quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Afinal, enganei-me !

Tinha por certo que Alberto João Jardim ocupava o primeiro lugar do pódio na especialidade da desconsideração pela opinião do Outro e que Pacheco Pereira ocupava idêntico lugar em matéria de facciosismo.
Lendo o artigo de opinião hoje publicado por Vasco Graça Moura, no Diário de Notícias, e acima "linkado", donde trancrevo a conclusão final, sou levado a reconhecer o meu erro. Cumpre-me, por isso apresentar, formalmente, as minhas desculpas a um e a outro. O título em ambas as especialidades, pertence, afinal, ao articulista Vasco Graça Moura. Será o mesmo Vasco Graça Moura que assina como poeta e tradutor de excelência?

Pacheco a presidente !

É verdade que o país vive horas tristes ao ser forçado a concluir que Cavaco Silva não é o Presidente de todos os portugueses, pois com a comunicação de ontem, revelou que não passa de um chefe de facção e, ainda por cima, inábil, como se pode concluir pela "estória da carochinha" que nos contou e em que ninguém acreditou. Faço-lhe ainda o favor de crer que nem ele.
Como tristezas não pagam dívidas e convém aliviar o ambiente, seja-me permitido deixar aqui uma sugestão: não será esta uma boa altura para colocar Pacheco Pereira na presidência ?
A ideia é, aparentemente, uma ideia peregrina, mas, a meu ver, não será tanto assim.
Explico-me:
Pacheco Pereira é, de longe, um contador de "estórias" muito superior a Cavaco Silva, pois não só é mais hábil em tecer urdiduras, como tem revelado uma imaginação verdadeiramente prodigiosa, sendo certo que, em matéria de facciosismo, não há em Portugal quem bata o "filósofo da Marmeleira".
Ora, estando nós, pelos vistos, condenados a manter em Belém um contador de "estórias" e chefe de facção, por que não escolher o melhor ?
E quem se atreve a afirmar que o melhor não é, de facto, Pacheco Pereira? Eu não.

Sócrates e o "caso das escutas"

Em todo o “caso das escutas” só se salva, a meu ver, o comportamento e a actuação de José Sócrates. Impecável, quer antes da comunicação de Cavaco Silva, quer posteriormente, pois recusou sempre "contribuir para uma polémica que desgasta e desprestigia as instituições”.
Com um presidente da República que acabou, com a sua declaração, por perder, de vez, a imagem de seriedade que laboriosamente havia construído é do interesse do país que ainda há um político digno de confiança. E há, graças a Zeus. Tem nome: José Sócrates.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Suicídio em directo

De tão surrealista, custa a crer que o autor da comunicação feita hoje ao país por Cavaco Silva, seja feita por alguém que ocupa o cargo de Presidente da República.
O resumo que dela faço:
- Cavaco Silva não tem quaisquer provas de a presidência estar a ser "vigiada" pelo Governo;
- Cavaco Silva não acha grave que um elemento da sua casa civil transmita a um jornal (o "Público") que a presidência tem suspeitas de estar a ser vigiada pelo Governo, que peça ao mesmo jornal que faça uma investigação e também não lhe faz qualquer confusão que o jornal, 17 meses depois, venha a dar publicidade a tais suspeitas;
- Cavaco Silva põe mesmo em dúvida que Fernando Lima tenha feito as confidências ao Luciano Alvarez que este relata no "e-mail" que veio posteriormente a ser publicado pelo Diário de Notícias. Luciano Alvarez, não se livra, pois, da suspeita de ser um "aldrabão";
- Cavaco Silva, pelos vistos, também acha normal não se ter pronunciado sobre o caso, quando as suas alegadas "suspeitas" vieram a lume, permitindo que a opinião pública fosse manipulada por alguém que que faz parte da sua casa civil;
Ao invés:
- Cavaco Silva entende que o facto de alguns deputados do PS terem afirmado que membros da sua casa civil colaboraram na elaboração do programa eleitoral do PSD (colaboração que está comprovada) foi um ultimado e uma manobra para o forçar a entrar na luta política e para simultaneamente “desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos”;
- Cavaco Silva censura e considera de extrema gravidade a publicação do "e-mail" de Luciano Alvarez, mas não a tramóia que nele se relata.

Em resposta à comunicação de Belém, a declaração do PS*, lida por Silva Pereira, limita-se a citar factos (que são conhecidos) que contradizem a leitura que Cavaco Silva faz de todo este "caso". Factos são factos e contra factos não há fantasias que lhe valham.

Definitivamente: a comunicação de Cavaco Silva mostra à evidência que a paranóia tomou conta do Palácio de Belém. O país não pode ter como presidente da República, alguém que, manifestamente, distorce a realidade. A bem da República, Cavaco Silva deve resignar. Não vejo que ele tenha outra saída depois do ataque por ele dirigido ao partido que acaba de sair vencedor das eleições legislativas, não tendo qualquer facto em que baseie as suas acusações.

(Pode ler aqui a declaração de Cavaco Silva e aqui um relato e outro aqui)
*Aqui pode ser vista uma leitura da declaração lida por Silva Pereira, leitura que, no mínimo, tenho de considerar curta, pois não refere os factos citados, nem o seu enquadramento e tal é necessário para compreender a posição do PS. Outra notícia e o vídeo com a declaração lida por Silva Pereira podem ser vistos aqui.
Adenda:
Cavaco Silva ainda precisa que alguém lhe aponte o caminho, ou achará que ainda tem condições para desempenhar o cargo?

Eleições autárquicas (Almada)

A agenda das iniciativas da campanha eleitoral desenvolvida pela candidatura do PS à Câmara de Almada, liderada por Paulo Pedroso, candidatura que apoio, pode ser seguida em www.almada2009.com.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Será desta ?

Será já amanhã que Cavaco Silva põe tudo em pratos limpos sobre o caso das "escutas"? Tenho as minhas dúvidas. Se fosse o caso, dada a sua gravidade, julgo que o procedimento aconselhável seria uma comunicação directa ao país. A menos que Cavaco Silva tenha entendido que o formato de conferência de imprensa era mais adequado ao esclarecimento do caso. Hipótese que não será de excluir. Veremos.

Trabalho de Hércules

Não podendo contar com a cooperação por parte do inquilino de Belém, como hoje é claro, e não dispondo, à partida, de uma maioria parlamentar, José Sócrates tem pela frente uma tarefa digna de Hércules. Todavia, a sua capacidade de resistência, a sua determinação e coragem (qualidades de que já deu abundantes provas) dão a esperança de que consiga levar a nau a bom porto. Ele é, de resto, no momento presente, a única alternativa possível para capitanear o barco. Haja, pois, fé !

"Magra vitória" ou "vitória de Pirro" ?



Acrescento:
A frustração do Bloco de Esquerda é evidente, pois os seus dirigentes, depois de terem manifestado, num primeiro momento e antes de terem sido conhecidos os resultados finais das eleições legislativas, a sua satisfação, parecem estar agora "desaparecidos em combate" ou a "lamber as feridas" de mais esta "vitória". "Desaparecidos" a tal ponto, que, segundo as notícias, nem sequer cumpriram a praxe democrática (seguida por todos os demais partidos) de felicitar o partido vencedor, facto que revela bem o espírito pouco democrático que anima o Bloco, conformado à imagem e semelhança do seu coordenador, Francisco Louçã que, uma vez mais, deu provas do seu radicalismo, agora melhor posto a nu, na sequência da campanha eleitoral.
A alternativa de estar a "lamber as feridas" também faz sentido, se considerarmos que a sua "vitória, se arrisca a transformar-se, de "magra", numa "vitória de Pirro". É uma hipótese que teremos que admitir como possível, pois o PS pode vir a ser forçado, pelas circunstâncias, a procurar um entendimento à direita com o CDS, seja para formalizar um simples acordo com incidência parlamentar, seja para formar um governo de coligação, já que, à esquerda, é, hoje, mais evidente do que ontem que qualquer compromisso é impossível face à irredutibilidade do Bloco. E, numa tal eventualidade, mais notada se tornará a irrelevância da "vitória" bloquista. Acho eu.

