A participação como observador na reunião da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa) por parte do Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema e a sua afirmação de que espera que a entrada definitiva do país como "membro de direito" na CPLP seja discutida hoje pelos Chefes de Estado e de Governo reunidos em Lisboa, tem suscitado comentários para todos os gostos, alguns até de muito mau gosto.
Que a Guiné Equatorial está no topo da lista dos países que mais violam os direitos humanos, que mais persegue os opositores, que mais censura os media, um dos mais fechados e isolados, que procura formas de quebrar o isolamento e a má reputação internacional, é, ao que se afirma, um facto que, naturalmente, tem que se lamentar e deplorar. Todavia, o facto de a Guiné Equatorial pretender aderir à CPLP, como "membro de direito" não lhe dá nenhuma caução, por parte dos actuais membros, para continuar a sua política de desrespeito dos direitos humanos. Tal só aconteceria se a sua admissão, como tal, viesse a ser reconhecida, antes de se verificar uma radical modificação na política do Estado candidato. Ora, não me parece que a pretensão do Presidente da Guiné Equatorial venha a ser acolhida nos tempos mais próximos e estou esperançado que tal não venha a ter lugar enquanto a mudança política se não verificar. Isto, naturalmente se a Guiné Equatorial não vier, entretanto, a desistir da sua pretensão, facto que também pode vir a acontecer, como é óbvio.
O facto de a Guiné Equatorial ser um país produtor de petróleo parece-me irrelevante para o caso, pois não é o facto de aquele país fazer, ou não fazer, parte da CPLP que terá qualquer influência na realização de negócios com petróleo ou com quaisquer outros produtos. Estávamos bem aviados se assim fosse, sabido que os países membros da CPLP não chegam à dezena.
Conviria, pois, evitar precipitações e sobretudo não convém misturar alhos com bugalhos.
(A imagem, onde figura o Presidente da Guiné Equatorial ao lado do Presidente do Brasil, Lula da Silva, foi tirada daqui)
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