Qualquer que seja a percentagem de adesão à greve geral (e aqui faço um parêntesis para deixar uma palavra de saudação à centrais sindicais que tiveram o bom senso de não avançar qualquer número, bom senso que de todo faltou do lado do governo que chegou a anunciar uma adesão na Administração Central de 3,6% para a corrigir mais tarde para 10,48%, número que, mesmo assim, não deixa de ser ridículo quando se afirma que no ministério da Educação - com centenas de escolas fechadas - apenas 1,55% dos trabalhadores fez greve) um facto parece incontestável: a greve geral teve maior expressão e impacto no sector público do que no sector privado.
A explicação está à vista: com o desemprego a galopar, a correlação de forças dentro das empresas é hoje claramente favorável ao patronato. Com a ameaça e a chantagem do desemprego, o patronato, com o apoio do governo passista, está em vias de transformar a relação laboral muita próxima da que é definida como trabalho escravo. Que outra coisa se pode, com efeito, chamar ao sistema que a dupla governo/patronato quer instaurar e que se traduz em trabalhar durante as horas e com o salário que o patronato muito bem entender?
É um facto que já estivemos mais longe de Portugal poder ser identificado como uma minúscula China do Ocidente, ou se preferirem, uma pequena Índia Ocidental. Em todo o caso é para lá que este governo nos quer encaminhar. E consegui-lo-à, a menos que os trabalhadores tomem consciência da situação e se unam em torno dos sindicatos e das suas centrais sindicais, para fazerem frente ao capital e a um governo que está claramente ao seu serviço. Com greve geral ou sem ela.
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