Desculpas de mau "pregador"



Desaparecida em combate a presidente do PSD, aqui fica o vice-presidente Aguiar Branco para simbolizar a derrota do PSD.
A escolha é, aliás, merecida e justificada, pois, se não estou em erro, foi ele um dos primeiros a falar da "asfixia democrática" durante o seu "sermão" na festa do Pontal, tema que retomou, por diversas vezes, ao longo da campanha, onde assumiu papel de destaque.
A explicação que apresenta para justificar a derrota inesperada, não destoa do nível com que decorreu a campanha eleitoral do partido e é evidente que se trata de uma desculpa de mau "pregador".
Ele, que já foi ministro da Justiça, talvez se pudesse ter lembrado de uma outra explicação traduzida no ditado popular "o crime não compensa".

domingo, 27 de setembro de 2009

Eleições Legislativas 2009 - As "vitórias" e o futuro

Registo:

Percentagem de votos:

PS: 36,6%;
PSD: 29,1%;
CDS/PP: 10,5%
BE: 9,9%;
CDU: 7,9%

Número de deputados na próxima legislatura (antes de apurados os votos pelos círculos da emigração):

PS: 96;
PSD: 78;
CDS/PP: 21;
BE: 16;
PCP: 15.

Comentário em 6 pontos:

1. Embora perdendo em percentagem de votos e no número deputados em relação à última legislatura, o PS venceu as eleições. Nem a maior crise económica mundial, nem a campanha de "casos", nem o encarniçamento à direita (PSD) e à esquerda (BE), nem o ataque das corporações (com os professores à cabeça e o contributo dos funcionários públicos e magistrados) foram suficientes para retirar ao PS a maioria. Conseguiram sim transformar a maioria absoluta em maioria relativa. O PS continua, pois, a ser o partido mais votado (mais 7,5% dos votos do que o segundo) e renovou, por isso, a sua legitimidade para formar governo (só - o mais provável - ou em coligação - pouco provável).

2. O PSD, não obstante as expectativas criadas com a sua vitória nas eleições europeias, não só não conseguiu capitalizar tais expectativas, vencendo as legislativas, como não viu confirmado o "empate técnico" que as sondagens lhe atribuíram durante longo tempo. A meu ver, para além do mérito da campanha do PS, o resultado fica a dever-se, sobretudo, à fraqueza da actual liderança e à estratégia errada seguida na campanha eleitoral, uma "campanha reles" como já a classifiquei anteriormente. O PSD, com o exemplo da campanha eleitoral para as anteriores eleições legislativas, já devia ter chegado à conclusão de que as campanhas negativas não são especialmente apreciadas pelo eleitorado. Mas os "filósofos" e "historiadores" de serviço, não aprendem, pelos vistos, com as lições da história. A "vitória" da "Verdade" (verdadinha) vai ter que esperar.

3. O CDS/PP foi indubitavelmente, por mérito próprio da sua campanha (bem mais moderada do que a do PSD - que se encarregou, sponte sua, da parte "suja" da campanha - e mais centrada nas suas propostas), um dos vencedores destas eleições e Paulo Portas, uma vez mais tem razões de queixa das sondagens, incluindo as sondagens à boca das urnas, que admitiam que, em número de deputados, ficaria atrás do BE, para, no final, se concluir que fica com mais 5 deputados do que este partido.

4. O BE não tem especiais razões para se congratular com estes resultados, face às suas expectativas. É verdade que contribuiu para retirar ao PS a maioria absoluta, mas a sua contribuição foi menor que a do CDS, por exemplo. Todavia, não conseguiu alcandorar-se à posição de terceira força política com representação parlamentar, (fica atrás do CDS - o que nunca lhes passou pela cabeça) nem conseguiu, como era seu claro objectivo, atingir uma votação com dois dígitos, em termos de percentagem. A agressividade do BE não compensou, a meu ver. Magra "vitória", para tanta ambição.

5. O PCP, através da votação averbada à CDU, viu-se remetido para a 5ª posição no hemiciclo de S. Bento, com 15 deputados, número que, neste momento, dou sob reserva, por ignorar se o PEV, integrante da coligação, conseguiu eleger algum dos seus candidatos. Teve a "vitória" que nunca, mas nunca, falha. No discurso do PCP.

6. E o futuro ? O futuro a Zeus pertence.
Em todo o caso, não é difícil antever que não será fácil ao PS formar um Governo de coligação, nem à esquerda, nem à direita.
À direita não é possível com o PSD, tendo em conta, em primeiro lugar, a animosidade entre as duas lideranças e, por outro, os tempos que vivemos não são fáceis para quem governa e, por isso, não me parece que o PSD, não liderando o Governo, queira sofrer o desgaste duma governação exigente. A coligação com o CDS/PP, embora, a meu ver, pudesse ser útil para este partido (que veria, nessa hipótese, a possibilidade de valorizar a sua posição de partido de Governo, diminuindo a importância do PSD) parece-me pouco provável, porque boa parte do eleitorado PS não a veria de bom grado, pese embora a moderação de que Paulo Portas tem dado sinais, nos últimos tempos.
À esquerda, o PS para formar Governo com apoio em maioria parlamentar, teria de contar com o acordo de dois partidos (BE e PCP), o que, não sendo impossível, não parece ser de fácil, nem de provável, concretização. A tal obstará, em primeiro lugar, a diferença radical existente entre o programa do PS e os programas dos dois outros partidos, diferença que não se vê como poderia ser ultrapassada, com cedências de parte a parte. A que acresce a circunstância de o BE, mais do que o PCP, ter elevado o PS à categoria de inimigo principal, o que, como é óbvio, não favorece o entendimento entre eles.
O PS, tudo o indica, ver-se-á, pois, forçado a formar um Governo minoritário que as oposições poderão derrubar se e quando assim o entenderem. No entanto, se tal Governo, embora sem cedências ao populismo, se mostrar capaz de levar a efeito uma política que os portugueses reconheçam como a mais adequada para ir resolvendo os problemas que o país enfrenta, quer os derivados da crise económica internacional, quer outros que já vêm de décadas anteriores (para não dizer de séculos), tenho por certo que os partidos que enveredarem por tal caminho, irão pagar por isso, pois que o que o país menos precisa, neste momento, é de instabilidade.
Estou a ser optimista em demasia: eu sei. Por isso, repito: o futuro a Zeus pertence.

Obervação dos dias (XVI) : Eleições legislativas 2009

Os foguetes são virtuais, mas a satisfação é real. Por aqui me fico. Agora não tenho tempo para mais.
(Clicando, amplia)

Observação dos dias (XXIV): Confiança (II)

[Gaivota-argêntea (Larus michahellis Naumann)
"Estou a vê-la, mas calma..." Fala a prudência.
(Clicando, amplia)

Observação dos dias (XXIV): Confiança (I)

[Chapim-azul (Cyanistes caeruleus L.)
"Vejam só, como eu sou bom !... Diz este exibicionista, cheio de confiança.

Observação dos dias (XXIII): Desconfiando...

[Alvéloa-cinzenta (Motacilla cinerea Tunstall)]
"Hum!.. É impressão minha, ou este plano é mesmo inclinado ? ..." Diz ela, dando, por fim, alguma prova de inteligência.
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Observação dos dias (XXII): Na expectativa

[ Estorninho-malhado (Sturnus vulgaris L.)]
Na expectativa: "não sou o único..."Acha ele.

sábado, 26 de setembro de 2009

Observação dos dias (XXI): Abstenção

[Borrelho-grande-de-coleira (Charadrius hiaticula L.)]
O gesto de virar costas não é muito elegante, nem bem visto socialmente. "Quero lá saber", diz este abstencionista.
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Observação dos dias (XX): Sem dúvidas

[Galinha-d'água (Gallinula chloropus L.) ]
Decidida e sem dúvidas: "Estou já a correr." Quiçá, a voar...
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Observação dos dias (XIX): Indecisão

[Perna-vermelha-comum (Tringa totanus L.)]
Ainda indeciso: "vou, não vou...", ou antes, "voo, não voo..."
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Observação dos dias (XVIII): Em reflexão profunda

[Corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo L.)]
Em reflexão profunda ...
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Observação dos dias (XVII): Em reflexão

[Garça-branca-pequena (Egretta garzetta L.) ]
Concentrada e em reflexão...
(Clicando na imagem, amplia)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mais um com falta de ar

Volto ao encerramento da campanha do PSD, porque, entretanto, surgiu mais esta notícia que nos dá conta que o dono da SIC, Pinto Balsemão, um dos intervenientes, retomou o discurso da "asfixia", discurso que, pelo nível demonstrado, não merece mais que um breve comentário.
Retirem a publicidade paga da RTP que o senhor recupera de imediato da falta de ar e até acredito que passará a usar a imaginação para criar bem melhores metáforas do que esta de comparar o "país apático, parado" aos “hamsters, aqueles ratinhos que estão fechados dentro da gaiola a correr no mesmo sítio e não conseguem sair”.
Brilhante, convenhamos: tal líder, tal militante número 1. Muito estimulante este partido!

Por favor, feche a "loja"!

