Quando numerosos e conceituados economistas nacionais e internacionais consideram que a ultrapassagem da crise das dívidas soberanas e a salvação do euro passa pela atribuição ao BCE de poderes para se assumir como credor de última instância, tese que até já é defendida por Cavaco Silva, o primeiro-ministro de Portugal (ou será da Alemanha?) entende, muito pelo contrário, que “se o BCE tivesse por função resolver o problema dos países indisciplinados, imprimindo mais euros, pura e simplesmente esse seria um péssimo sinal”.
Numa altura em que os mercados financeiros estão a forçar a substituição de governantes eleitos, por tecnocratas, como já aconteceu na Grécia com Papademos e está em vias de se verificar na Itália, com a demissão, hoje anunciada, de Berlusconi, temos de convir, perante as citadas declarações de Passos Coelho, que em Portugal os mercados financeiros não necessitam de se preocupar. É verdade que não têm à frente do governo português um tecnocrata, pois Passos Coelho nem isso é, mas não estão pior servidos. Pelo contrário: não dispõem dum tecnocrata, mas têm alguém capaz de desempenhar muito melhor o papel dos tecnocratas: um sádico que considera que, havendo países indisciplinados (e sê-lo-ão?), o único remédio é punir o povo, impondo-lhe sacrifícios usque ad absurdum. A senhora Merkel não diria melhor.
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1 comentário:
Perfeito, Francisco, perfeito...!
Um abraço.
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