Ontem, afirmava: "O que tem de se saber é se somos capazes de formular juízos ponderados sobre quem decide, criticando quando discordamos e aplaudindo quando, afinal, eles acabam por chegar à nossa razão. A continuar assim, ancorados no conforto de dizer mal de tudo e do seu contrário, dispostos a jogar à defesa só por medo de falhar, só resta o caminho que nos está a levar ao cinismo e ao desespero" e "O que importa saber é se se fecha o país num casulo à espera que a tempestade passe ou se vale a pena acreditar que é em tempos difíceis que se fazem as grandes escolhas".
Convenhamos que este discurso se compagina mal com o "Pára tudo" de Manuela Ferreira Leite ou com o manifesto dos 28 (de que não se esqueceu) ao afirmar que "a terapia sugerida por políticos ou personalidades influentes pode ser perigosa ".
Hoje, aparece a contrariar a indisfarçável "inclinação presidencial" (coincidente com a posição do PSD e da sua líder) para a marcação simultânea das eleições legislativas e autárquicas, ao exarar estas considerações: "Fazer eleições simultâneas pode significar poupanças, pode evitar o cansaço dos eleitores, pode satisfazer a maioria dos que respondem às sondagens do Presidente e pode até [e sobretudo, acrescento eu] satisfazer os desejos estratégicos do PSD. Mas, caso seja tomada, essa decisão significará também um grave atentado contra a saúde democrática de centenas de autarquias nacionais". Isto porque "o silenciamento do debate autárquico imposto por uma eleição simultânea teria custos (...) graves nas autarquias, (...) palcos onde, afinal, a democracia mais padece dos males da prepotência, do caciquismo e do nepotismo", sendo que " é no decorrer das campanhas autárquicas que muitos dos problemas e dos atentados à democracia chegam ao conhecimento do país (...).
Pese embora o título, não estamos perante nenhuma "revolta", como é óbvio. Trata-se, tão só, de um ensaio de independência. Que não irá longe, por certo, mas que, entretanto, se louva.
(reeditada)
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