A captura de Radovan Karadzic pela Sérvia e a sua esperada entrega à jurisdição do Tribunal Penal Internacional representa uma mudança radical por parte da Sérvia no que respeita ao seu relacionamento com a comunidade internacional e, designadamente com a União Europeia, e demonstra existir por parte daquele país um sincero desejo de aproximação à União com vista à sua futura adesão. Trata-se, no entanto, de um processo com múltiplos escolhos a remover antes de poder ser concretizada. A prisão e posterior entrega da Karadzic não é mais que o primeiro passo duma série de exigências feitas pela União e que a Sérvia terá de cumprir se quiser ver realizada a sua intenção.Uma primeira exigência por parte dos dirigentes europeus tem a ver com a prisão do comandante militar dos sérvios bósnios, Ratko Mladic que se suspeita encontrar-se também refugiado na Sérvia. Um outro obstáculo, e de monta, é constituído pelas divergências existentes em relação ao Kosovo, cuja independência unilateral foi já reconhecida por diversos países da União Europeia, mas que não é aceite pela Sérvia. E, finalmente, a União terá ainda que resolver as suas próprias dificuldades institucionais, cuja solução se encontra dependente da ratificação do Tratado de Lisboa, agora dificultada pelo "não" irlandês, dificuldades que, enquanto não forem removidas, dificilmente permitirão qualquer alargamento, ao que tudo indica.
Assim sendo, e pese embora a vontade de cooperação ora manifestada pelas autoridades sérvias, tudo aponta para a inevitabilidade de a Sérvia ter de vir a percorrer ainda um longo caminho até à sua plena integração na União Europeia, sendo, porém, certo que a sua adesão contribuiria, sem dúvida, para uma maior estabilidade na Europa pelo que, também a esse título, seria bem-vinda.
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