Se um jornal, ultimamente conotado politicamente com o PSD, não encontra no discurso de encerramento da campanha eleitoral, proferido pela líder, Manuela Ferreira Leite, nada mais relevante, para titular a notícia relativa a tal evento, do que a referência ao aviso (com ligeiro sabor a ameaça) de que quem não votar PSD "vai arrepender-se", é a última prova (entre tantíssimas outras) de que Manuela Ferreira Leite não tem condições, nem o mínimo de qualidades exigíveis a quem se propunha chefiar o Governo de Portugal.
O melhor mesmo, é, pois, Drª Leite, fechar a "loja" e entregar a chave ao/à senhor(a) que se segue.
Assim desejo e espero até para bem do PSD, partido em que, todavia, não irei votar. (O esclarecimento era dispensável para quem segue este blogue, mas, em todo o caso, aqui fica, para evitar qualquer mal-entendido).

Antes esquerda "caviar"?

Louçã não gosta, pelos vistos, que associem o Bloco de Esquerda, de que ele é o único dirigente visível, com a extrema esquerda, o que de facto não deixa de ser surpreendente, vindo de quem dirige um partido que ocupa, sem mostrar qualquer desconforto, antes com agrado, o lugar mais à esquerda do hemiciclo de S. Bento e que, ainda há dias, afirmou que ele (Louçã) é hoje o que sempre foi, um trotskista, por definição, um revolucionário radical.
Ao que parece, prefere, para encobrir o seu radicalismo, situar o Bloco na chamada "esquerda socialista". Só que esta "marca" já tem dono e o lugar da "esquerda socialista" já pertence por direito próprio e histórico ao Partido Socialista que dela se reclama, há muito, mesmo antes do Bloco nascer, partido que ele (Louçã) e o Bloco elegeram como inimigo principal, como se viu durante toda a legislatura, com ataques violentos que chegaram ao ponto de tentar dividir o PS, com o aliciamento de Manuel Alegre (tentativa que, felizmente para o país, saiu frustrada) ataques que se tornaram ainda mais virulentos durante a actual campanha eleitoral, ao ponto de Louçã definir como objecto principal do Bloco, não a derrota da direita (e que direita!) mas sim impedir que o país possa dispor de um governo de maioria liderado pelo PS*. Para Louçã e o Bloco, a vitória consistirá em impedir um Governo PS apoiado numa maioria parlamentar, pretendendo, no fundo, que das eleições resulte não a governabilidade e a estabilidade do país, mas antes o seu contrário, já que não admite qualquer solução de compromisso para assegurar uma e outra.
Louçã pode não gostar do enquadramento político que lhe atribuem, mas terá de se conformar com ele, pois esse enquadramento (extrema esquerda) é o que a história reservou e reserva aos partidos políticos que lhe deram origem. Assumi-lo até lhe ficaria bem. Negá-lo, pode ser politicamente conveniente, mas não é sério, o que é falta grave para quem, a toda a hora, se enfeita com os atributos da seriedade e da transparência.
Não tendo o direito de se situar na "esquerda socialista" e não gostando da colagem à "extrema esquerda", será que Louçã e o Bloco preferem a designação de "esquerda caviar", designação que, já por mais de uma vez, lhe vi atribuir ?
Esta "marca" está livre.
* (Até já sabem que o Bloco cumpriu o objectivo e que agora nada será como dantes. Bruxos ?)

Alerta Laranja (último)...

Por João Coisas
(As imagens criadas pelo autor apenas poderão ser utilizadas em blogues sem objectivo comercial, e desde que citada a respectiva origem.)

Ainda a tempo: O despacho da "mordaça"


(Clicando, amplia)
Da "mordaça" ou da "asfixia", tanto faz. O autor do despacho é Couto dos Santos, ex-ministro da Educação de um Governo PSD, agora "ressuscitado", por Manuela Ferreira Leite, como cabeça de lista dos candidatos, por Aveiro, às eleições legislativas do próximo dia 27. Ela que tanto fala em "asfixia democrática" lá sabe porquê.
(Imagem recolhida aqui)

O Conselho da Europa também entra na campanha

O Conselho da Europa atribuiu o "Prémio da Igualdade entre Mulheres e Homens" ao Partido Socialista português.
Como Sócrates sublinhou “Não é todos os dias que se recebe um prémio do Conselho da Europa”. E, obviamente, também nem todos os partidos o merecem. Digo eu.

Eu "pecador" me confesso


Ainda ontem, João Cardoso Rosas, em artigo de opinião publicado no i, salientava que "Os políticos da direita gostam de vincar a sua superioridade moral: a direita é o campo da verdade, da honestidade e da seriedade" não se coibindo, no entanto, de promover autênticos "assassinatos de carácter" citando o articulista, para o efeito, exemplos passados nos Estados Unidos.

João Cardoso Rosas não precisava de ir tão longe, porque, entre nós, também temos variados casos de tentativas de "assassinato" político que toda agente conhece e, por isso, me dispenso de enunciar. Assim como temos, por parte da direita, e em particular, por parte do PSD, a reivindicação de um estatuto de superioridade moral, ao arvorar-se em detentor da "Verdade" na vã "tentativa de diminuir o carácter dos adversários de esquerda, considerando-os mentirosos, desonestos e pouco sérios", mesmo não tendo meios de o provar e sem ter qualquer pejo em recorrer às mais despudoradas mentiras, ou em fazer afirmações mais próprias de verdadeiros alucinados. (Quem tiver dúvidas veja, se estiver algures disponível, a prestação de Pacheco Pereira, ontem, na Quadratura do Círculo, prestação a que, enojado, assisti na SIC Notícias).

Pois bem,

não é só por isso,

(pois muitas outras razões tenho invocado, ao longo dos últimos tempos, aqui, no "Terra dos Espantos")

mas é também por isso,

que, não suportando tanta hipocrisia,

e embora "pecador" me confesse,

no domingo, irei votar PS.
(A imagem é daqui)

Ainda a tempo: As novidades de Louçã

À atenção dos Professores:
Cito:
"O BE defende uma avaliação de professores formulada por entidades externas, por institutos"

À atenção dos jovens:
Cito:
Bloco defende Serviço Militar Obrigatório

À atenção dos investigadores e cientistas:
Cito:
As Propostas do Bloco
...
«Assumir o controlo público da investigação científica e da tecnologia, dando prioridade às alternativas no campo das energias renováveis e da eficiência energética que permitam o uso democrático dos recursos»

À atenção dos Utentes do SNS:
Cito:
Oposição do BE ao cheque-dentista !?

Aos eleitores em geral:

Por minha conta, relembro que, segundo o seu programa eleitoral, o Bloco de Esquerda:

Propõe:

"A transformação do regime do IRS para um efectivo englobamento, com o essencial dos rendimentos a serem tratados da mesma forma, com a simplificação e redução do sistema de deduções e benefícios ao estritamente necessário nas despesas de saúde e educação e com maior progressividade fiscal (criação de um novo escalão de 45%)";

Defende que:
-"Devem ser eliminados integralmente todos os incentivos fiscais aos produtos privados de poupança para a reforma ou às despesas em educação ou de saúde, nas áreas em que haja oferta pública;"

-"A banca, os seguros e todo o sector financeiro (...) devem ser públicos ou estar sob o controlo de políticas públicas."

E "compromete-se
com uma política de nacionalização do sector da energia."

(Os sublinhados são meus)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Testes, a uma hora destas ?

Segundo o "Público" on line, a arruada do PSD na baixa do Porto, reuniu, hoje, centenas de pessoas e contou com tudo um pouco, desde um despique de gritaria entre apoiantes social-democratas e socialistas, a manifestações de fé militante (“A gente faz por acreditar. É como com Fátima”) até gritos de “Vitória, vitória”, por parte da JSD, enquanto uma assistente contrapunha “É vitória, é vitória, mas está de molho...”.

No final, o Dr. Rui Rio proclamou "que Ferreira Leite 'passou o teste' do Porto".

Uma afirmação destas carece de alguma explicação, pois não parece muito curial que a uma horas destas, a dois dias do termo da campanha eleitoral, o PSD ainda ande a fazer testes à sua liderança. No mínimo dos mínimos, os testes teriam de ser feitos antes de iniciar a viagem por essa estrada fora. Isto julgo eu, que, todavia, não estou inteiramente a par das últimas alterações ao Código. Reconheço a minha falha neste particular e por isso passo adiante.

Sucede, porém, que pouco depois, o mesmo jornal inseria uma outra notícia, onde, em título, se escreve: "Milhares de pessoas exultam com Sócrates no Porto " e no desenvolvimento da notícia, se afirma: "Da Praça da Batalha até ao Mercado do Bolhão, milhares de pessoas juntaram-se para tentar ver e tocar no líder do PS, 'esmagando' a memória deixada pouco antes pela arruada social-democrata."

