No passado dia 26 de Novembro, num editorial de que se deu nota aqui, o director do "Público", José Manuel Fernandes (JMF) a propósito da crise do BPN e da associação que vinha sendo feita ao facto de estarem ligados ao caso diversos nomes que fizeram parte dos Governos de Cavaco Silva, alertava para o perigo de o país se arriscar (...) a regressar ao clima de uma guerra de "terra queimada" onde nenhuma referência se salva: nem Governo, nem oposição, nem Presidente", finalizando com um aviso no sentido de que "... numa democracia em tempos de crise, optar pela táctica da "terra queimada" pode ser suicidário". Ao mesmo tempo, JMF insinuava que a associação do nome do PR ao caso BPN seria uma manobra levado a efeito por alguém com interesse em desviar as atenções (alguém que, concluía-se, pelo contexto, só poderia ser o Governo ou o PS).
Hoje é Luciano Alvarez, quem nas páginas do "Público", num comentário intitulado "A moribunda cooperação começa a resvalar para o pântano" afirma haver sinais de que "há uma estratégia do PS para atacar o Presidente da República enquanto político e enquanto cidadão". E os sinais que Luciano Alvarez detecta resumem-se aos seguintes factos: recusa do PS em "mexer no texto do Estatuto dos Açores"; recusa do PS em dar seguimento à sugestão do PR no sentido de ser criado um mecanismo de acompanhamento da nova Lei do Divórcio; tomada de posição de um assessor do primeiro-ministro que terá criticado em Outubro o veto presidencial ao Estatuto dos Açores; e finalmente, a referência, por parte de José Lello à "existência de rumores sobre Cavaco Silva e o BPN" (facto este tão grave ou tão pouco quanto as notícias que o Público foi veiculando sobre o assunto, ou quanto as declarações de Pedro Passos Coelho sobre o provável desconforto que toda a envolvência do caso estaria a criar em Belém).
Hoje é Luciano Alvarez, quem nas páginas do "Público", num comentário intitulado "A moribunda cooperação começa a resvalar para o pântano" afirma haver sinais de que "há uma estratégia do PS para atacar o Presidente da República enquanto político e enquanto cidadão". E os sinais que Luciano Alvarez detecta resumem-se aos seguintes factos: recusa do PS em "mexer no texto do Estatuto dos Açores"; recusa do PS em dar seguimento à sugestão do PR no sentido de ser criado um mecanismo de acompanhamento da nova Lei do Divórcio; tomada de posição de um assessor do primeiro-ministro que terá criticado em Outubro o veto presidencial ao Estatuto dos Açores; e finalmente, a referência, por parte de José Lello à "existência de rumores sobre Cavaco Silva e o BPN" (facto este tão grave ou tão pouco quanto as notícias que o Público foi veiculando sobre o assunto, ou quanto as declarações de Pedro Passos Coelho sobre o provável desconforto que toda a envolvência do caso estaria a criar em Belém).
Na perspectiva do jornalista e comentarista estes factos têm tal gravidade que o homem não está com meias medidas e vai de qualificá-los como "terrorismo político"! Nem mais, nem menos.
Que dizer perante estes escritos?
Falar em "guerra" e "terrorismo político" perante divergências absolutamente normais numa democracia, não só é claramente excessivo, como legitima, a meu ver, que se tire uma de duas conclusões: Ou (o que é mais provável) estamos perante uma nova estratégia do "Público" e do seu director que visa, sob o aparente tomar das "dores" do Presidente da República, continuar o ataque contra o Governo e o PS a que JMF já há muito se vem dedicando sob os mais diversos pretextos; ou (hipótese menos provável) o Público foi transformado pelo seu director, sponte sua, em órgão oficioso de Belém. Das duas uma, repito. JMF, que escolha.
1 comentário:
quagsrExactamente: qualificar divergências que têm de ser consideradas normais em democracia como se fez, pode ser considerado próprio de quem ainda não se habituou a viver em democracia.
Bom, no tempo de Salazar, sim, havia coisas que não deviam ser ditas porque eram consideradas "terrorismo" ou poderiam "abalar as mentes" dos bons portuguesesesss... e, dessa forma bacoca e mesquinha estava justificada a censura e a liberdade de expressão e tudo o mais que tais mentes tacanhas engendravam.
Portanto, vamos lá a distinguir: falem contra ou a favor e à vontade, MAS com resteito, este é o limite, e habituem-se à democracia.
Continuo convencida que em Portugal temos um problema grave de mentalidade e de sede de poder. Os jornais têm algum, mas não podem abusar porque a malta já começa a topar...
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