As manifestações do passado dia 15, embora convocadas sob o lema "Que se lixe a troika - Queremos as nossas vidas", não me parece que tenham decorrido sob esse lema. Isto digo eu que participei numa delas - a de Lisboa - e não me pareceu que as palavras de ordem mais pronunciadas fossem as decorrentes dessa consigna. As manifestações, se me é permitida a ilação a partir da simples participação numa delas, foram, antes de tudo, uma manifestação contra o actual governo e a sua política de ataque aos trabalhadores, reformados e pensionistas e, em geral, contra a classe média que por ele tem sido espoliada de todas as formas e feitios.
Compreende-se, aliás, que assim tenha sido, porque as pessoas têm a noção de que, neste momento, o país não tem condições para simplesmente mandar a troika de volta, pois Portugal continua a correr o risco de não encontrar credores para se financiar.
Quem, na defesa do interesse do país, for além da exigência de renegociação das taxas de juro e dos prazos dos financiamentos e das condições e medidas mais gravosas propostas ou aceites por este malfadado governo e propuser muito simplesmente que se rasgue o memorando e que se mande a troika à vida, está não menos simplesmente a tentar enrolar-nos num novo "conto do vigário".
Caídos uma vez na esparrela, será de esperar que tão cedo não caiamos noutra.
Os "contos do vigário", como se tem visto, saem-nos caros. Mesmo, muito caros.
Quem, na defesa do interesse do país, for além da exigência de renegociação das taxas de juro e dos prazos dos financiamentos e das condições e medidas mais gravosas propostas ou aceites por este malfadado governo e propuser muito simplesmente que se rasgue o memorando e que se mande a troika à vida, está não menos simplesmente a tentar enrolar-nos num novo "conto do vigário".
Caídos uma vez na esparrela, será de esperar que tão cedo não caiamos noutra.
Os "contos do vigário", como se tem visto, saem-nos caros. Mesmo, muito caros.
2 comentários:
Rasgar o memorando seria uma estupidez. Obrigar os agiotas a renegociar o acordo é, pelo contrário, um imperativo do governo. Seja ele qual for.
Abraço
Muito sensato e lúcido é este seu post, caro Francisco. Temos que ser realistas, e ter os pés assentes na terra.
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