António José Seguro é, quer se queira, quer não, uma inesgotável fonte de surpresas. Hoje saiu-se com esta: "A abstenção do PS vai ser violenta mas construtiva".
Não fora a adversativa, a estas horas ainda estaria a tremer perante a "violência" da abstenção anunciada por Seguro!
A afirmação é a tal ponto ridícula que é caso para que alguém o aconselhe a que se abstenha de fazer afirmações como esta, porque não vejo como é que, trilhando este caminho, pode o PS chegar a parte alguma.
Se, como Seguro diz (e é verdade) o Orçamento contém "medidas violentas e profundamente injustas" e se ele já decidiu que o PS se vai abster, obtenha ou não ganho de causa em relação às propostas que o PS vai apresentar, o melhor que tem a fazer é ficar calado, porque a retórica usada como justificação "Este não é o meu orçamento mas os interesses de Portugal estão primeiro" não só não tem ponta por onde se lhe pegue, como revela que Seguro está equivocado sobre os interesses do país.
É que não estando em causa a aprovação do Orçamento, porque o executivo dispõe duma maioria no Parlamento que lhe garante a aprovação, o interesse do país passa por ter uma oposição activa e não amorfa à moda de Seguro.
Uma abstenção condicionada à aceitação de algumas propostas que minorassem a injustiça deste orçamento, até poderia fazer algum sentido. Seguro, porém, é tão inábil que nem sequer soube aproveitar a inesperada ajuda de Cavaco que, por uma vez, ergueu a voz para chamar a atenção sobre a iniquidade deste orçamento.
Seguro é, seguramente, um caso perdido, o que, em boa verdade, não me preocupa. O que lamento sinceramente é que, com ele a liderar o PS, o país nem sequer dispõe duma oposição credível. Isto, na altura em que mais falta fazia.
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