Paulo Rangel já deu suficientes provas de que não lhe falta verborreia, mas mostra-se incapaz do mais importante (apresentar ideias e iniciativas politicamente inovadoras e mobilizadoras). Talvez por isso, resolveu enveredar pelos números de circo, julgando que a plateia o leva a sério. E, quanto a mim, não leva. Não obstante, ele persiste. Evidenciando uma vez mais a sua capacidade circense, desta vez e duma só penada, consegue presentear-nos com dois "números":
1. Acusa o PS de estar dividido na posição sobre a continuidade do procurador Lopes da Mota no Eurojust, pressupondo que há contradição entre a posição de Vital Moreira (que declarou que se estivesse no lugar de Lopes da Mota pediria a suspensão de funções enquanto o processo disciplinar decorresse) e a posição do PS (que entende não ser de exigir a sua demissão, antes da conclusão do processo disciplinar). Ora, ele sabe que Vital Moreira não é militante do PS, pelo que não faz sentido falar em divisões no PS a tal propósito e não ignora (faço-lhe esse favor) que pode não haver coincidência de posições, mas contradição é que não há. Contradição só haveria se uma parte se mostrasse a favor da demissão e a outra contra. Ora, como se vê, não é esse o caso.
2. Na mesma ocasião, mostrou-se indignado (não faz a coisa por menos) pelo facto de o próximo debate parlamentar só estar agendado para 17 de Junho, imputando a responsabilidade ao primeiro-ministro, quando, pelos vistos, o PSD (de que Rangel é líder parlamentar) foi "um dos partidos que há duas semanas atrás concordou com isso".
Paulo Pedroso, no local para que remete o link anterior, considera esta atitude uma "gracinha". Eu, no entanto, estou mais inclinado em qualificar o comportamento de Rangel, em qualquer dos casos, ou como palhaçadas, ou como criancices. Seja assim ou seja assado, tendo em conta que Paulo Rangel é o cabeça-de-lista pelo PSD às eleições europeias, talvez não fosse de todo inadequado que alguma boa alma o informasse de que o Parlamento Europeu não é creche, nem é circo.
Adenda:
O próprio Paulo Rangel admitiu ao "Público", relativamente ao agendamento do debate parlamentar, que os deputados, incluindo os do PSD, não contestaram a indicação de 17 de Junho, data avançada pelo Presidente da Assembleia da República . Justificação do "artista": “O Governo recusou o dia 12 e nós não íamos estar lá aos berros”. Não "berra" lá dentro (?) mas cá fora é o que se vê!
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