Não me reconheço nenhuma autoridade em matéria de política internacional, mas mesmo assim, perante mais este atentado cometido pelo Estado de Israel, desta vez contra um navio dum país membro da NATO (a Turquia) não posso deixar de me interrogar, perante o silêncio e a inacção da NATO, para que serve esta organização militar internacional.
Dir-me-ão que a NATO está no Afeganistão e noutros pontos do globo a lutar contra o terrorismo e em prol da paz mundial. Não me parece, no entanto, que o principal foco de tensão mundial esteja no Afeganistão, mas sim no Médio Oriente. Aqui sim pode estar em perigo a paz mundial enquanto não for resolvida a questão palestiniana, questão que, duma maneira ou doutra está relacionada com o terrorismo islâmico. Na verdade, mesmo que se aceite que o terrorismo procedente de sectores islamitas tem raízes mais fundas, a verdade é que o modo como Israel tem tratado, com a complacência do mundo ocidental, os palestinianos e a questão palestiniana em nada contribui para o apaziguamento, antes tem servido para incendiar os ânimos no mundo muçulmano.
O risco de um confronto sério a nível mundial está no Médio Oriente e as chancelarias ocidentais devem-no saber melhor do que eu, até porque também sabem que Israel possui armas nucleares, sendo também verdade que o senhor Benjamin Netanyahu não é propriamente um modelo de prudência, nem de moderação, a exemplo, aliás, de alguns antecessores.
Perante um ataque, ilegal do ponto de vista internacional e criminoso (porque morreram pessoas, às mãos de soldados de Israel) dirigido, em águas internacionais, contra um navio dum país membro, era expectável alguma atitude por parte da NATO e dos países que integram a organização que não fosse a hipócrita lamentação do "incidente". No mínimo, é exigível à NATO e aos países membros que assegurem a livre circulação no Mediterrâneo e que ponham termo ao vergonhoso bloqueio a Gaza que, pelos vistos, até impede o envio de ajuda humanitária.
A inacção duma e doutros só prova que a NATO não passa de um "pau mandado" dos Estados Unidos e que mais não faz do que intervir quando e onde tal for do interesse do "dono". Mas sendo assim, a manutenção da organização não faz nenhum sentido, até porque a Rússia já não é nenhum "papão". A menos que, para os países membros, continue a fazer sentido desempenhar o papel de criados.