segunda-feira, 8 de junho de 2009

Arrogância a mais ...

Que o PSD foi o partido vencedor das eleições europeias é um facto e reconhecê-lo é obrigação de qualquer democrata. Tal não significa, no entanto, que assista ao PSD qualquer legitimidade para, na sequência de tal vitória, vir, uma vez mais, exigir que o Governo se abstenha de tomar decisões, como se a sua legitimidade se tivesse esgotado com estas eleições. Tal exigência não é legal, nem constitucional: as eleições realizadas ontem foram eleições para o Parlamento Europeu e não para a Assembleia da República de cuja composição resulta a formação do Governo. Enquanto Manuela Ferreira Leite (ou alguém por ela) não se submeter a sufrágio, em eleições legislativas, o PSD não conta com mais deputados na Assembleia da República do que os que já tinha, continuando, por isso, em minoria e, de acordo com as regras constitucionais, é como tal que terá de intervir na vida política. Constitucionalmente, com esta vitória do PSD, nem a actual maioria parlamentar ficou enfraquecida, nem os partidos vencedores viram a sua posição reforçada. Não subsiste, pois, do ponto de vista constitucional, qualquer dúvida sobre legitimidade do actual Governo nem sobre a sua capacidade para o pleno exercício da acção governativa. Sobre esse exercício se pronunciarão os cidadãos na altura própria e dirão de sua justiça.
Até lá, o PSD tem todo o direito de se regozijar e de festejar a sua vitória e de tirar todo o proveito dela, se o conseguir. O que não pode é fazer exigências que a lei lhe não consente. Proceder de tal forma é, no mínimo, revelador de um espírito pouco democrático. E, já agora, diga-se, arrogância a mais, face à modéstia dos números: contando o PSD com 31,68 % dos votos(menos de um terço dos votantes) num universo constituído por cerca de um terço dos eleitores inscritos, tal significa que o PSD recebeu o apoio da nona parte do eleitorado, se a minha matemática não falha. Não parece ser caso para grande embandeirar em arco! Acho eu.
(reeditada)

13 comentários:

Anónimo disse...

Tudo é relativo.

Foi o melhor que o povo quis dar.

Claro que foram europeias.

Constitucionalmente falando o governo actual tem maioria absoluta.

A garrafa está, pode-se dizer, para uns meio cheia ou meio vazia (discurso que dá para os dois lados) e, para outros, está quase ou completamente cheia.

Sensibilidade e bom senso, depois de uma coisa que pode ser um sinal, é outro patamar para onde a lei não é chamada.

Cumprimentos.
AF

Anónimo disse...

Vamos a ver:

Disse que o PSD ganhou por pouco e com muita abstenção e que não há razões para embandeirar em arco?

E nas últimas eleições para o parlamento europeu o PS ganhou por muito mais?

NÃO e NÃO!

E houve mais participação eleitoral?

NÃO E NÃO.
É bom que se recordem, para não desmerecer a vitória.
Fernando Trigo

Francisco Clamote disse...

Caro Fernando Trigo:
A sua afirmação de que nas últimas eleições para o parlamento europeu o PS não ganhou por muito mais não é verdadeira. Recordo-lhe que o PS obteve 44,53% nas anteriores eleições europeias, o que é, numa democracia como a nossa, com vários partidos na luta pelos votos, bem mais. Tanto que dá para obter uma maioria absoluta em eleições legislativas. Não é, no entanto, esse o ponto essencial do meu "post". O que não me parece aceitável é que se pretenda confundir eleições para o PE com eleições para a Assembleia da República.
Eu sei que no PSD há muita fome de poder, mas a sofreguidão não costuma ser boa conselheira. Isto digo eu que não vou a correr votar no PSD, claro está.

Anónimo disse...

Para além da abstenção, arrisco-me a dizer que quem foi votar, na sua grande maioria, estava-se nas tintas para a Europa, o que não é de espantar, pois apesar de ter ouvido pouco, nunca ouvi falar da Europa em nunhum partido, o que as pessoas todas, risco meu, foi votar foi: uns , no seu partido, pois votam sempre, pois perderam o descernimento de separar o trigo do joio, outros foram votos de revolta contra um PS, autista, arrogante, que só sabe encher os bolsos e mentir, que parece que vive noutro planeta! Quem não quiser perceber isto é tão autista como o Governo.
E concordo, quando o António Barreto diz que , depois destas eleições, o governo deverá ter a humildade( será que conhece esta palavra?), de não comprometer as gerações futuras com projectos megalómanos. Autoridade constitucional até tem, mas a palavra ÉTICA já não vale nada?
Onde pára, não a polícia, mas o meu P.S.?

