Não há político que se preze (ou que tenha direito a menosprezo) que não tenha a preocupação e não envide esforços em publicitar a obra feita. É natural, tanto mais que estamos em ano de eleições.
O que já não é natural (e muito menos curial) é que alguém procure coroar-se com "louros" que lhe não pertencem. É isso, no entanto, o que faz a presidente da Câmara de Almada, em texto que abre o Boletim da Câmara Municipal de Almada (nº 146, deste mês) em que a edil almadense chama a si os "louros" por uma série de realizações levadas a cabo pela Administração Central (ou seja pelo Governo da República) e que vão desde o Hospital Garcia de Orta, ao Palácio da Justiça, passando pelas unidades de saúde, instalações da GNR e da PSP, Metro, Polis da Caparica, incluindo também construções simplesmente anunciadas, como a Estrada Regional 377-2 e o IC 32 (Trafaria/Coina).
É verdade que a presidente da Câmara afirma que "Há, sem dúvida, que reconhecer a intervenção dos governantes para resolver problemas da sua responsabilidade e competência, em Almada como no resto do país, como é seu dever". Até parece, por estas palavras, que a "intervenção" dos governantes foi coisa de somenos. Os méritos, pelos vistos, cabem-lhe a ela. Tanta modéstia até espanta. Pena é que não tenha levado a modéstia ao ponto de reconhecer que os atrasos verificados na conclusão e entrada em funcionamento do Metro, bem como nas obras do Polis da Caparica são, senão na totalidade, pelo menos em boa parte, da responsabilidade da Câmara a que preside.
E, já agora, por que não reivindicar também os "louros" na não requalificação da frente ribeirinha de Cacilhas (uma vergonha) tantas vezes prometida e nunca concretizada? Ou na não resolução do destino a dar aos terrenos da Lisnave?
É evidente que a Câmara de Almada (há décadas com a actual maioria da CDU) tem obra feita, não lhe podendo ser negado mérito pelas realizações levadas a cabo. Todavia, problemas por resolver também não faltam. Os dois apontados e os problemas do trânsito na cidade, agora agudizados com as obras do Metro, são apenas alguns. A responsabilidade pela não solução desses e doutros também não pode e não deve ser escamoteada. Digo eu.
Sem comentários:
Enviar um comentário