A "lista VIP", a tal que não existia, já provocou duas baixas na administração fiscal. Depois do cordeiro que, para remissão dos pecados alheios, achou por bem sacrificar-se (o director-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, António Brigas Afonso) também o subdirector-geral da Justiça Tributária e Aduaneira, José Maria Pires, se viu forçado a servir de bode expiatório do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio. Este poderá ser o senhor que se segue, se não conseguir livrar-se da responsabilidade que lhe é assacada pelo Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos.
É verdade que, até agora, Passos Coelho não lhe retirou a sua confiança e compreende-se facilmente que assim seja. Tudo visto, Coelho é o primeiro interessado em manter a ficção de que a lista não era do conhecimento do governo. Todavia, a versão de Coelho dificilmente se manterá de pé, pois não é crível que uma decisão sobre uma matéria tão sensível tenha sido tomada pela Autoridade Tributária, sem o acordo do governo, se é que a iniciativa não partiu do próprio governo.
Tais considerações, se em Portugal houvesse um Presidente da República, poderiam até levar a questionar a permanência do governo de Passos Coelho em funções. Mas, como é sabido, desde que Jorge Sampaio terminou o seu segundo mandato, Presidente da República é figura que, em Portugal, não há.
1 comentário:
O peixe graúdo é que continua colado à rocha
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