Não vale a pena tentar esconder o sol com a peneira: os números hoje divulgados pelo INE sobre a taxa de desemprego no primeiro trimestre deste ano (12,4%) são preocupantes, mesmo descontando o efeito derivado da nova metologia adoptada pelo INE, uma vez que, mesmo seguindo a anterior metodologia, sempre se teria verificado um aumento da taxa de desemprego (11,4% que é superior, quer quando comparada com a taxa de 11,1% apurada no trimestre anterior, quer em relação à taxa de 10,6% referente ao primeiro trimestre de 2010).
São preocupantes, dizia eu, em primeiro lugar, para os trabalhadores atingidos, mas também para toda a sociedade, já que o desemprego afecta o desempenho da economia do país em geral. Mas, como seria de esperar, há sempre umas tantas carpideiras em todos os quadrantes políticos da oposição para quem os números são bem-vindos, porque esperam extrair deles dividendos eleitorais. Não vejo, no entanto, que haja motivo para grande satisfação por parte desses sectores, porque a haver responsabilidade dos poderes públicos pela situação (quod erat demonstrandum) as diferentes oposições não podem muito simplesmente lavar daí as mãos. É que, numa situação política de Governo minoritário, como a que vivemos, com uma Assembleia da República em que as oposições dispunham de maioria, estas não estão livres de responsabilidade em tudo quanto diz respeito à governação, pois, não só podiam, como deviam, tomar as inciativas que julgassem do interesse do país. Ora, não me consta que, alguma vez, se tenham concertado para tomar qualquer providência na área do emprego. Se foram capazes de se entender para, por mais que uma vez, boicotar a acção do Governo e para o derrubar, é estranho, no mínimo, que não tenham sido capazes de se juntar para resolver o premente problema do desemprego. Daí que pergunte: as lágrimas derramadas pelas carpideiras não serão apenas "lágrimas de crocodilo"?
Não era, porém, este o último ponto a que queria chegar. Ao trazer aqui os dados do desemprego, parece-me também oportuno chamar a atenção para "as cobras e lagartos" que se disseram, aquando do anúncio pelo INE de que ia optar por uma nova metodologia para apurar os números do desemprego. Convém, com efeito, lembrar que, na altura, as vozes da oposição garantiam, em coro, que a nova metologia mais não era que uma forma de camuflar os verdadeiros números do desemprego. Para beneficiar o Governo, como é bom de ver.
Pois bem, com os números agora divulgados, a "camuflagem" eclipou-se, mas ficou à vista de toda a gente, a forma "séria" como as forças políticas da oposição andaram a fazer política nos últimos anos.
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