelas mãos (expressão minha). Admito que sim, mas suponho que com tanto zumbido à sua volta, até o meu amigo teria ficado azoado.
Sempre a considerá-lo.
Aditamento
Estive eu no comentário anterior a gastar o meu fraco latim quando existem respostas bem mais adequadas que podem ser consultadas nos "links" a seguir indicados:
"Do imposto à impostura"
[Publicado por AG] em
http://causa-nossa.blogspot.com/2009/05/rangel-do-imposto-ao-impostor.html
"Relatório Lamassoure - imposto e impostura"
[Publicado por AG] em
http://causa-nossa.blogspot.com/2009/05/relatorio-lamassoure-imposto-e.html
Sempre a considerá-lo
Caro Senhor da Terra dos Espantos
Insisto e me desculpará:
Quem começou com a história obscura de imposto europeu foi VM.
Este, se não sabia do Relatório Lamassoure deveria ter-se preparado para falar em tal questão.
Porém, ao dizer que depois de eleito explicaria melhor, desrespeitou os seus possíveis eleitores e evidenciou ligeireza na abordagem do tema.
Eu não quero já saber o que disse ou deixou de dizer o outro candidato cabeça de lista PR.
A questão de carácter está, para mim, ultrapassada. O que conta agora é que o PS, é favor da criação de impostos Europeus e no blogue causa nostra que transcrevo abaixo até me arrepia a voragem e as áreas em que esses tipos de impostos poderiam ou podem ser cobrados:
"Notes that in the discussions in the European Parliament other possible avenues were also explored such as:
taxes on dealings in securities
taxes on transport or telecommunications services
income tax
withholding tax on interest
ECB profits (seigniorage)
ecotax
taxes on currency transactions
taxes on savings
taxes on financial transactionsnefit directly from such new taxes;"
Meus amigos, com esta amplitude, mau grado o meu péssimo inglês onde paramos?
Se o PSD não vai em mais impostos, e o Partido Socialista defende e continua a votar o tal relatório em que ficamos? Voto em branco?
As "avenidas" possíveis nas vastas áreas acima referidas em ingl~es com taxas sobre, desde serviços financeiros, seguros, telecomunicações, eco taxas, até imposto sobre o rendimento (que é o que significa "income taxes") etc, , serão só "streets", pequenas ruelas estreitas ou varrem as receitas que hoje pertencem aos reguladores etc.?
A organização do Estado ou estados como vai ficar? Assim tal e qual? O que muda?
O senhor Vital Moreira lança assim um foguete, obviamente incendiário, sem ter ideia do que está a falar e sem conhecer sequer esse tal relatório?
Se calhar nem me oponho à existência de um imposto europeu, mas não levam o meu voto assim com a cabeça no ar.
Esta é que é substância do assunto.
Mas "esse assunto" não estava estudado por quem pretensiosamente atirou com o calhau.
E depois fica sempre a questão do MILAGRE DO VINHO: se o tiram das pipas portuguesas e o mandam para Bruxelas, sem que os portugueses vindimem mais uvas, como enchem depois as garrafas que ficarão vazias na adega em Portugal?
A ausência de aumento da carga fiscal é um absurdo ou se quiser é uma tola tentativa de tapar o sol com a peneira.
E por aqui me fico.
Estou ciente que Anamar gostou da sua opinião pois que a minha desconhecia!
Curvo-me perante V. senhoria com a consideraçao e estima de sempre e que é muita.
Vivemos em democracia votei PS mas nunca mais enquanto Sócrates for candidato a PM. Bem me enganou este PS
O Sr Sócrates devia era governar o País em vez de andar a dar a mãozinha ao comunista Vital Moreira.O Demagogo que nunca quis estudar vem dar exemplos de cidadania é ridículo, tomara que Portugal passe esta fase
“Arquitecto responsável pelo Freeport constituído arguido
29 MAI 09 às 20:15
Eduardo Capinhas Lopes, arquitecto que assina o projecto do “outlet” de Alcochete, foi constituido arguido no caso Freeport, depois de ter sido ouvido esta semana pelos procuradores responsáveis pelo processo, sabe a TSF.
Os investigadores ingleses interceptaram documentos que atribuem a escolha de Capinhas Lopes para o projecto pela proximidade do arquitecto com o Ministério do Ambiente, na altura tutelado por José Sócrates.
Até ao momento, os dois únicos arguidos do caso Freeport eram Charles Smith e Manuel Pedro, sócios da consultora Smith & Pedro, que tratou do licenciamento do “outlet” de Alcochete.
O processo relativo ao centro comercial Freeport está relacionado com alegadas suspeitas de corrupção no licenciamento daquele espaço em 2002.”
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