Cerca de 150 professores representantes de uma centena de escolas de todo o país reunidos no Encontro Nacional das Escolas em Luta aprovaram hoje, por maioria, uma proposta na qual exigem que qualquer acordo entre o Ministério da Educação e a Plataforma Sindical dos Professores seja objecto de um referendo
e também por maioria, aprovaram o alargar à comunidade escolar - funcionários e estudantes - a luta em defesa da escola pública.
A primeira exigência passa sem reparo aqui da casa (é um problema inter pares, como os professores gostam de dizer a propósito da avaliação).
A segunda tomada de posição dá vontade de rir e não é, decerto, para levar a sério. Na verdade, quem observa a luta dos professores ainda não se tinha apercebido de que estes se encarniçavam tanto, porque preocupados com a defesa da escola pública. A ideia que passa e fica é a de que os professores lutam simplesmente pelos seus interesses e ponto final. Há quem defenda a escola pública, mas não são os professores e sobre isso não há hoje a mínima dúvida. Basta atentar no radicalismo e nas forma de luta que têm adoptado, bem como no facto de os professores nunca terem tomado tal atitude no passado, embora há muito se sinta a necessidade de uma escola pública de qualidade, que é, afinal, o objectivo do Ministério da Educação. Nessa luta, porém, nunca se viu o empenhamento da maioria dos professores. E digo a maioria, porque não meto todos os professores no mesmo saco: Há, e sempre houve, professores empenhados e dignos de admiração.
Só o despudor (ou a insegurança quanto à justiça e ao resultado da luta) é que explica o apelo à participação de quem (funcionários e alunos) até agora não foi havido nem achado.
E, já agora, cabe perguntar: Quem são os professores, ou de que privilégio gozam, para se arrogarem o direito de alargar a sua luta a quem quer que seja? Os outros cidadãos deste país não têm vontade própria e precisam de tutores? Quanto arrogância, ó Zeus !
12 comentários:
Pois é verdade: Os tais professores que não mete no mesmo "saco" são menos de 10%. Os tais que não fizeram greve. Devem ser os únicos bons professores. Quanto à defesa da escola pública, claro , só mesmo o Governo e o seu "modernismo" para a defenderem.
Sim! Só faltava esse calhau da defesa da escola pública!Todo o cidadão minimamente atento e até o cego vê que estes ditos representantes de escolas (quem lhes deu o mandato?)querem voltar ao primitivismo do PREC na escola pública . A resposta será sempre um basta !
Zé Mário
Explique lá o que é isso do primitivismo do PREC, a ver se eu entendo.
Aristides Duarte:
Está enganado. No meu "saco" cabe toda a gente: amarelos, verdes e vermelhos ... Quanto à defesa da escola pública por parte da maioria dos professores, com a actual "guerra", sinceramente não vejo, mas o facto tem explicação: Sou míope.
Zé Mário:
Estás a escrever tanto, que estou a pensar em trespassar-te o blogue.
Abraço aos dois.
roponfSim é melhor trespassar. De resto, com "clientes" tão sectários e tão cegos não vale a pena ter um "saco" grande, pois que, se fora eles, bem pode ter a certeza que as linhas escritas do contra não seriam visíveis.
É uma tristeza! Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão!
Sr. Aristides Duarte:
Primitivismo do PREC é a marcha atrás.
Zé Mário
Ainda ao sr. Aristides Duarte:
Por essa forma de raciocínio (cujos números dou de barato), teríamos o sr. Mário Nogueira legitimado para 1ª Ministro..., dono das nossas escolas, e a legislar sobre elas. Haja senso!
Zé Mário
Para o sr. Zé Mário: está a referir-se à marcha atrás, por exemplo no Código do Trabalho, em que o PS fez aprovar propostas com as quais discordou quando era Oposição?
Se os professores nunca ANTES defenderam TANTO a escola pública (como diz que não o fazem nem fizeram) foi porque se atingiu AGORA um ponto de saturação, já intolerável... e porque NUNCA ANTES a escola pública foi tão atacada como agora!
Os professores sofreram, com o novo ECD, o novo modelo de gestão e ESTA avaliação, que veda, à partida, o acesso ao topo da carreira a mais de 70% dos seus profissionais (recordo que todos têm o mesmo conteúdo profissional), um profundo golpe, ao qual, embora muitos o tenham percebido tardiamente, estão agora a dar uma justa e legítima resposta/luta!
Quanto aos ataques à escola pública, agora, tem toda a razão. Desconfio é que não estaremos de acordo quanto aos responsáveis pelos ataques.
Já quanto ao facto de nem todos os professores poderem aceder ao topo da carreira, limito-me a constatar que para si estão em igualdade de circuntâncias os bons e os maus professores só porque todos têm o mesmo conteúdo profissional. Podem ter o mesmo conteúdo profissional, mas o resultado do exercício profissional é que seguramente não é o mesmo. Sim, porque não há só bons professores, também os há maus como deve saber.
Já deve ter ouvido dizer que não chegar ao topo das carreiras acontece em muitas profissões: Nem todos militares chegam a genererais, nem todos os juízes chegam a conselheiros, só para exemplo. A carreira docente, no seu entender, devia ser uma excepção. Porque bulas ? Pergunto eu.
Se antes tinha dúvidas, agora, com o comentarista a defender que todos devem chegar ao topo, e se ele é professor, estamos tramados.
O melhor é varrer tudo primeiro e depois só deixar entrar quem mostrar ser capaz e com espírito de professor.
O professor não pode ter vistas curtas. Mas é o que vemos por aqui.
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