segunda-feira, 29 de junho de 2009

Não disse o que disse .

O Presidente da República emitiu um comunicado para dizer que não emitiu quaisquer “juízos sobre o processo judicial envolvendo cinco ex-administradores do BCP”, comunicado em que se transcreve a seguinte gravação:
"PR: (…) É importante que os responsáveis da empresa de telecomunicações expliquem aos portugueses o que é que está a acontecer entre a PT e a TVI. É uma questão de transparência! E eu já tive ocasião de dizer publicamente que uma das lições mais importantes que se deve tirar desta crise económica e financeira que estamos a viver é a de que deve existir transparência e ética nos negócios. E eu não acrescento, neste momento, nem mais uma palavra.”
Jornalista: A história do BCP… não teme, enquanto Presidente da República, que os portugueses…, que isto seja o descrédito da banca e que deixem de acreditar nos Bancos?
PR: A Banca é muito importante para o funcionamento de uma economia. Economistas dos mais famosos dizem que não há crescimento económico sem estabilidade do sistema financeiro e, por isso e bem, a reunião do G20, que teve lugar em Londres – e, ainda recentemente, tive ocasião de discutir os resultados com o Primeiro-Ministro Gordon Brown - ou as decisões recentes tomadas pelo Conselho Europeu vão no sentido de garantir a estabilidade do sistema financeiro internacional, porque é uma condição para a retoma da confiança. Confiança de empresários, confiança dos consumidores para que possamos assistir a uma recuperação mais forte da economia. E, portanto, entendo que nada deve ser feito que possa impedir este conjunto de medidas, que têm vindo a ser anunciadas a nível internacional para estabilizar o sistema financeiro e, mais uma vez, vêm ao de cima os dois princípios fundamentais que foram violados nesta crise e que agora devem ser repostos: transparência e princípios e valores éticos no mundo dos negócios.
A pergunta era sobre o BCP. O Presidente até parece que ouviu, pois responde à pergunta. Reconhecendo embora que o Presidente não se refere ao processo em si, a verdade é que, no contexto da pergunta, é difícil não ver que a repetida referência à transparência e aos valores éticos só podia ter a ver com os administradores do banco. Isto digo eu, que julgo também que negar hoje, o que se disse ontem, está a fazer escola. Neste caso, porém, é o "mestre" (Cavaco Silva) a aprender com a "aluna" (M. Ferreira Leite). E, verdade seja dita, nesta matéria, o "mestre" ainda tem muito que aprender.

1 comentário:

Quint disse...

O cavalheiro mudou imenso; onde antes era sisudo e cara de pau agora é todo falinhas mansas, sorrisos e adepto da transparência.
Não sei porquê mas está-me cá a parecer que a transparência dele é coisa diversa da minha!