sábado, 4 de outubro de 2008

"Pedintes" é que são ...

A "política" de atribuir casas pertencentes ao património municipal, aos "amigos", que a Câmara Municipal de Lisboa tem seguido ao longo dos anos e no maior sigilo, tem sido objecto de crítica (mais que justa) por parte da comunicação social, sendo certo que o assunto também não tem sido descurado pela "blogosfera". A este propósito, O Jumento e o Der Terrorist, blogues amigos (é assim que são considerados aqui no "Terra dos Espantos") têm-se referido à existência em Lisboa (se tem extensões noutros municípios, como é provável, mais tarde se verá) de uma nova nobreza (republicana, por certo) onde se incluem os beneficiários de favor das casas camarárias. Desta vez e por paradoxal que possa parecer (porque concordo as suas razões) vejo-me forçado a discordar de um e de outro no que respeita ao qualificativo "nobreza". Em boa verdade, o que essas pessoas são, é "pedintes". Podem andar engravatados ou de laço ao pescoço, mas nem por isso deixam de o ser, pois, como é evidente, não foi a Câmara quem andou a distribuir as casas, sponte sua, mas sim a pedido dos interessados. E (acrescente-se) o que é mais grave, é que alguns nem vergonha têm. Não incluo toda a gente porque ainda há quem a tenha, designadamente, os que já entregaram as chaves.
Ser pedinte, em caso de necessidade, não é vergonha nenhuma, embora essa situação seja socialmente pouco dignificante. Mas, tratando-se de "pedintes" que não vivem na miséria e se sujeitam a andar de mão estendida (e, pelo que se tem visto, há uma multidão de gente nessa situação) o caso muda de figura.
Como é bom de ver, só não vê quem não quer!
(Imagem daqui)
(Mensagem reeditada)

2 comentários:

Anónimo disse...

Penso que nem nobreza, nem pedintes. Hipócritas! Uma classe tão sui generis nos nossos dias. Desde os que promovem falsos acessos a casas camarárias, passando políticos que querem propostas formais aceites em congresso e terminando em ministros que dizem que a nossa economia é robusta...

Nobres? Pedintes? Hipócritas... e mesmo assim é sermos gentis na denominação...

Anónimo disse...

Brilhante, a perspectiva como pedintes. Pedintes sem estar na miséria, a pobreza de espírito no seu pior.
Pior ainda é que nem sequer têm (alguns) a humildade de reconhecer que erraram.
Por outro lado, é assim, neste tipo de obras de misericórdia que se esvaiem os dinheiros dos nossos impostos.