"De súbito, toda a gente quer o PS", da direita à esquerda, escreve Leonel Moura, em excelente crónica, onde explica porquê:
"O PS tornou-se no centro da vida política nacional. É o partido da classe média, da iniciativa, da modernização e o único capaz de empreender reformas significativas na sociedade portuguesa. Muitos dos grandes saltos qualitativos das últimas décadas, na saúde, no ensino, na Administração Pública, na ciência, na tecnologia, na energia, devem-se ao PS. É o partido identificado com a mudança e com a inovação. O único que tem gente e capacidade para elaborar visões estratégicas e não se fica pela simples gestão de receitas criadas por outros."
Leonel Moura não só tem razão no que escreve, como parece que adivinhava o que se iria passar, este fim de semana.
De facto, durante a Convenção do Bloco de Esquerda que hoje terminou, várias foram as vozes a propor ao PS uma espécie de "casamento" para a formação dum "governo de esquerda", mas condicionado à condição de o PS aceitar "rasgar o memorando", implicando, pois, a celebração duma espécie de "convenção antenupcial" com cláusulas que o PS dificilmente poderá aceitar, tendo em conta a versão proposta pela maioria saída do conclave bloquista.
Isto foi o bastante para logo aparecer (olha que peça!) o deputado e vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim a fazer uma cena de ciúmes, denunciando "o jogo de sedução que o Bloco de Esquerda lhe [ao PS] está a fazer neste momento e que nos parece ser uma solução completamente enviesada, contrária ao caminho da liberdade, da democracia, do euro, da responsabilidade e da credibilidade, que é aquilo que Portugal precisa" e desafiando o PS para aceitar o "convite sério, patriótico que o Governo e a maioria lhe fizeram ".
Suponho que o PS já disse o suficiente sobre o que pensa da seriedade e do patriotismo do "convite do governo e da maioria", mas o deputado Amorim, pelos vistos, é, além do mais, duro de ouvido e não percebeu que a resposta ao convite foi uma recusa. Passemos, pois, adiante.
Requisitado à esquerda e à direita, está o PS, por isso mesmo, nas melhores condições para ser ele a decidir sobre o que é mais conveniente para o país, em termos de posicionamento político. Dar a mão a esta direita para fazer o que ela pretende parece impensável. Um entendimento à esquerda, se bem que desejável, passará certamente por uma negociação. Se o BE se mantiver irredutível na suas posições não me parece que se chegue ao "noivado" quanto mais ao "casamento".
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