Estou francamente inclinado, embora por motivos diferentes, a concordar com o Miguel Relvas quando este afirma que "ainda há uma parte do eleitorado que quer ser enganada". De facto, são tantas as contradições no discurso da equipa dirigente do PSD, a começar no seu presidente e acabar no próprio Relvas, secretário-geral que é difícil saber as linhas com que o partido se cose. Isto passando por cima das "bacoradas" dum Eduardo Catroga (que só uma aparente senilidade precoce pode justificar) ou das anedotas do vice-presidente Diogo Leite de Campos, com a invenção do seu "cartão de débito" para os "aldrabões" dos "pobrezinhos".
Tirando os ataques mais soezes contra o PS e o seu secretário-geral, com estilhaços a atingir a própria família de José Sócrates ("Eu no lugar do engenheiro Sócrates tinha vergonha, eu se fosse parente do engenheiro Sócrates escondia que era parente dele"*) o que é que sobra de compreensível que se possa extrair do discurso desta gente? Nada, porque o afirmado de manhã, deixa de ser verdade à noite. Exemplos: a revisão constitucional, anunciada com fanfarras, está escondida na gaveta; o aumento de impostos anunciado em Bruxelas por Passos, confirmado e explicitado em Lisboa, por Relvas, desmentido horas depois, é agora substituído por um enigmático mix de impostos que o citado Catroga guarda na cabeça.
E que dizer da cacofonia que resulta de ouvir Passos Coelho a prometer que não corta mais nos salários, nem fará despedimentos, quando, ao mesmo tempo, considera que apresentar o seu programa eleitoral antes de se conhecer o quadro de ajuda financeira da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional "seria uma brincadeira". E não será o mesmo Passos Coelho (o especialista em farófias) quem passa a vida a acusar o Governo de fazer "batota" com as contas públicas?
Será isto conversa de gente séria ?
Sabendo-se o que hoje se sabe destas figuras menores, Passos e Relvas, como não considerar que Manuela Ferreira Leite se revelou uma mulher sábia, quando os excluiu das listas dos candidatos a deputados nas últimas eleições legislativas?
Embora contrariado, curvo-me perante tanta sabedoria!
(*) Afirmação de Miguel Relvas que pode servir, para qualquer efeito, como excelente exemplo de baixeza moral.
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