Manchete do "Público" na sua edição de hoje: Crise na construção ameaça levar desemprego para os 20 por cento.
O tema, que é também abordado na edição on line, é mais amplamente desenvolvido nas páginas interiores (16 e 17) da edição impressa.
Parece evidente que, caso se confirme aquela previsão, estaremos perante uma verdadeira catástrofe social de consequências imprevisíveis.
Não pondo em dúvida que a situação dramática a que se chegou na área em questão tem a ver, antes de mais, com opções que vêm do anterior, imputáveis em primeira mão ao próprio sector, eventualmente pouco ponderadas, até porque imprevisíveis numa altura em que ninguém suspeitava da crise económica mundial, com origem nos Estados Unidos, nem da crise das dívidas soberanas, desencadeada a partir da dívida grega, não é menos verdade que ela resulta também em grande medida das opções do actual governo.
Ninguém discute, suponho, a necessidade de medidas de austeridade, mas é perfeitamente questionável a opção do governo em querer ser mais papista do que o Papa e em querer ir mais longe do que as exigências da troika.
O governo Passos, Gaspar, Portas & Cª, com o complexo do "bom aluno", indo além da "justa medida", arrisca-se a que o "doente" que não morreu da doença, venha, com o excesso de "remédios", a morrer da cura.
A confirmarem-se algumas previsões que apontam para uma queda do produto da ordem dos 5% já no próximo ano, consequência, em primeira linha, da austeridade excessiva imposta pelos fundamentalistas da direita no poder e que leva, por arrasto, à diminuição do investimento público, à quebra do consumo e do investimento privado, bem pode o governo começar a preparar-se para um funeral a curto prazo.
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