A cena é relatada pelo advogado Magalhães e Silva na sua crónica semanal no CM, nos seguintes termos: "Trata-se de intervenção do ministro da Economia, que estaria a submeter ao colectivo medidas de intervenção na economia. Terminada a exposição, o ministro Vítor Gaspar afirmou seca e cortantemente: "Não há dinheiro". Mas Santos Pereira insistiu; e então o ministro das Finanças retorquiu-lhe apenas: "Qual das três palavras é que não percebeu?".
E conclui Magalhães e Silva:
"É, efectivamente, um bom número, mas que revela três coisas inquietantes: a pesporrência de Vítor Gaspar, a falta de respeito dele para com o PM e a incapacidade deste para meter na ordem o seu ministro das Finanças."
Diria eu, com a devida vénia, que a cena talvez mereça outro tipo de considerações, a começar por esta: a atitude grosseira de Vítor Gaspar, nas barbas de Passos Coelho, sem que este tenha sequer franzido os olhos, mostra que Gaspar é quem manda. Mais uma razão, a acrescentar a esta, para que os mercados financeiros não tenham necessidade de se preocupar com Portugal, pois também têm, por cá, um tecnocrata dos seus a mandar. A esta luz, Passos Coelho não passa de um "homem-de-palha" que serve de cobertura a Gaspar, o que o não livra, no entanto, da acusação de sadismo que lhe imputo no "post" "linkado". Por alguma razão, vejo-a agora, Gaspar, precede na vice-presidência do Conselho de Ministros, o líder do CDS, parceiro da coligação que nos desgoverna. A esta luz, o lugar secundário ocupado por Paulo Portas faz também todo o sentido.
Uma segunda conclusão me parece evidente: o "Álvaro" pode comportar-se nas idas ao parlamento como um grizzly, mas, ao não reagir a uma tal desconsideração, em plena reunião do Conselho de Ministros, revela também que tem um estômago capaz de digerir pedras.
(Imagem daqui)
1 comentário:
A ser verdade, é assustador!
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