O facto de o ministro dos Negócios Estrangeiros vir declarar que não tem conhecimento da existência de quaisquer documentos em Portugal que comprometam o actual ou anteriores governos no caso dos voos da CIA de transporte ilegal de prisioneiros não afasta as dúvidas sobre a questão, até porque Dias Amado não garante que esses documentos não existam.
É um facto que o documento secreto divulgado em Espanha por "El País", que revela que os Estados Unidos pediram autorização ao governo espanhol, na altura liderado por José Maria Aznar, para realizar escalas em aeroportos espanhóis, não prova que o mesmo tenha acontecido relativamente a Portugal e é também verdade que as referências ao nosso país são da responsabilidade do jornalista. Todavia, não é menos certo que os relatos sobre a passagem pelos Açores de aviões ao serviço da CIA e com destino a Guantánamo não são de hoje e têm sido repetidos.
Mesmo admitindo que não haja os tais documentos, há razões para crer, face a tais relatos, que houve voos e escalas desses aviões em território português. A hipotética inexistência de documentos que comprovem esses movimentos, ficar-se-á, provavelmente, a dever ao facto de os Estados Unidos nem sequer terem tido a gentileza, que tiveram com Aznar, de avisar as autoridades portuguesas. Não me admiraria nada, confesso. De todo o modo, a persistência das dúvidas justifica-se.
2 comentários:
"A hipotética inexistência de documentos que comprovem esses movimentos, ficar-se-á, provavelmente, a dever ao facto de os Estados Unidos nem sequer terem tido a gentileza, que tiveram com Aznar, de avisar as autoridades portuguesas."
Mas é evidente que sim...
Bem sabemos que em Portugal é o que se queira...
Não é preciso avisar nada!!
É tudo moderno. Só uns velhos da chamada esquerda antiga (ou sinistra como outros modernos lhes chamam)é que se preocupam com isso. O resto quer é bola (muita bola) e Magalhães.
Com todo o respeito que me merecem as opiniões já expendidas, acho que não há razão para se dizer que os USA tiveram gentilezas para Espanha e trataram menos bem Portugal.
E isto porque a Espanha não cedeu uma base aos americanos no seu território.E mesmo que haja lá uma base americana parece-me que a situação é totalmente diferente e que não se assemelha à dos Açores. Aqui é uma ilha onde sempre fluiu a ideia de que eles transitavam e não tinham que dar satisfações, quer dizer, embora em certo sentido sobrevoassem território nacional. Não seria bem a mesma coisa ter uma base no Alentejo ou nas Astúrias, por exemplo.
Não conheço, é verdade, as condições do acordo de cedências da base dos Açores, sempre ouvi falar nas contrapartidas, mas a ideia que sempre tive é que aquilo estava cedido aos USA era tido e tratado como território americano, passavam e poisavam lá quando queriam e sem dar cavaco.
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