A comparação feita pelo "Público" on line (jornal insuspeito, neste caso) entre as centenas que acompanharam Ferreira Leite e os milhares a exultar com Sócrates, força-me a retomar o comentário à afirmação acima citada do Dr. Rui Rio e a concluir que o PSD, em matéria de avaliações e testes, anda a ser muito pouco exigente.
Não se queixem, depois, dos resultados.
(Imagem daqui)

Legislativas - Últimas Sondagens (IV)


(Sondagem realizada pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias entre os dias 17 e 22 de Setembro de 2009)
(Clicando no quadro, amplia)

Legislativas - Últimas Sondagens (III)

(Última Sondagem CM/Aximage realizada por entrevista telefónica de 21 a 24 de Setembro de 2009)
PS: 38,8%;
PSD: 29,1%;
BE: 10%;
CDS-PP:8,6%;
CDU: 8,4%;
OBN: 5,1%
(Fontes: aqui e aqui)
Aqui fica mais um registo. A confirmar no dia 27.

Legislativas - últimas sondagens (II)


(Sondagem feita pela Intercampus para o PÚBLICO, a TVI e o Rádio Clube Português, entre os dias 21 e 23 de Setembro)

Como o quadro contém os dados da sondagem anterior da mesma empresa, está tudo dito. Cada um pode tirar as suas conclusões.

O Professor é que sabe

Regresso ao tema das declarações do Professor Marcelo (v. post anterior) porque esta notícia vem confirmar que o Professor tem "razão" quando diz que foi "o PS que alimentou a campanha de casos."
A notícia em causa já tem barbas e a acusação nunca foi provada, mas claro, alguém, em vésperas de eleições, tinha que a replantar. Com a intenção de atingir e prejudicar a campanha do PS, obviamente. Mas que interessa esse pormenor, se o Professor Marcelo é que "sabe"?
Muita pouca vergonha se passeia pelos palcos da política e da comunicação social, digo eu.

Andará bom da cabeça ?

Ora, nem mais. Foi mesmo o PS quem alimentou o "caso Freeport", o "caso Lopes da Mota", o "caso das alegadas escutas de Belém", o "caso Rui Teixeira" e sei lá que mais. Também é mais que evidente que foi a mão do PS que andou a manobrar no "Jornal da Sexta", no "Sol", no "Correio da Manha", no "Público" e "no diabo a sete".
Ninguém se apercebeu disso, porque toda a minha gente anda com as lentes ao contrário. Só o Professor Marcelo é que dispõe de lentes de tal forma excelentes que também só ele tem a capacidade de ver o que ninguém mais enxerga.
Só fiquei com algumas dúvidas quando me dei conta que o Professor Marcelo, na ocasião em que proferiu tão acertada afirmação, também se permitiu qualificar o "caso das alegadas escutas" como "uma tempestade num copo de água" e o afastamento de Fernando Lima, como um "retoque de pelouro".
Aqui chegado, face a tanto eufemismo, comecei a duvidar das certezas do Professor e, embora contrariado, vi-me forçado a interrogar: andará o Professor bom da cabeça ?
Ou será tão só a "partidarite" a mais a toldar-lhe o juízo?

Ai as décimas !

A última sondagem publicada, relativa às próximas legislativas, atribui ao PS 40% das intenções de voto e ao PSD 31,6%, cifrando-se a diferença em 8,4%.
Curiosamente, ou talvez não, aquela diferença, aparece transfigurada na notícia do "Público" em 8% e, em abono da verdade, para chegar a tal resultado, a jornalista, autora da notícia, nem teve necessidade de fazer uma ginástica por aí além. Com efeito, bastou-lhe afirmar que as intenções de voto no PSD ficavam pouco abaixo dos 32 por cento e o assunto ficou resolvido. Manobra habilidosa, sem dúvida, mas também muito imprudente, sobretudo, neste momento em que a isenção do jornal, sob a direcção de José Manuel Fernandes (agora transformado em contador de anedotas) foi posta em causa e é assunto em cima da mesa.
Como diz o Provedor do Leitor, a isenção e a imparcialidade do jornal prova-se com actos e não com proclamações. Esta notícia, ao riscar quatro décimas de diferença, (ou 24.000 votos num universo de 6.000.000 de eleitores) não beneficia muito a imagem do "Público". Diria mesmo que antes pelo contrário.

Antecipando mais uma sondagem

Antecipando os resultados a divulgar hoje às 20 horas, no Jornal Nacional da TVI, o director-geral da Intercampus, António Salvador, afirmou que «desta vez não haverá empate técnico" e explicou que «Nesta última sondagem, houve três grandes preocupações: conseguir uma boa amostra, representativa da população; minimizar os riscos das declarações, com simulação de voto em urna; e timing certo, fazendo o mais próximo possível do acto eleitoral, de 21 a 23, pelo que terminámos ontem à noite».
Aguardemos.

O Papa também entra na campanha ?

A notícia, surgida em vésperas de eleições, de que o Papa visita Portugal em Maio, tem muito que se lhe diga. Olá, sem tem. Não se tratará de mais uma manobra da campanha eleitoral do PS, depois daquela outra da OCDE ?
Só não o afirmo peremptoriamente, porque segundo a notícia, o convite partiu de Cavaco Silva. E, mesmo assim, mantenho as minhas "dúvidas", pois não é verdade que o "filósofo da Marmeleira" anda a afirmar que o silêncio de Cavaco, depois da demissão de Fernando Lima, prejudica o PSD. É verdade que "o da Marmeleira" não é muito de fiar, pois o silêncio do inquilino de Belém, antes do afastamento de Lima, nunca o incomodou. O que, em boa verdade, até se compreende, visto que tal silêncio serviu para alimentar a conspiração contra o PS, urdida por Belém, "Público" (et al. ?) e, como se sabe, a honestidade intelectual de Pacheco Pereira é à prova de bala de algodão.
Estou a fantasiar, claro está, e deveria tê-lo admitido logo à partida, pois o Governo do PS tomou, durante a actual legislatura, diversas medidas que este Papa, manifestamente, não poderia convalidar.
Afastada a fantasia, resta-me outra explicação e esta, afinal, bem mais simples: partindo o convite de Cavaco Silva, o mais provável é que este ainda esteja à espera de um milagre de Fátima. Não será?

Legislativas - últimas sondagens (I)

Última sondagem "Diário Económico/TSF/Marktest" antes das legislativas:
"O PS de José Sócrates dispara para os 40% na última sondagem Diário Económico/TSF/Marktest antes das legislativas, ganhando votos (4,7 pontos) sobretudo ao Bloco de Esquerda. O partido de Francisco Louçã mantém-se como terceira força política, mas muito longe dos 16,2% que apontava a última sondagem. Hoje, fica-se pelos 9%." "O partido de Manuela Ferreira Leite está, a três dias dos votos, com 31,6% das intenções de voto, menos o,8 pontos face ao registado há quinze dias."
Percentagens:
PS: 40%;
PSD: 31,6%;
BE: 9,2%;
CDS-PP: 8,2%;
CDU: 7,2%;
OBN: 3,8%
Ver mais nas fontes: aqui e também aqui e aqui.
Por ora, fique o registo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Disse "Magalhães ?

O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e membro da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência Pedro Duarte acusou hoje o Governo de recorrer a “desculpa de mau pagador” ao justificar o adiamento da decisão sobre os computadores Magalhães com o período eleitoral.
A ministra da Educação já veio dizer que não há quaisquer suspensões ou atrasos do programa de distribuição dos portáteis Magalhães, garantindo que há condições para o prosseguir, independentemente do resultado das eleições e esclarecendo que “o que se passa é em relação às crianças que entraram este ano na escola e ainda não puderam beneficiar do programa, acrescentando ter esperança que (com o novo Governo) "possam vir a beneficiar”.
E eu pergunto: não foi o PSD, um dos partidos que, fazendo coro com os "senhores professores", andou todo o ano a "gozar" com o "Magalhães", não obstante tal iniciativa ter merecido rasgados elogios por parte de especialistas estrangeiros, como Steve Jobs, e nacionais , como Paulo Querido?
Insuspeitos méritos tem afinal o "Magalhães"!
Além do mais (que é muitíssimo em termos de renovação de métodos educativos) também serve para desmascarar os paladinos da "Verdade", provando uma vez mais, embora desnecessariamente, que a "Verdade" proclamada rima com "hipocrisia" disfarçada.
Rima pobre, dirão. Eu assumo e até forneço a explicação: no meu tempo de escola não havia "Magalhães". O intrumento que se usava para escrever e fazer contas era uma pedra, a ardósia. Não sei se, usando tão primitivos meios, ainda consigo fazer com que me compreendam. Oxalá !
(Imagem daqui)

AVANÇAR PORTUGAL !