Francisco Clamote disse...

Como me parece evidente, só o meu amigo é que pode saber onde pára o "seu" P.S. Quanto ao mais, fique-se na sua, que eu fico-me na minha. Temos igual direito, como é óbvio. Cumprimentos

Anónimo disse...

"Onde pára o meu PS?"

Isso é o mesmo que dizer onde pára o "meu 25 de Abril", ou não é?
Caro amigo: um e outro foi-se.

O "seu" PS, não é o PS de hoje, pois que, este, é o de Sócrates, nunca o de Manuel Alegre, Cravinho e nunca, também, o de outros, (MUITO POUCOS) que não alinham naquilo que acintosamente se pode chamar de carneirada.


Lembram-se do PS do António Barreto?

Ou o da Helena Roseta, que é como quem diz e lembram-se do PC de Vital Moreira, do Carlos Brito, e de outros que foram desembocar no PSD?


Aqui se me permitem derimir esta dissenção entre proprietário do Blogue e o comentador, direi que ambos têm razão, tudo depende do ponto de vista.

MAS, se o estado actual representasse uma depuração ou lapidação do ideal do 25 de Abril, tudo estaria bem.

Hoje, cedeu-se, e muito se esboroou.

Cumprimentos e Bom feriado.

Francisco Clamote disse...

Nada a acrescentar, meu caro, a não ser retribuir os votos de bom feriado. E os cumprimentos.

capitolina disse...

Voltando ao post do Francisco: sabe o k a mim nessas lides me deixa já indiferente?
É saber que se onde está o PS estivesse o PSD e vice-versa, o clamor seria exactissimamente o mesmo.O PS reclamaria do PSD k não governasse além da chinela, que a sua autoridade estava comprometida etc. etc.
Quem duvida de que seria assim?
Eu que sou optimista creio k as legislativas darão vitória ao PS, pois faltará confiança aos eleitores na maltinha do PSD. Se Sócrates os não faz felizes, recearão depois ser ainda mais maltratados...

Kruzes Kanhoto disse...

O PS perdeu 600 mil votos. Um terço do seu eleitorado. Significa isso que teve uma derrota estrondosa. Humilhante, até.

O pior é que o engenheiro não percebeu a lição, coisa que nem surpreende, e garantiu que vai seguir o mesmo rumo. O que significa que, mesmo ganhando à tangente as proximas legislativas, daqui a 4 anos perderá um milhão e duzentos mil votos e o PS desaparcerá enquanto partido. Isto se não fizer desaparecer o país primeiro.

Francisco Clamote disse...

Cara Capitolina:
A sua dúvida sobre se o PS, em circunstâncias semelhantes às actuais, procederia de forma igual à do PSD tem resposta comprovada historicamente: em 2004 o PS venceu as eleições europeias, com 44,53% dos votos e não só não fez quaisquer exigências ao governo de Durão Barroso como também não tentou impedir que o PSD formasse novo governo liderado por Santana Lopes após a saída daquele para presidir à Comissão Europeia.

Francisco Clamote disse...

Caro Kruzes Kanhoto:
Respeito a sua opinião, mas o meu ponto de vista está nos antípodas do seu. Se Sócrates invertesse o "rumo" então sim consideraria eu que estaria a ser oportunista.
Se a política seguida pelo actual governo não for do agrado do eleitorado este só tem de se pronunciar em conformidade. Vai, aliás, poder fazê-lo em breve. Digo, por isso, que o seu receio de ver o país desaparecer é manifestamente exagerado!
Cumprimentos.

Anónimo disse...

é só para dizer que este"chat" está animado! Aguardemos com serenidade!

capitolina disse...

Sim, Francisco, mas aí havia uma grande diferença . Quanto tempo tinha de governo essa legislatura do D. Barroso? Quanto faltava para terminar o mandato? E agora?
É que aí, eu, desiludida pelo k muitos políticos têm sido e pela política k têm feito, acho esses dois partidos mais semelhantes do k eu gostaria. Apesar de agora ter votado no VM, já sou do partido dos votos em branco, há muito. E vi com agrado k estamos em crescendo. Nós vamos votar. Nós estamos lá. Não reconhecemos é ninguém dos k se apresentam para nossos representantes.