Louçã não gosta, pelos vistos, que associem o Bloco de Esquerda, de que ele é o único dirigente visível, com a extrema esquerda, o que de facto não deixa de ser surpreendente, vindo de quem dirige um partido que ocupa, sem mostrar qualquer desconforto, antes com agrado, o lugar mais à esquerda do hemiciclo de S. Bento e que, ainda há dias, afirmou que ele (Louçã) é hoje o que sempre foi, um trotskista, por definição, um revolucionário radical.
Ao que parece, prefere, para encobrir o seu radicalismo, situar o Bloco na chamada "esquerda socialista". Só que esta "marca" já tem dono e o lugar da "esquerda socialista" já pertence por direito próprio e histórico ao Partido Socialista que dela se reclama, há muito, mesmo antes do Bloco nascer, partido que ele (Louçã) e o Bloco elegeram como inimigo principal, como se viu durante toda a legislatura, com ataques violentos que chegaram ao ponto de tentar dividir o PS, com o aliciamento de Manuel Alegre (tentativa que, felizmente para o país, saiu frustrada) ataques que se tornaram ainda mais virulentos durante a actual campanha eleitoral, ao ponto de Louçã definir como objecto principal do Bloco, não a derrota da direita (e que direita!) mas sim impedir que o país possa dispor de um governo de maioria liderado pelo PS*. Para Louçã e o Bloco, a vitória consistirá em impedir um Governo PS apoiado numa maioria parlamentar, pretendendo, no fundo, que das eleições resulte não a governabilidade e a estabilidade do país, mas antes o seu contrário, já que não admite qualquer solução de compromisso para assegurar uma e outra.
Louçã pode não gostar do enquadramento político que lhe atribuem, mas terá de se conformar com ele, pois esse enquadramento (extrema esquerda) é o que a história reservou e reserva aos partidos políticos que lhe deram origem. Assumi-lo até lhe ficaria bem. Negá-lo, pode ser politicamente conveniente, mas não é sério, o que é falta grave para quem, a toda a hora, se enfeita com os atributos da seriedade e da transparência.
Não tendo o direito de se situar na "esquerda socialista" e não gostando da colagem à "extrema esquerda", será que Louçã e o Bloco preferem a designação de "esquerda caviar", designação que, já por mais de uma vez, lhe vi atribuir ?
Esta "marca" está livre.
* (Até já sabem que o Bloco cumpriu o objectivo e que agora nada será como dantes. Bruxos ?)
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