Hoje, com um PR, descredibilizado e fragilizado, (com o caso das "escutas"), com uma oposição, ou completamente desnorteada (Manuela Ferreira Leite) ou ultrapassada pela história (Jerónimo de Sousa e Louçã, com as sua propostas de nacionalizações) ou entretida em disparar contra o Rendimento Social de Inserção e com a "sua" "lavoira" (Paulo Portas), o PS, liderado por José Sócrates (com a sua coragem e determinação) coadjuvado por ministros como Teixeira dos Santos (com o seu rigor e saber) surge como a única força política capaz de fazer "AVANÇAR PORTUGAL".
Junto-me à campanha em que estamos a assistir a um crescendo.
Juntos vamos conseguir.

Nem com uma flor !

“Advoguei sempre a politica do simples bom senso contra a dos grandiosos planos, tão grandiosos e tão vastos que toda a energia se gastava em admirá-los, faltando-lhes a força para a sua execução”, lia Junqueiro. “Eu sei o que é que vocês estão a pensar que este é um discurso de Manuela Ferreira Leite, mas não é, este é um discurso feito em 9 de Junho de 1928 e já nem me lembro quem era o primeiro-ministro dessa altura” (extracto do discurso proferido por José Junqueiro ontem, em Viseu, no âmbito da campanha eleitoral).
A Drª Leite sentiu-se ofendida com a comparação e hoje reagiu exigindo um pedido de desculpas, acrescentando que “É preciso estar verdadeiramente desesperado para entrar em argumentos dessa natureza”.
É verdade, digo eu, que a Drª Leite tem feito toda uma campanha pela negativa. Começou, como se sabe, com o "pára tudo" e o "rasga tudo"; enveredou, de seguida, pelo tema da "asfixia democrática" (ela e os seus "filósofos" lá sabem o que lhes passa pela cabeça); acusou o Governo e o primeiro-ministro e secretário-geral do PS de todos os males da pátria, negando a evidência da maior crise económica mundial (o "abalozito de terra", na "Verdade" dela) e, last but non least, aproveitou todos os casos que foram surgindo, verdadeiros ou fabricados ("escutas" de Belém; suspensão da classificação do juiz Rui Teixeira, por iniciativa do CSM, and so on) para desferir ataques a torto e a direito contra o PS e José Sócrates.
Convenhamos que foi mais a torto que a direito, porque, por azar dos Távoras, os tiros acabaram por se virar contra ela e o seu partido:
Sobre a "estória" das "suspeitas" já são conhecidos os resultados e a comunicação social já deu conta, em vários tons, que o PSD ficou "embatucado" com o desenvolvimento do caso e até o filósofo da Marmeleira já se sentiu traído pelo mentor do PSD, o inquilino de Belém;
O caso da suspensão da classificação do juiz Rui Teixeira, agitado pelo vice-presidente do PSD, Mota Pinto, como mais uma prova de manipulação pelos socialistas, revelou-se mais um "flop", pois está hoje provado que, ao contrário do que foi propalado, não houve "partidarização nenhuma” (di-lo o CSM que lembra também que o congelamento da nota resultou do facto de “ter sido proferida sentença judicial, que em primeira instância condenou o Estado ao pagamento de uma elevada indemnização na sequência de ‘erro grosseiro’ atribuído àquele magistrado, no exercício das suas funções”). E, finalmente, o extracto da acta contendo a deliberação tomada a 14 de Julho (e só agora aproveitada por Mota Pinto, suponho que também em desespero de causa) prova que a mesma foi tomada na sequência de “uma proposta apresentada pelo vogal Laborinho Lúcio" (ex-ministro de Governos do PSD). Sabido tudo isto, é caso para perguntar: onde é que o ex-conselheiro do Tribunal Constitucional, Mota Pinto, tinha a cabeça, quando se lembrou de lançar mais esta atoarda?
É verdade ainda, insisto eu, que a obsessão pelo endividamento que persegue a Drª Leite também era perfilhada pelo antigo presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar.
Não obstante todas estas verdades (ou só por mim tidas como tal), a Drª Leite tem razão para se sentir ofendida e exigir reparação. E, por duas razões: à uma, porque, como é sabido, numa senhora não se toca nem como uma flor. E, em segundo lugar, a comparação não tem razão de ser: afinal, ela só se pronunciou pela suspensão da democracia por seis meses e não por quatro décadas e isso faz toda a diferença. É óbvio!
De resto, acrescento, a comparação feita por José Junqueiro, além de ofensiva para a Drª Leite, revela-se um acto perfeitamente inútil, pois não são precisas comparações para se saber o que ela vale. Basta ouvir o que ela diz e faz. Eu, limitando-me a seguir este método, não tenho dúvidas sobre o seu valor, como pessoa (e aqui remeto o leitor para o "post" "Mísera e mesquinha") e como política (os "post" sobre o assunto são tantos que não maço o leitor com a sua indicação e nem me atrevo a sugerir a sua leitura).
E, por isso, insisto: Nem com uma flor !

Post scriptum: Sendo certo que José Junqueiro nem chega a citar o ex-presidente do Conselho de ministros, tanta susceptibilidade da drª Leite, que já foi bem mais longe, em matéria de suspeitas, insinuações e acusações (a "asfixia democrática" de que ela fala a toda a hora e sobre a qual vai continuar a falar, "até à exaustão", é só, a meu ver, a mais grave) leva-me a crer que o desespero de que fala não é o dele (PS) mas o dela. E compreende-se. Levando, por uma vez, as suas palavras a sério, a senhora está mesmo "exausta". Ou antes, "acabada", para utilizar uma expressão, não dela, mas minha.

(Na imagem: inflorescência de Campsis radicans (L.) Seem. - Clicando na imagem, amplia)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Por onde anda o "acordo" ?

Que é feito do alegado "acordo secreto" entre Sócrates e Louçã ?
No "Público", as suspeitas ainda subsistem, ou já foram à vida ?

O "papão"

À campanha reles do PSD só faltava mesmo invocar o "papão" da existência de um "acordo secreto" entre o PS e o líder do BE. Apesar de desmentido pelas supostas partes envolvidas (Sócrates recordou ter sido ele a “denunciar o radicalismo do programa do BE” e Louçã repetiu o que tem afirmado “desde o primeiro dia da campanha”, rejeitando a hipótese de qualquer coligação ) o PSD persiste na sua campanha negativa, o que se compreende, pois, pelos vistos, são incapazes de fazer melhor.
Agora que ainda haja gente, supostamente crescidinha, a opinar que as dúvidas subsistem, dando ouvidos a tal disparate, é que é causa de admiração.
Meus senhores, "mudem de rumo, mudem de rumo", como diz a canção. Ainda têm uns dias para fazer campanha séria e evitar o naufrágio.

OCDE entra na campanha ...

"Economia
OCDE recomenda investimentos nas novas tecnologias
A OCDE recomenda aos países europeus que apostem nos investimentos em infra-estruturas, designadamente, na banda larga e em tecnologias limpas. Assim, a OCDE prevê que seja mais fácil a saída da crise, com benefícios na oferta, por um lado, e como incentivo à actividade, no curto prazo. O s governos devem também manter, ou aumentar, os investimentos na educação e na formação para melhorar os recursos humanos. As recomendações são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico que, para travar o desemprego, sugere a redução das contribuições para a Segurança Social. Nicolau Santos, especialista da Antena 1 em assunto de economia e director adjunto do semanário Expresso, analisa estas recomendações."


O comentário de Nicolau Santos pode ser ouvido aqui, sítio donde também foi extraído o texto supra.

