A decisão de Passos Coelho de não conceder tolerância de ponto no Carnaval foi recebida com tantas manifestações de desagrado que o homem do leme já começou a fazer marcha à ré.
Assustado com tanta rebeldia, vinda donde menos esperava, a começar pelas regiões autónomas, autarquias, serviços públicos e empresas, Coelho já fez saber que, afinal, "a tolerância de ponto na terça-feira de Carnaval não acabou". Foi simplesmente suspensa, porque estamos num "ano emergência nacional" e porque a troika vai estar por cá durante os festejos carnavalescos e mal parecia que enquanto a troika trabalha, o país estivesse a folgar.
Boas razões, sim senhor, mesmo sabendo que, pelos vistos, "o país vai estar praticamente parado" na terça-feira de Carnaval, quer Passos queira, ou não queira.
Alguém, mal intencionado, diria que o aparente recuo se fica a dever ao facto de Coelho ter receado que lhe acontecesse o mesmo que ao então primeiro-ministro Cavaco, por idêntica decisão.
Eu, que me esforço por ser simpático, embora, verdade se diga, não acredite numa palavra do que ele diz e é por tal que qualifico o recuo de aparente, considero apenas que a justificação não cola e que a emenda não sabe melhor do que o soneto. E por uma razão simples. É que, a ser verdadeira a justificação, Coelho já devia ter instituído o sábado e o domingo como dias de trabalho, porque a "troika" tem o "bom" hábito de nem nesses dias se dar ao descanso. Ou será que a "solidariedade" com a "troika" tem dias ?
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