terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

É chinês, ou mandarim?

Não sei se é pelo facto de o governo ter andado ultimamente envolvido em negócios com empresas chinesas, certo é, porém,  que alguns governantes, como é o caso dos ministros Álvaro e Gaspar falam uma linguagem que não dá para entender. Eu aposto que é chinês, mas não excluo que seja mandarim. Português é que não é.
No mesmo dia em que o governo anuncia, pela terceira vez em cinco meses, mais uma revisão em baixa das perspectivas para a economia portuguesa, apontando, agora, para uma queda de 3,3% do PIB e para um novo aumento desemprego, com este a atingir 14,5%, este ano, vem o ministro Álvaro dizer que "nós estamos em condições muito melhores do que estávamos quando tomámos posse porque estamos altamente e totalmente* empenhados em conseguir uma consolidação orçamental e uma diminuição da trajetória da dívida". 
Lá que ele esteja empenhado em conseguir "uma consolidação orçamental", não duvido. Que ele e o governo de que faz parte consigam alcançar tal objectivo já não creio. O resto muito menos entendo. E não é por mais nada. Aqueles números é que não dão para sustentar tamanha fé.
Por sua vez, o ministro Gaspar que, mesmo em matéria de linguagem, não gosta de deixar os créditos por mãos alheias, perante os mesmos números, garante que “não há evidência de uma dinâmica de ajustamento perverso ou de um ciclo de contracção vicioso”, afirmação que, bem vistas as coisas, nem ele entende, pois que diz ao mesmo tempo que é necessário manter uma “vigilância constante” para “evitar que essas dinâmicas perversas possam confirmar-se”.
Se ele, que fala em chinês (ou mandarim?), não entende, quanto mais eu.

(*O Álvaro não faz a coisa por menos: "altamente e totalmente". O bold, no entanto, é meu.)

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