O governo de Passos/Coelho, os sectores que lhe são afectos, a direita em geral e a maioria, para não dizer a totalidade, da comunicação social não podem negar o falhanço da política governamental, traduzido no desemprego galopante, numa recessão da economia muito para além do previsto e até, imagine-se, no descontrolo das contas públicas (o nec plus ultra governamental), com a ultrapassagem da meta do défice acordada com a troika.
Não o podem negar, porque é inegável e evidente. Tentam, no entanto, branqueá-lo de todas as formas e feitios, havendo quem chegue ao ponto de considerar que "A troika, desta vez, terá de se avaliar a si própria" (Manuela Ferreira Leite, hoje, no "Expresso").
É evidente o despudor desta estratégia que passa por transformar o avaliador em avaliado e o governo culpado em vítima.
A estratégia, no entanto, não vai resultar, porque é impossível escamotear todas as consequências das medidas que este governo tomou, indo muito para "além da troika", medidas entre as quais se contam algumas das mais gravosas para os cidadãos, como a criação da sobretaxa sobre o 13º mês em 2011, o brutal aumento de impostos (do IVA, em particular) e o esbulho ilegal e inconstitucional dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos, pensionistas e trabalhadores de empresas públicas.
A nódoa da acção deste governo atingiu uma tal dimensão que para a branquear o despudor não basta. É preciso outro detergente. Creio, no entanto, que não há à venda.
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