Devo dizer que aprecio a frontalidade do actual Bastonário da Ordem dos Advogados. Temo, no entanto, que a sua frontalidade se esteja a transformar em incontinência. Ao disparar em todas as direcções corre o risco de não acertar nos alvos. É o que já lhe sucedeu mais que uma vez e, a continuar, bem pode acontecer que o deixem de levar a sério.
As verdades são para dizer, mas de quando em vez, o Bastonário não faria mal que parasse para pensar, antes de falar. Afirmações como as que acabam de ser transcritas no Público. PT, da sua autoria, segundo as quais "morre-se de mais nas cadeias portuguesas”, devido "ao elevado número de suicídios nas prisões e à falta de cuidados de saúde adequados", só podem ser classificadas como ligeiras, pois tanto se pode dizer isso como afirmar o seu contrário. Qual o critério para se dizer que se morre demais ou de menos ? A afirmação pode fazer "manchetes" nos jornais, mas o seu valor como denúncia e como notícia é nulo, digo eu.
Adenda: Demais, morria-se na minha região, quando eu era criança, porque não havia nem médicos, nem enfermeiros. Julgo que, actualmente, nas cadeias não há falta, nem de assistência médica, nem de enfermagem. Deixemo-nos, pois, de folclore, se queremos que nos levem a sério.
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