Da arte de bem tirar o cavalinho da chuva

"Uma vez que este editorial – sobre o afastamento de Fernando Lima da chefia do gabinete de assessoria para a comunicação social do Palácio de Belém – será lido com mil lupas e, se se mantiver o registo dos últimos dias, facilmente treslido, comecemos por relembrar os factos essenciais.
Primeiro facto: há 17 meses um editor do PÚBLICO enviou uma mensagem a um jornalista pedindo-lhe para apurar um conjunto de factos. Esse jornalista não apurou nenhum elemento que fosse susceptível de ser noticiado, e nada foi noticiado. Dados fornecidos por uma só fonte que se quer manter anónima não são notícia no PÚBLICO.
Segundo facto: a 18 de Agosto o PÚBLICO editou uma notícia, baseada numa fonte identificada como “membro da Casa Civil do Presidente da República” em que esta assumia que esta se interrogava: “Será que em Belém passámos à condição de vigiados?” Uma tal suspeição, assumida por uma fonte do Palácio de Belém, é notícia em qualquer parte do mundo. No dia seguinte essa notícia não só não foi desmentida, como foi confirmada por outros órgãos de informação. Escrevi então em editorial: “Se a Presidência da República quis que se soubesse das suas suspeitas sobre o não cumprimento das regras do jogo por alguns actores políticos é porque sente que pode ficar no olho da tempestade depois das eleições de 27 de Setembro”.
Terceiro facto: quase um mês depois desta notícia, parte do conteúdo de uma troca de mensagens entre a direcção editorial do PÚBLICO, um editor e um jornalista, trocadas exclusivamente no interior do jornal, é entregue a um jornalista da secção política do Expresso. Essa entrega, feita em papel, não foi realizada por ninguém do PÚBLICO, como já explicou o director daquele semanário. O mesmo material terá sido poucas horas depois encaminhado para o Diário de Notícias, uma vez que o Expresso informou a sua fonte que primeiro teria de investigar o significado dessas mensagens. Já o Diário de Notícias optou por revelar correspondência privada com o objectivo de expor a fonte da notícia de 18 de Agosto. Não se sabe como esse conjunto de mensagens saiu para fora do PÚBLICO nem o DN esclareceu como as recebeu.
Estes são os factos essenciais. Sobre o comportamento dos vários órgãos de informação envolvidos já muito foi escrito. É matéria de opinião que envolve directamente o PÚBLICO sobre a qual não nos pronunciaremos nem hoje, nem aqui. Relevante é analisar os factos políticos, não os factos mediáticos.
A primeira questão que se coloca é a de saber se o afastamento de Fernando Lima corresponde ao assumir pela Presidência da República de que as notícias sobre as suas suspeitas de estar a ser vigiada eram falsas ou, então, exageradas. As declarações feitas ainda em Agosto pelo Presidente, assim como o que disse na sexta-feira passada, já depois das notícias sobre Fernando Lima, não permitem concluir que essas suspeitas não existem. Mais: se o Presidente as quisesse por fim desmentir teria ontem podido fazê-lo ao afastar o seu assessor das suas anteriores responsabilidades. De novo isso não aconteceu. Só aconteceu o que não podia deixar de acontecer: Fernando Lima deixou de ter condições pessoais e políticas para falar aos jornalistas, logo foi afastado das relações com a comunicação social.
A segunda questão a discutir, e a mais importante, é o comportamento da Presidência da República. Na verdade, ao permitir que esta questão assumisse a dimensão que assumiu, Cavaco Silva, que já iria estar no olho da tempestade depois das eleições, colocou-se no olho de outra tempestade antes delas. Por isso, das duas, uma: ou a seguir a 27 de Setembro fundamenta as suas suspeitas, e age em conformidade, ou se se limitar a iniciativas pífias terá enfraquecido a sua autoridade como Chefe de Estado, porventura de forma irremediável. Sendo que este processo não se resolve com uma simples queixa à Procuradoria-Geral da República ou o rastreamento do Palácio de Belém para descobrir eventuais aparelhos de escuta. E ninguém perdoará se se perceber que as suspeitas ou não existiam, ou não tinham fundamento, ou eram simplesmente paranóicas.
Há porém uma terceira questão que não pode ser esquecida: a forma como este tema “rebentou” num jornal, isto é, as condições em que correspondência interna do PÚBLICO saiu deste jornal e quem a levou a um jornal que não quis fazer investigação própria, ao contrário do Expresso.
PS. Este jornal deve um esclarecimento de facto aos seus leitores: ao contrário do que afirmou o Provedor do Leitor, ninguém nesta empresa lhe “vasculhou” a correspondência electrónica. O PÚBLICO continua sim a ser o espaço de liberdade que lhe permitiu fazer as críticas que fez."

(Editorial de José Manuel Fernandes (JMF) hoje publicado na edição impressa do "Público" e também acessível on line).

***

JMF trata os leitores do "Público" como gente com memória curta, disposta a aceitar, à primeira, a sua versão (branqueada) de toda a "estória" sobre "o caso das escutas". E é rápido, pois com uma só penada ("Relevante é analisar os factos políticos, não os factos mediáticos") tenta "tirar o seu cavalinho da chuva". Pese embora a sua indesmentível habilidade e arte na matéria, a sua tentativa falha porque, antes da "estória", ele ainda podia enganar alguém. Hoje, depois de conhecida a tramóia, o seu "Omo" já não branqueia coisa nenhuma.
PS. O aldabrão não é ele, JMF. Mentiroso, na sua versão, é o Provedor do Leitor, pois ninguém dentro da empresa lhe "vasculhou"a correspondência electrónica. Estou plenamente convencido que JMF ainda vai ter que engolir mais esta acusação. O Provedor do Leitor já demonstrou que tem uma estatura moral que, de todo, lhe falta a ele. A ver vamos.

"Mísera e mesquinha" e politicamente "suicida"

Se Manuela Ferreira Leite, depois de desmascarada a sua teoria da "asfixia democrática", não larga o tema, é porque, além de "mísera e mesquinha", é politicamente "suicida". Ensimesmada, já nem dá ouvidos, pelos vistos, às angústias (embora tardias) do "filósofo da Marmeleira". Que siga, pois, o seu caminho, "até à exaustão". Por mim, ela pode "suicidar-se" como muito bem entenda.

"Mísera e mesquinha"

Transcrevo do "Expresso" on line :


"Quando Manuela Ferreira Leite chegou ao Pavilhão de Vila Real já Pedro Passos Coelho lá estava. O homem que a distrital queria ver encabeçar a lista de candidatos a deputados pelo distrito mas que Manuela dispensou foi aplaudido de pé. Quando a líder chegou o cumprimento entre os dois foi frio. E uma cadeira ficou a separá-los."

"A resposta de Manuela Ferreira Leite à presença do seu crítico interno foi gelada. Na sua intervenção aos presentes, a líder do PSD fez rasgados elogios a Nuno Morais Sarmento, também presente na iniciativa. Mas em relação a Pedro Passos Coelho não mencionou o seu nome directamente, limitando-se a, de forma institucional, agradecer a presença do presidente da Assembleia Municipal."


Manuela Ferreira Leite, como política, é, no meu fraco entender, uma perfeita desgraça, mas a forma como agora tratou um companheiro de partido que, apesar de ter sido por ela excluído das lista de candidatos às eleições legislativas do próximo dia 27, contra a vontade da sua Distrital que o queria como cabeça de lista, se apresentou para participar numa acção de campanha eleitoral, revela o que ela é também como pessoa: "mísera e mesquinha" que nem perante o gesto nobre de um adversário (mas companheiro leal) é capaz de ser "rainha". (Camões, desculpa lá, meter-te na embrulhada).

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Mudando de assunto: Avifauna portuguesa # 68 - Poupa (Upupa epops)

[ Poupa (Upupa epops L.)]
Mudo de assunto para desanuviar. E então é assim: nada preocupada com os problemas e os "dramas" da Pátria (ou será da Nação?) a Poupa prepara-se para deglutir o seu "mata-bicho".
(Local e data da obtenção da imagem: Parque da Paz - Almada; 20-09-2009)
(Clicando na imagem, amplia)

O ricochete (I)

A verdade, verdadinha é que Fernando Lima, agora demitido de assessor para a comunicação social não é a única vítima do caso das (alegadas) suspeitas de Belém sobre as (agora claramente fantasiosas) "escutas" por parte do Governo. Outras vai haver certamente, pois o caso não morreu, mas para já é seguro que, por ricochete, mas também por culpa própria, a Drª Manuela Ferreira Leite e a sua "Verdade" também saem chamuscadas desta história.
Não aproveitou ela as declarações do desacreditado José Manuel Fernandes, o ainda director do "PÚBLICO" [ao acusar os Serviços de Informações (SIS) de intrusão no sistema informático do jornal] para imputar ao Governo responsabilidades em tal fantasia, aproveitando para insistir na sua tese da "asfixia democrática", mesmo depois de aquele se ter retratado? E, não foi ela secundada pelo esganiçado Rangel, vindo expressamente de Estrasburgo (para fazer os "números" a que já nos habituou) e por outros dirigentes, como Mota Pinto ?
Chega a ser incompreensível que a actual liderança do PSD possa ser tão tola que não vê onde se mete ao enveredar pelo caminho das insinuações sem fundamento. Insinuações que não só se transformam em mentiras quando são desmascaradas, como foi agora o caso, como põem definitivamente em causa a seriedade política e a credibilidade de quem a elas recorre.
Incompreensível, digo eu, a menos que o desenvolvimento da história ainda nos venha a revelar outras surpresas. No meio deste caso tão "surrealista" já nada me admira.
Que Zeus lhes perdoe! Que eu, falando "Verdade", não posso e, falando verdade, não quero.

