Se se atentar nas vezes que usa a palavra "patriotismo", Paulo Portas é, sem margem para dúvidas, um grande "patriota". Trata-se, no entanto dum "patriotismo" muito peculiar.
Tanto dá para provocar uma crise política cujas consequências estamos a sofrer e vamos continuar a suportar por largos anos, ao rejeitar o PEC IV, com a justificação de ser inaceitável pedir mais sacrifícios aos portugueses, como dá para, logo a seguir, integrar um governo que, contrariando todas as promessa eleitorais, outra coisa não tem feito senão aumentar impostos, para já não falar de roubos de subsídios e salários, com violação descarada da lei e da Constituição da República.
O "patriotismo" de Portas está mesmo a atingir o máximo do paroxismo: o homem, por "patriotismo", não só calou o que lhe vai na alma contra as últimas medidas de austeridade anunciadas por Coelho, seu parceiro de governo, para não prejudicar as negociações com a troika, como, para permanecer no governo, como acaba de anunciar, vai engolir a "revolta" contra as alterações na TSU que põem os trabalhadores a financiar os patrões.
O "patriotismo" de Portas até dá para, como ministro-dos-negócios-no-estrangeiro, continuar a passear de avião, em classe executiva, por esse mundo fora, o que lhe desagrada profundamente, como é sabido, suportando com estoicismo, por "patriotismo", imensos incómodos.
O "patriotismo" de Portas, dá, pois, para tudo e ainda mais alguma coisa. Só não dá para crer.
No entanto, se trocarmos "patriotismo" por "oportunismo", tudo passa a fazer sentido.
(Ilustração daqui)
1 comentário:
De patriotas como o Portas está o país cheio...
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