Perante a situação dramática em que o país já vive; o desastre que o Orçamento do Estado para 2013 anuncia, confirmado por pareceres de todas as autoridades independentes com competência na matéria (Conselho Económico Social - CES - e Conselho das Finanças Públicas - CFP); a conduta errática do actual (des)governo; o vazio que mora em Belém; o nojo causado por "discursos" como o de Isabel Jonet; estou a ficar sem palavras.
Hoje, sobra-me uma: DESESPERANÇA.
2 comentários:
Vi e ouvi várias vezes a entrevista da Dra. Isabel Jonet e não consigo compreender os comentários que tem suscitado. Em nenhum momento faz qualquer elogio à pobreza ou ao empobrecimento. Em nenhum momento afirma ser negativo as pessoas quererem viver melhor do que vivem. O que é mau é utilizar o crédito (a que todos têm legalmente direito) para criar um estilo de vida que não é real porque não está de acordo com as reais possibilidades das pessoas. Se usarmos esse mesmo crédito para criar ou gerar riqueza estamos a entrar num círculo sustentável e gerador de progresso pessoal e familiar. Devemos criar condições para que todas as pessoas tenham acesso a uma melhoria de condições de vida.
Parece-me que quando a Dra. Isabel diz que vivemos muito acima das nossas possibilidades não está a dizer que é mau as pessoas terem acesso aos "bilhetes para o concerto" (usando o exemplo dado). O que é mau é colocar na minha lista de prioridades esses mesmos bilhetes quando o meu saldo mensal está negativo. Estas afirmações até podem causar "repugnância" ou "abjeção", mas, são verdadeiras. Atenção que quando a Dra. Isabel diz "vamos empobrecer" não está a desejar que os portugueses continuem a ficar mais pobres. Está a constatar uma situação óbvia de que não há dinheiro. Independentemente das causas que nos levaram a esta situação (e aqui muitos nomes haveria para apontar, incluindo talvez o meu), precisamos de nos organizar e reaprender a viver com o que temos. Mas, sempre procurando criar reais alternativas sustentáveis para melhorar o acesso a todos os bens a que como Homem tenho direito.
Não sei o que querem dizer quando se afirma "mentalidade caritativa", mas, os seus autores talvez desconheçam que a mesma pessoa que durante 20 anos procurou criar uma estrutura solidamente credível para atacar a fome de dezenas e dezenas de milhares de portugueses, também criou por exemplo um serviço educativo dentro da própria organização. O Banco Alimentar não trata apenas da fome. Procura educar na partilha e na solidariedade. Tem sido a génese da várias outras instituições que tentam reduzir a injustiça e cuidar da pessoa humana.
A situação está difícil para todos nós, mas, não podemos perder o património que ainda possuimos. Um imenso capital humano de tantas e tantas pessoas de todas as cores políticas e de todas as convicções religiosas ou sem religião. Por favor, não vamos atacar nem difamar este nosso património. Obrigado Dra. Isabel por tudo o que tem feito por este país!
Aqui fica o seu ponto de vista que, ao que parece, não coincide com a opinião da grande maioria dos que se têm pronunciado sobre as palavras de Isabel Jonet. Nem com a minha, como é óbvio. Noto, em particular, que o "discurso" de Isabel Jonet durante o Governo anterior não era o mesmo. Daí que muito boa gente, tenha entendido o actual como uma intervenção em defesa da política deste governo. A política que eu, à semelhança de muitos, também considero como a "política da caridadezinha".
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