Estória do fogo e do "bombeiro" queimado

Os fogos, qualquer bombeiro experiente o sabe, só se conseguem apagar, se se actuar logo que são ateados. Se se deixam alastrar as labaredas, até o bombeiro se arrisca a sair queimado. No caso do fogo ateado pela notícia do PÚBLICO sobre o caso das alegadas escutas, o bombeiro permaneceu demasiado tempo no "Pulo do Lobo" e deixou, propositadamente, que o fogo se propagasse. A decisão, ora tomada pelo inquilino de Belém de afastar Fernando Lima do cargo de responsável pela assessoria para a Comunicação Social chega muito tarde. Não só não apaga o fogo, como é certo que o "bombeiro" se não está completamente queimado, está, pelo menos, bem chamuscado. E acabou, acho eu.

Adenda:

Reacções à notícia:

(Nem eu, que bem que agradecia que o inquilino de Belém renunciasse ao "arrendamento". Que mais não seja, por uma questão de decoro.)

(Pois é, Jerónimo de Sousa. E isso significa o quê ? Significa talvez que o PCP anda nas nuvens, pois, quando as notícias sobre o caso vieram a lume, em vez de tomar posição sobre o assunto e condenar os envolvidos na tramóia, entreteve-se a "disparar" sobre os Serviços de Informação baseado apenas nas declarações de um "jornalista", hoje completamente desacreditado.)

domingo, 20 de setembro de 2009

Vale a Pena Ficar de Olho Nesse Blogue!

É bom de ver, para quem passe por aqui, que a atribuição deste selo ao "Terra dos Espantos" pelo Carlos Santos, autor de O Valor das Ideias só se pode compreender tendo em conta a sua muita gentileza. Em todo o caso, porque muito respeito a sua opinião (por alguma razão O Valor das Ideias figura "Em Destaque" na coluna da direita) aceito o selo e agradeço penhorado.
Tarefa bem difícil para mim é dar seguimento à corrente e cumprir a tarefa de atribuir o selo com o significativo "Vale a Pena Ficar de Olho Nesse Blogue!" apenas a 10 blogues pois se é um facto que são muitos os blogues que frequento diariamente com prazer e proveito, também é verdade que não faço ideia dos que já receberam a "encomenda" e não aprecio particularmente as repetições.
Em todo caso, esperando que os que já receberam o selo não levem a mal uma nova designação, aqui vai a lista, por ordem alfabética, dos nomeados:

Uma campanha reles

Digo com franqueza que não me recordo de uma campanha eleitoral de tão baixo nível como a que tem sido levada a efeito pelo actual PSD liderado pela Drª Manuela Ferreira Leite. (Sublinho campanha eleitoral, porque de outras levadas a cabo noutras circunstâncias, não curo agora.)
Depois do "Pára tudo", do "Rasga tudo" e do " já não pára e não rasga nada", a Drª Leite entendeu por bem arremeter contra o TGV e, num esforço digno de melhor sorte, arvorou-se em defensora dos interesses nacionais, afirmando que a construção do TGV era apenas e só do interesse dos espanhóis, deixando subentendido que quem é favor da sua construção está ao serviço de Espanha. A investida acabou por se revelar um fracasso, pelo que, ferida no embate, a Drª Leite foi forçada a mudar de registo e passou a queixar-se pelo facto de o TGV não sair da campanha, como se não fora ela a responsável pela sua introdução.
Entretanto, na falta de propostas concretas para resolução dos problemas com que o país se vê confrontado, problemas que não são de agora, mas que mais se agravaram com crise económica mundial (o "abalozito", na versão ferreiraleitista) o PSD limita-se a pedir em vários tons que os portugueses lhe passem um cheque em branco. (A falta de propostas é bem denunciada pelo programa eleitoral "minimalista" que não me deixa em mentiras).
De permeio, à falta de melhor e a par com a insistência na questão do "endividamento do país" (verdadeira obsessão de Ferreira Leite, explicativa do "Pára tudo") o PSD retoma, a cada passo, os temas do "medo" e da "asfixia", que, de "Verdade" (termo que eu traduzo, em versão livre, para "Hipocrisia") pairam sobre a sociedade portuguesa.
Confesso que, confrontado com esta versão da "Verdade" que o PSD e a Drª Ferreira Leite têm andado a propor, ainda não compreendi como é que, com tanta falta de ar, conseguem gritar tão alto e obter tão grandes ecos em tudo quanto é comunicação social, sem qualquer limitação ou reparo por parte de qualquer autoridade governamental ou não. Ainda bem, digo eu, que, todavia, perante esta constatação, sou levado a concluir que não só não existe medo na sociedade portuguesa, nem "asfixia democrática" ou de qualquer outra espécie, mas que existe sim muita irresponsabilidade democrática por parte de quem invoca tais temas, sabendo, até por experiência própria, todos os dias comprovada, que vivemos num país livre.
No meio disto tudo, quem se sente enojado com esta campanha do PSD e "asfixiado" com o cheiro que dela emana, é o "Terra dos Espantos" que aguarda, com impaciência, pela chegada do dia 27 para acabar com o fedor.

A tramóia e um homem sem vergonha

“A questão principal"

