quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Intolerável ... diz ele

Que se considere a proposta do primeiro-ministro como demagógica, vá que não vá, pois, a ser verdade que apenas 1% dos contribuintes declara mais de 100.000,00€ de rendimento anual, a receita fiscal que se obteria por essa via não acabaria com a situação de carência dos pobres por quem viria a ser distribuída, nem tal seria alcançável a curto prazo, mesmo que a receita obtida fosse de elevado montante, pois o aumento dos impostos sobre os rendimentos pessoais não iria produzir efeitos imediatos, como é sabido.
Agora intolerável é que não. Intolerável é aquilo que é inadmissível ou até impensável. Ora, aumentar os impostos para os ricos, numa situação de crise, é não só admissível, como poderá ser justo, se por essa forma for possível acabar com situações de extrema pobreza. Do que duvido, pelo que já disse.
Pelo contrário, há que dizer, já que estão em causa as declarações de um patrão, que intolerável é o denunciado aproveitamento da crise por alguns patrões para fazer despedimentos, quando não está em causa a sobrevivência das empresas, mas apenas a não diminuição dos lucros.

4 comentários:

Anónimo disse...

INTOLERÁVEL?
«(...) se por essa forma for possível acabar com situações de extrema pobreza. Do que duvido, pelo que já disse».
--
Claro que não acaba com nenhuma pobreza por essa via.
Como vê, acaba por não ser "intolerável" porque com essa medida o governo não vai a lado nenhum.
Se cá morasse o Sr Staley Ho e o começassem a carregar de impostos ele mudava-se para o BraZil ou para a Birmânia etc. Fazia cá falta?

O Snhor Alexandre S.Santos sabe muito bem o que diz, é homem experiente e onde chegou mostra que tem mérito e não fala da boca para fora.
Se começarem a carregá-lo de impostos , se calhar vai para a Polónia para onde eu tb iria, embora não seja rico, mas remediado e da classe média em vias de extinção.
A Polónia se não estou em erro é um daqueles países que defendem ou praticam as tais "flat taxes".

Se a pobreza é o cancro, temos bom e excelente remédio: o desperdício dos dinheiros públicos, esse dinheiro desperdiçado chega e sobra para acabar com a pobreeza e a fome.

O que é intolerável é que alguns patrões se aproveitem da crise para despedir pessoas, isso sim!
Podem até ser medidas impecáveis de gestão, mas são desumanas.
Mas o recente debate parlamentar foi expressivo: o governo acabou de entregar dinheiro a empresas para manterem postos de trabalho e elas empresas estão a despedir...

Entregar 42,% dos rendimentos de trabalho ao Estdo já é muito duro, seja para quem for e isso é o que está no OE - 64-A/2008 de 31.12.
É que depois paga na mesma IVA, IMT, IMI etc.
Se a seguir lhe disserem: agora ainda vais ter que pagar toda a saúde e a educação quando ele já paga isso nos colégios privados, então ele vai sentir-se no meio da caca ou então fica se gostar de chafurdar e de ser chafurdado.
Tudo tem limites.
Não se esqueçam que existe uma taxa liberatória de 20% para os grandes lucros dos investimentos em negócios financeiros.
Como aí não querem chegar, vão apanhar meia dúzia de excelentes profissionais liberais que vão obrigar a partir.
O que é demais é erro.

Artur Basto

Francisco Clamote disse...

"Entregar 42,% dos rendimentos de trabalho ao Estado já é muito duro, seja para quem for e isso é o que está no OE".
Pois é, e eu, que ao pé do senhor A. S. Santos sou um pobretanas, que o diga! Mas não me queixo, pois tenho a noção de que, pagando o que pago, vivo bem melhor do que muitos portugueses.
"Não se esqueçam que existe uma taxa liberatória de 20% para os grandes lucros dos investimentos em negócios financeiros".
Julgo que há aqui uma contradição no seu discurso. Se for aumentada a taxa liberatória dos 20% que é aplicada não só aos lucros financeiros mas também aos simples juros dos depósitos (como me parece advogar) será que os capitais não emigram também, como é seu receio em relação aos "excelentes profissionais liberais"? Em que ficamos?

Anónimo disse...

Se a lógica é taxar de acordo com os valores dos rendimentos recebidos, isto é, progressivamente como no IRS, então a taxa liberatória de 20% terá de ser a equivalente aos rendimentos que sejam recebidos em IRS ou igual.
Mas se esses rendimentos de juros e lucros em acções forem de 100.000 Euros, também terão de pagar 42,%.
Acham muito? Eu se calhar até acho, como o acho em relação aos rendimentos do trabalho.
Eles fogem para o estrangeiro com os capitais e não podemos taxar mais alto?
Pois bem que fujam.
O importante é que o sistema fiscal seja justo e não o é.Se o for ninguém foge!
Portanto se o sistema for equilibrado, os titulares de rendimentos de capitais poderão pagar um pouco mais (sem exagerar) e os proprietários de imóveis pagarão um pouco menos.
Estes se tiverem o dinheiro no banco, vão utili~´a-lo para comprar, vão pagar IMT, depois ficam a pagar IMI, mais reparação , mais tx de esgoto e outras alcavalas.
Por isso, é que nós vemos certas pessoas que preferem ter os seus dinheiros de uma forma pouco rígida, pagar a taxa liberatória e
viver em casa arrendada de preferência de rendas antigas.
Eu sei, todos o podem fazer , a lei até é igual para todos...
Portanto o sr. PM está a ser demagógico ou a perder a noção das realidades. Se há crise então que a paguem todos, mas pelo que vejo ou entendo que é dito só se fala na taxa dos 42,% do IRS.
Eu não tenho esses rendimentos, mas não acho justo nem equilibrado.
Artur Basto

Francisco Clamote disse...

Caro Artur Basto:
Num mundo ideal estaria inclinado a concordar consigo. Vejo, no entanto, que não é o facto de a taxa liberatória ser considerada baixa que impede que quem tem meios para isso continue a procurar os paraísos fiscais. O que me leva a concluir que talvez o meu amigo não tenha inteira razão.