A discussão sobre quem recai a culpa da situação a que "isto" chegou, se sobre a troika, como quer a direita, se sobre o governo, é, a meu ver, uma questão em grande parte bizantina, porque não leva a lado nenhum: nem a acção da troika é escrutinável pelos portugueses, nem parece que haja alguém que esteja em condições de responsabilizar a troika pela desadequação das medidas por ela patrocinadas ou impostas e menos ainda quem esteja em condições de a despedir.
A discussão deve pois centrar-se na acção dos órgãos de soberania portugueses, que a esses, sim, podem e devem os portugueses pedir contas. A começar pelos actuais governantes, entendido o termo de forma a abranger o presidente da República e a acabar nas forças políticas que forçaram ou foram cúmplices na vinda da troika que, é bom lembrar, não entrou Portugal adentro, por sua iniciativa.
Sabe-se que foi o Governo de José Sócrates quem assinou o memorando, depois de negociado com a participação do PSD e do CDS, mas também se sabe que, se alguém se opunha e opôs, enquanto pôde, à entrada dos representantes do FMI, UE e BCE, foi Sócrates, o qual acabou por subscrever o memorando apenas e só porque, com a subida dos juros da dívida pública desencadeada após a queda do Governo na sequência da reprovação do PEC IV, não havia outra alternativa e o Governo, ainda que em gestão, era formalmente o único órgão de soberania com alguma (aparente) legitimidade para o fazer. Aparente, digo eu, porque duvido muito que a competência de um Governo de gestão pudesse (e possa) ir ao ponto de assumir os compromissos decorrentes do acordo celebrado com a troika. Todavia, a legitimidade do Governo não foi, no caso, minimamente questionada por nenhuma força política, nem pelo presidente da República, o que, a meu ver, prova que o país não tinha mesmo outra alternativa nas circunstâncias criadas com a queda do Governo, na sequência da reprovação do PEC IV, concretizada na Assembleia da República, com os votos de toda a oposição parlamentar (PSD, CDS, BE e PCP), mas patrocinada e advogada publicamente por Cavaco.
Vistas as coisas sob este prisma, fica claro que, em última instância, a responsabilidade pela situação que se vive recai sobretudo sobre quem forçou a vinda da troika (presidente da República, PSD e CDS) mas também sobre quem contribuiu para a queda do Governo em cumplicidade com direita (PCP e BE).
Esta, sim, é uma responsabilidade que os portugueses podem escrutinar e esta é também a discussão que importa fazer.
A discussão deve pois centrar-se na acção dos órgãos de soberania portugueses, que a esses, sim, podem e devem os portugueses pedir contas. A começar pelos actuais governantes, entendido o termo de forma a abranger o presidente da República e a acabar nas forças políticas que forçaram ou foram cúmplices na vinda da troika que, é bom lembrar, não entrou Portugal adentro, por sua iniciativa.
Sabe-se que foi o Governo de José Sócrates quem assinou o memorando, depois de negociado com a participação do PSD e do CDS, mas também se sabe que, se alguém se opunha e opôs, enquanto pôde, à entrada dos representantes do FMI, UE e BCE, foi Sócrates, o qual acabou por subscrever o memorando apenas e só porque, com a subida dos juros da dívida pública desencadeada após a queda do Governo na sequência da reprovação do PEC IV, não havia outra alternativa e o Governo, ainda que em gestão, era formalmente o único órgão de soberania com alguma (aparente) legitimidade para o fazer. Aparente, digo eu, porque duvido muito que a competência de um Governo de gestão pudesse (e possa) ir ao ponto de assumir os compromissos decorrentes do acordo celebrado com a troika. Todavia, a legitimidade do Governo não foi, no caso, minimamente questionada por nenhuma força política, nem pelo presidente da República, o que, a meu ver, prova que o país não tinha mesmo outra alternativa nas circunstâncias criadas com a queda do Governo, na sequência da reprovação do PEC IV, concretizada na Assembleia da República, com os votos de toda a oposição parlamentar (PSD, CDS, BE e PCP), mas patrocinada e advogada publicamente por Cavaco.
Vistas as coisas sob este prisma, fica claro que, em última instância, a responsabilidade pela situação que se vive recai sobretudo sobre quem forçou a vinda da troika (presidente da República, PSD e CDS) mas também sobre quem contribuiu para a queda do Governo em cumplicidade com direita (PCP e BE).
Esta, sim, é uma responsabilidade que os portugueses podem escrutinar e esta é também a discussão que importa fazer.
1 comentário:
Tem toda a razão na análise que faz e nas ilações que aponta. É uma boa peça sobre a situação política do momento.
Um abraço.
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