" Na sequência da última crónica do provedor, instalou-se no PÚBLICO um clima de nervosismo. Na segunda-feira, o director, José Manuel Fernandes (J.M.F.), acusou o provedor de mentiroso e disse-lhe que não voltaria a responder a qualquer outra questão sua. No mesmo dia, J.M.F. admoestou por escrito o jornalista Tolentino de Nóbrega (T.N.), correspondente do PÚBLICO no Funchal, pela resposta escrita dada ao provedor sobre a matéria da crónica e considerou uma "anormalidade" ter falado com ele ao telefone. Na sexta-feira, o provedor tomou conhecimento de que a sua correspondência electrónica, assim como a de jornalistas deste diário, fora vasculhada sem aviso prévio pelos responsáveis do PÚBLICO (certamente com a ajuda de técnicos informáticos), tendo estes procedido à detecção de envios e reenvios de e-mails entre membros da equipa do jornal (e presume-se que também de e para o exterior). Num momento em que tanto se fala, justa ou injustamente, de asfixia democrática no país, conviria que essa asfixia não se traduzisse numa caça às bruxas no PÚBLICO, que sempre foi conhecido como um espaço de liberdade.
A onda de nervosismo, na verdade, acabou por extravasar para o próprio mundo político, depois de o Diário de Notícias ter publicado anteontem um e-mail de um jornalista do PÚBLICO para outro onde se revelava a identidade da presumível fonte de informação que teria dado origem às manchetes de 18 e 19 de Agosto, objecto de análise do provedor. A fuga de informação envolvia correspondência trocada entre membros da equipa do jornal a propósito da crónica do provedor. O provedor, porém, não denuncia fontes de informação confidenciais dos jornalistas - sendo, aliás, suposto ignorar quem elas são -, e acha muito estranho, inexplicável mesmo, que outros jornalistas o façam. Mas, como quem subscreve estas linhas não é provedor do DN, sim do PÚBLICO, nada mais se adianta aqui sobre a matéria, retomando-se a análise que ficou suspensa há oito dias.
Em causa estavam as notícias dando conta de que a Presidência da República (PR) estaria a ser alvo de vigilância e escutas por parte do Governo ou do PS. O único dado minimamente objectivo que a fonte de Belém, que transmitiu a informação ao PÚBLICO, adiantara para substanciar acusação tão grave no plano do funcionamento do nosso sistema democrático fora o comportamento "suspeito" de um adjunto do primeiro-ministro (PM) que fizera parte da comitiva oficial da visita de Cavaco Silva (C.S.) à Madeira, há ano e meio. As explicações eram grotescas - o adjunto sentara-se onde não devia e falara com jornalistas -, mas aceites como válidas pelos jornalistas do PÚBLICO, que não citavam qualquer fonte nessa passagem da notícia (embora tivessem usado o condicional).
A investigação do provedor iniciou-se na sequência de uma participação do próprio adjunto de José Sócrates, Rui Paulo Figueiredo (R.P.F.), queixando-se de não ter sido ouvido para a elaboração da notícia, apesar de T.N. ter recolhido cerca de seis meses antes a sua versão dos factos. O provedor apurou que na realidade T.N., por solicitação de um dos autores da notícia, o editor Luciano Alvarez (L.A.), já compulsara no Funchal, logo após a visita de C.S., e enviara para a redacção informações que se convergiriam com aquilo que R.P.F. lhe viria a afirmar um ano depois (e que o correspondente entendeu não ter necessidade de comunicar a Lisboa, convencido de que o assunto morrera). Esses dados, contudo, não haviam sido utilizados na notícia (foi por tê-lo dito na crónica que o provedor recebeu de J.M.F. o epíteto de mentiroso, não tendo recebido entretanto as explicações que logo lhe pediu). O provedor inquirira J.M.F e L.A. sobre as razões dessa omissão mas não obtivera resposta.
Quanto ao facto de não se ter contactado o visado para a produção da notícia, como preconiza o Livro de Estilo do PÚBLICO ("Qualquer informação desfavorável a uma pessoa ou entidade obriga a que se oiça sempre 'o outro lado' em pé de igualdade e com franqueza e lealdade"), respondeu L.A. ao provedor: "Ao fim do dia da elaboração da notícia, eu próprio liguei para Presidência do Conselho de Ministros [PCM], para tentar uma reacção de R.P.F., mas ninguém atendeu. Cometi um erro, pois deveria ter, de facto, ligado para São Bento, pois sabia bem que era aí que R.P.F. habitualmente trabalhava, já que uma vez lhe tinha telefonado para São Bento para elaboração de outra notícia".
Numa matéria desta consequência, em que se tornaria crucial ouvir o principal protagonista, o provedor regista a aparente escassa vontade de encontrar R.P.F., telefonando-se ao fim do dia (em que presumivelmente já não estaria a trabalhar) e para o local que o jornalista sabia ser errado. A atitude faz lembrar os métodos seguidos num antigo semanário dirigido por um dos actuais líderes políticos (que por ironia tinha por objectivo destruir politicamente C.S., então PM), mas não se coaduna com a seriedade e o rigor de que deve revestir-se uma boa investigação jornalística. Se o jornal já possuía a informação há ano e meio, porquê telefonar ao principal protagonista pouco antes do envio da edição para a tipografia? É um facto que R.P.F., segundo afirmou ao provedor, estava então de férias, mas isso não desculpa a insignificância do esforço feito para o localizar.
Também J.M.F. reconheceu ao provedor "o erro de tentar encontrar R.P.F. na PCM e não directamente na residência oficial do PM", acrescentando, porém: "Tudo o mais seguiu todas as regras, e só lamentamos que os recados deixados a R.P.F. não se tenham traduzido numa resposta aos nossos jornalistas, que teria sido noticiada de imediato, antes no envio de uma queixa ao provedor - a resposta não impediria que se queixasse na mesma, mas impediu-nos de noticiar a sua posição e de lhe fazer mais perguntas".
O provedor considera, porém, que nem "tudo o mais seguiu todas as regras". As notícias do PÚBLICO abalaram os meios políticos nacionais, e o próprio PM as comentou, considerando o seu conteúdo "disparates de Verão". O assunto era, pois, suficientemente grave para o PÚBLICO, como o jornal que lançou a história, confrontar a sua fonte em Belém com uma alternativa: ou produzia meios de prova mais concretos acerca da suposta vigilância de que a PR era vítima (que nunca surgiram) ou teria de se concluir que tudo não passava de um golpe de baixa política destinado a pôr São Bento em xeque. Não tendo havido qualquer remodelação entre os assessores do Presidente da República (PR) nem um desmentido de Belém, era, aliás, legítimo deduzir que o próprio C.S. dava cobertura ao que um dos seus colaboradores dissera ao PÚBLICO. Mais significativo ainda, o PÚBLICO teria indícios de que essa fonte não actuava por iniciativa própria, mas sim a mando do próprio PR - e essa era uma hipótese que, pelo menos jornalisticamente, não poderia ser descartada.
Afinal de contas, o jornal até podia ter um Watergate debaixo do nariz, mas não no sentido que os seus responsáveis calculavam.
No prosseguimento da cobertura do caso, o passo seguinte do PÚBLICO deveria, logicamente, consistir em confrontar o próprio PR com as suas responsabilidades políticas na matéria. Tendo o provedor inquirido das razões dessa inacção, respondeu J.M.F.: "O PÚBLICO tratou de obter um comentário do próprio Presidente, mas isso só foi possível quando este, no dia 28 [de Agosto], compareceu num evento em Querença previamente agendado, ao qual enviámos o nosso correspondente no Algarve. Refira-se que, quando percebemos que não conseguiríamos falar directamente com o PR para a sua residência de férias, verificámos a sua agenda para perceber quando ia aparecer em público, tendo notado que a notícia saíra da Casa Civil exactamente antes de um período relativamente longo em que o Presidente não tinha agenda pública".
Em Querença, C.S. limitou-se, porém, a invocar "os problemas do país" e a apelar para "não tentarem desviar as atenções desses problemas", tendo faltado a pergunta essencial: como pode o PR fazer declarações altruístas sobre a situação nacional e ao mesmo tempo caucionar (se não mesmo instigar) ataques abaixo da cintura lançados de Belém sobre São Bento?
E, como qualquer jornalista político sabe, havia muitas maneiras de confrontar a PR com a questão e comunicar ao público a resposta (ou falta dela), não apenas andando atrás do inquilino de Belém.
Do comportamento do PÚBLICO, o provedor conclui que resultou uma atitude objectiva de protecção da PR, fonte das notícias, quanto aos efeitos políticos que as manchetes de 18 e 19 de Agosto acabaram por vir a ter. E isto, independentemente da acumulação de graves erros jornalísticos praticados em todo este processo (entre eles, além dos já antes referidos, permitir que o guião da investigação do PÚBLICO fosse ditado pela fonte da PR), leva à questão mais preocupante, que não pode deixar de se colocar:
haverá uma agenda política oculta na actuação deste jornal?
Noutras crónicas, o provedor suscitou já diversas observações sobre procedimentos de que resulta sempre o benefício de determinada área política em detrimento de outra - não importando quais são elas, pois o contrário seria igualmente preocupante. Julga o provedor que não é essa a matriz do PÚBLICO, não corresponde ao seu estatuto editorial e não faz parte do contrato existente com os leitores. É, pois, sobre isso que a direcção deveria dar sinais claros e inequívocos. Não por palavras (pois a coisa mais fácil é pronunciar eloquentes declarações de isenção), mas sim por actos.”
(Joaquim Vieira, Provedor do leitor - "PÚBLICO" - Domingo 20 Setembro 2009)
(Transcrição copiada daqui, com agradecimentos)
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Como o prometido é devido, Joaquim Vieira retomou, na edição do PÚBLICO de hoje, a análise do tratamento dado pelo jornal ao "caso das escutas de Belém" iniciada na edição do domingo anterior (v. aqui) e o seu texto é demolidor, quer para a pessoa do seu director, quer para a o actual inquilino de Belém.
Deixando de parte o "inquilino", pois, sobre ele, já disse o que tinha a dizer, centro-me na personagem José Manuel Fernandes, que, pelo que é descrito na coluna do Provedor, não passa de um homem sem vergonha, que não hesita em chamar mentiroso a quem o não o é, como é fácil perceber pelo desenvolvimento da peça, como vasculha ou manda vasculhar a correspondência electrónica do Provedor e a de outros jornalistas do PÚBLICO, sem aviso prévio, praticando assim actos de gravidade idêntica aos que ele, sem quaisquer provas e com a arrogância de quem se sente no direito de as dispensar, atribuira aos SIS, ao acusá-los, sem mais aquelas, da prática de actos de intrusão na correspondência electrónica do jornal, acusação que, mais tarde se viu forçado pelos factos, a retirar, mas que, entretanto, serviu de pretexto para a Drª Leite, com o seu conhecido amor pela "Verdade", retomar o tema da "asfixia", mesmo depois de feito o desmentido.
Para chegar a uma tal conclusão, nem é preciso grandes divagações. Basta vê-lo agora a passear-se pelos vários espaços televisivos postos à sua disposição a afirmar uma coisa e, a seguir, o seu contrário e sempre com a mesma cara.

À interrogação formulada pelo Provedor sobre se haverá uma agenda política oculta na actuação do jornal, parece-me difícil não responder afirmativamente. Só que a agenda não é oculta, pois está bem à vista que JMF, acolitado por Luciano Alvarez (e não só) e contando com o empenho militante de Pacheco Pereira, colunista do PÚBLICO e censor encartado, tem levado a cabo uma estratégia de transformar o "PÚBLICO" num órgão oficioso de Belém e num promotor de um partido (o PSD). Foram, no entanto, longe de mais e hoje a tramóia está à vista de toda a gente. Só não a vê quem teima em fechar os olhos.

Posto isto, parece-me importante e justo dizer que, como leitor habitual, não confundo o "PÚBLICO" com o seu director e seus comparsas, pois o jornal, não obstante os esforços daquele e destes, em sentido contrário, continua a ser um espaço onde é possível encontrar o confronto de opiniões e liberdade de expressão. A manutenção do actual Provedor do leitor (já, em tempos, louvado por estas bandas) é um bom sinal nesse sentido.

Assim seja.