terça-feira, 15 de julho de 2008

Não é tão cedo que saímos desta ...


Embora os números já fossem expectáveis, a verdade é que a previsão do Banco de Portugal de que o crescimento económico deste ano se vai ficar por 1,2 por cento, não pode ser considerada favorável e está longe das previsões iniciais, quer do Governo, quer do Banco de Portugal. Manifestamente, nem o Governo, nem o Banco de Portugal, tiveram em conta, nas anteriores previsões, os factores que vieram a influenciar decisivamente o comportamento da economia portuguesa : a crise financeira nos Estados Unidos, que veio a conhecer um alastramento a nível global, por razões já bem conhecidas e a alta do preço do petróleo e dos bens alimentares.

Diga-se, em abono da verdade, que tal imprevisão não foi exclusivo nem de um, nem de outro e pelo contrário, pode afirmar-se que tal foi uma atitude generalizada, a começar pelos partidos portugueses que, logo após o anúncio do Banco de Portugal, se apressaram a criticar o Governo, partidos que, no que respeita a soluções, "guardaram de Conrado o prudente silêncio".

Diga-se que eu até os compreendo, porque, nas actuais circunstâncias, não se vê qual seja a solução ou as soluções, pelo menos a breve trecho. É que as hipóteses que antevejo como possíveis (aposta nas energias renováveis, incluindo, porventura, o estudo da energia nuclear, como sugere Vítor Constâncio e o investimento na produção dos bens alimentares) não produzirão efeitos a curto prazo.
Quid inde ?
Correndo o risco da incompreensão, talvez não fosse má ideia assumirmos que a crise veio para ficar e que um pouco de realismo não fará mal a ninguém, sobretudo se tivermos em conta um outro elemento dado à estampa no Boletim Económico - Verão 2008, do Banco de Portugal, segundo o qual e " no que diz respeito às necessidades de financiamento da economia portuguesa, medidas pelo saldo conjunto das balanças corrente e de capital em percentagem do PIB, as actuais projecções contemplam um aumento para 10.6 por cento em 2008 e 11.1 por cento em 2009", em confronto "com 8.6 por cento do PIB em 2007". Ou seja, as perspectivas do endividamento externo vão no sentido do aumento, uma notícia, a meu ver, mais preocupante que a previsão do fraco crescimento económico.
(A imagem foi copiada aqui)

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